Exportações dos Estados Unidos e setor de etanol americano em recuperação não estão conseguindo fazer a Bolsa de Chicago se recuperar.
A sexta-feira (17) chega ao final com os preços do milho registrando movimentações positivas e negativas no mercado físico brasileiro. Em levantamento realizado foram percebidas desvalorizações em Jataí/GO (1,25% e preço de R$ 39,50), Castro/PR (2,17% e preço de R$ 45,00), Campo Grande/MS e São Gabriel do Oeste/MS (2,63% e preço de R$ 37,00).
Já as valorizações apareceram nas praças de Pato Branco/PR (1,18% e preço de R$ 42,70), Ubiratã/PR e Marechal Cândido Rondon/PR (1,22% e preço de R$ 41,50), Eldorado/MS (1,28% e preço de R$ 39,50), Palma Sola/SC (2,27% e preço de R$ 45,00), Panambi/RS (2,37% e preço de R$ 44,04) e Não-Me-Toque/RS (2,38% e preço de R$ 43,00).
De acordo com o reporte diário da Radar Investimentos, o mercado físico do milho terminou esta semana com preços mais pressionados para baixo do que iniciou. “Isto porque a colheita avançou de maneira satisfatória em boa parte das regiões produtoras, o que pesou sobre as cotações”.
Os números divulgados nos últimos boletins dos órgãos estaduais apontam que o Mato Grosso já colheu 61,13% das lavouras, o Paraná 11% e o Mato Grosso do Sul 2,1%, conforme as publicações de Imea, Deral e Famasul, respectivamente.
Segundo o analista de grãos do Rabobank, Victor Ikeda, apesar de atrasada com relação ao ano passado, a colheita está em linha com a média dos últimos cinco anos e a pressão nos preços do milho deve começar a aparecer ao final do mês de agosto, quando os trabalhos já devem estar encerrados.
Os estoques apertados durante boa parte do primeiro semestre é o que ainda sustenta esses preços. O indicador ESALQ/BM&FBOVESPA fechou a última quarta-feira (15) em R$ 49,40 a saca e a indicação da B3 para o contrato setembro/20 aponta redução para algo entre R$ 46,80 e R$ 46,90.
O analista destaca que, mesmo com essa retração, os preços seguem em patamares próximos aos recordes nominais para o período e mantêm a rentabilidade ao produtor. Uma nova movimentação de alta deve surgir a partir de outubro com as exportações e a demanda interna ganhando força.
B3
Os preços futuros do milho subiram na Bolsa Brasileira (B3) neste último da semana. As principais cotações registravam movimentações positivas entre 0,20% e 2,00% por volta das 16h21 (horário de Brasília).
O vencimento julho/20 era cotado à R$ 47,84 com valorização de 2,00%, o novembro/20 valor de R$ 49,00 com elevação de 1,45%, o janeiro/21 era negociado por R$ 50,50 com alta de 1,00% e o março/21 tinha valor de R$ 50,70 com ganho de 0,20%.
Ikeda aponta ainda que, as oportunidades para travamento de vendas da próxima segunda safra em 2021 estão favoráveis com a sinalização de preços da saca ao redor de R$ 46,00. Seguindo este cenário, o Mato Grosso já negociou cerca de 40% da safra de milho do ano que vem de acordo com o Imea.
Por fim, olhando para a exportação, o Rabobank estima volume total de 33 milhões de toneladas após as 4 milhões registradas no primeiro semestre, com o câmbio deixando o cereal brasileiro bastante competitivo até mesmo com relação ao norte-americano.
O analista Paulo Molinari elenca os fatos do mercado do milho que merecem atenção. Confira:
Internacional
- Mercado externo com transição de julho relativamente tranquila, com as chuvas retornando em grande parte do Meio-Oeste dos Estados Unidos;
- Maior parte das estimativas privadas de produtividade surgirá em agosto. Algumas podem sugerir números até acima do previsto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para o milho;
- Exportações norte-americanas não avançam e preços não conseguem estabelecer uma curva de recuperação na Bolsa de Chicago;
- Compras da China na semana, em 1,7 milhão de toneladas, foram apenas pontuais e não se convertem em um quadro continuo, até em função dos seus estoques altos;
- Etanol em plena recuperação nos EUA também não consegue impor uma visão otimista pelo lado da demanda regional;
- Atenção ainda ao clima de agosto, na fase de enchimento de grãos;
- Muito calor em todo o Meio-Oeste para esta semana, com boas chuvas;
- Clima normal na Europa sem sintomas de problemas para a produção;
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Brasil
- Algumas colheitas são ainda lentas no Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraguai. Goiás avança e Mato Grosso indo para a fase final;
- Com isso, os contratos de entrega de segunda safra vão atrasando e cria-se um ambiente de preços firmes de curto prazo;
- Paralelamente, os embarques na exportação são bons mas não excepcionais;
- Os preços no porto em torno de R$ 50 vão sustentando o mercado interno em plena colheita;
- Quadro do milho é de boa safra, apesar dos problemas regionais em alguns estados, é suficiente para atender toda a demanda interna no segundo semestre;
- Espera-se este avanço de colheita regional em agosto e um certo equilíbrio melhor de preços.