O impacto da doença sobre os frigoríficos, que até então estava mais concentrado nos polos de criação de suínos e aves, já levou à interdição de uma unidade.
A disseminação do novo coronavírus começou a afetar regiões produtoras de carne bovina do país de forma mais relevante. O impacto da doença sobre os frigoríficos, que até então estava mais concentrado nos polos de criação de suínos e aves, já levou à interdição de uma unidade.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou ontem que a Justiça determinou a interdição do abatedouro de bovinos da JBS em São Miguel do Guaporé (RO) até que a empresa faça testes em todos os funcionários para a detecção da covid-19.
De acordo com o MPT, mais de 60% dos casos de coronavírus confirmados no município de Rondônia são de funcionários da JBS. Na última terça-feira, o boletim diário do governo estadual registrava 46 casos da doença em São Miguel do Guaporé. A população da cidade é de 23 mil, o que significa uma taxa de incidência de casos de 199,9 por 100 mil, em linha com a incidência registrada no Estado, de 196,5, e próxima do mesmo indicador em todo o país, que está em 186,2, de acordo
com o Ministério da Saúde.
Na decisão na qual determinou a interdição do frigorífico, o juiz Wadler Ferreira mencionou a doação de R$ 400 milhões que a JBS fará no Brasil para combater a doença. De acordo com o magistrado, o desembolso de R$ 300 mil para a realização de testes nos funcionários da unidade não causará “nenhum impacto financeiro, até porque este valor pode ser tirado justamente daquele que será doado”.
Procurada, a JBS não fez comentários específicos sobre a decisão judicial, mas reiterou as medidas que vem adotando para proteger funcionários desde o início da pandemia.
Entre as grandes indústrias de carne bovina do país, a JBS não é a única a registrar aumento de casos da covid-19. Em Araguaína, cidade de Tocantins que mais registra casos – quase 1,3 mil -, a Minerva realizou testes rápidos e detectou 55 casos suspeitos entre funcionários. Na planta, o grupo emprega 730 pessoas. Para evitar a disseminação do vírus, a companhia vem trabalhando em suas unidades com somente 70% de sua capacidade, em média.
A Marfrig, segunda maior indústria, também registra casos. No complexo de Várzea Grande (MT), na região de Cuiabá, a companhia tinha, até segunda-feira, 25 casos confirmados. A companhia emprega 3 mil funcionários na unidade. Na segundafeira, o MPT informou que conseguiu uma liminar obrigando a Marfrig a adotar medidas pra adequar as linhas de produção em todos os frigoríficos do grupo em
Mato Grosso.
“Em apenas dois dias, os casos quase dobraram, relevando um aumento em escalada geométrica dos casos de covid-19. Esses dados estão a indicar princípio de surto de covid na unidade”, informou o MPT, em nota. Até quarta-feira, Várzea Grande registrava 178 casos da doença, o que representa uma incidência de 62,42 por 100 mil, acima do índice de 46,7 em Mato Grosso.
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Procurada, a Marfrig informou que, com a confirmação dos casos em Várzea Grande, todos os procedimentos previstos em seu protocolo de contingência foram adotados, o que inclui a realização de inquérito epidemiológico e o afastamento, “de maneira preventiva”, de todos os funcionários que tiveram contato com aqueles que testaram positivo.
“A Marfrig está seguindo todas as determinações da vigilância epidemiológica do município que, na quinta-feira passada, dia 14 de maio, fez uma visita a planta e, após análise, aprovou todas as ações feitas e o plano de contingência para a unidade”, informou a empresa, em nota.
Fonte: Valor Econômico.