Dono do animal diz que todos os partos foram naturais. Para veterinária da USP, fenômeno não é completamente incomum
Em Canoinhas, no interior de Santa Catarina, uma ovelha deu à luz quatro filhotes de uma só vez por quatro vezes consecutivas. O dono do animal, o produtor rural Sérgio Olescowicz, ficou surpreso com a repetição desse fato raro. E afirma que “foi tudo natural”, sem inseminação artificial.
Algumas filhas da “supermãe” também já procriaram, mas não geraram mais do que dois cordeiros por vez. No total, os descendentes da ovelha boa de cria já somam 25 animais.
A ovelha da raça dorper tem 8 anos e chama a atenção dos produtores de Canoinhas por sua predisposição à maternidade. A raça dorper é considerada bastante fértil, com bons índices reprodutivos e sexualmente precoce, tendo o seu primeiro cio normalmente aos 6 meses.
A veterinária Camila Freitas Batista, formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, disse que casos desse tipo não são frequentes, mas não são completamente incomuns.
“Geralmente, ovelhas têm gestações múltiplas; incomum é parir um filhote só, pois, em geral, são dois. Esse animal, se não foi sincronizado e inseminado, o que aumenta muito as chances de isso acontecer [a gestação quádrupla], deve ter predisposição para superovulação! Pelo histórico dela, acredito que possa ser portadora do gene de prolificidade, e é totalmente aleatório. Foi ao acaso!”, diz.
Ela ressalta que a ovelha deve ser observada, pois, em casos de pouca alimentação ou de alimentação em excesso, o animal pode desenvolver um quadro comum em partos gemelares, chamado de toxemia da prenhez. Trata-se de um desbalanço energético que a ovelha pode sofrer por utilizar todas as suas reservas energéticas para gerar os filhotes e para o leite, o que pode levá-la à morte.
A dica da veterinária é manter a alimentação adequada, principalmente com capim fresco ou feno, e não fornecer ração em excesso.
Segundo Olescowicz, dois filhotes de um dos partos quádruplos morreram, mas ele não soube apontar a causa. “Eles estavam ficando fracos”, lamentou. A veterinária acredita que a morte dos cordeiros se deva a má amamentação.
“Como a mãe só possui duas tetas, os dois filhotes mais fracos não conseguem mamar. A alimentação precisa ser complementada com mamadeira”, explica.
De acordo com a veterinária, em trabalhos realizados pela Embrapa para selecionar ovelhas que gerem mais de dois cordeiros por parto, os pesquisadores realizam acompanhamento dos animais para que não haja prejuízos para a mãe nem para os filhotes.
Caso os partos múltiplos ocorram novamente na criação de Sérgio Olescowicz, a veterinária o aconselha a dar uma atenção especial aos filhotes. Ele deve, por exemplo, verificar se os cordeiros mamaram o colostro, que deve ser fornecido nas primeiras 8 horas de vida. Além disso, deve colocar os animais para mamar na mãe ou ordenhá-la, fornecendo mamadeira para garantir que estejam bem nutridos.
“O criador deve sempre manter os filhotes bem-alimentados, fornecer 30 ml de mamadeira a cada duas horas e mantê-los aquecidos, pois podem ter hipoglicemia e hipotermia nos primeiros dias. E deve lembrar de curar o umbigo dos animais e acompanhar seu desenvolvimento”, diz.
Fonte: Canal Rural