O mercado físico do boi gordo registrou aumento nos preços ao longo da última semana no Brasil; analistas avaliam o mercado após a virada do ciclo
O mercado físico do boi gordo registrou aumento nos preços ao longo da última semana no Brasil. Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o encurtamento das escalas de abate tem sido um dos fatores que impulsionam essa valorização, reflexo da retenção da oferta por parte dos pecuaristas diante das boas condições das pastagens.
Já, segundo a Agrifatto, o mercado físico do boi gordo de segunda-feira (24) registrou um desempenho predominantemente positivo, com exceção do Pará, única região monitorada a apresentar um leve recuo de 0,11%, precificando o boi gordo em R$ 295,54/@.
Por outro lado, Paraná liderou as altas, com valorização de 0,83%, encerrando o dia a R$ 303,00/@. Já na B3, o movimento foi totalmente pessimista, com destaque para o contrato de jul/25, que foi o contrato com o maior recuo, de 1,34%, fechando o dia cotado a R$ 319,80/@.
O setor de exportações de carne bovina in natura apresentou um desempenho mais fraco na terceira semana de março, com embarques de 45,82 mil toneladas e uma média diária de 9,16 mil toneladas, refletindo uma queda de 19,53% em relação à semana anterior.
Apesar do ritmo mais contido, as exportações do mês são projetadas em 238,66 mil toneladas, o que representaria um crescimento de 43,53% frente a mar/24. O preço médio por tonelada registrou um leve ajuste positivo de 0,25%, chegando a US$ 4,88 mil/t. A receita acumulada até o momento soma US$ 797,06 milhões, com uma média diária de US$ 61,31 milhões, avanço expressivo de 62,82% na comparação anual.
Outro fator que tem sustentado as cotações é o desempenho das exportações de carne bovina, que seguem em níveis elevados, somando os envios do ano.
No dia 20 de março, os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país foram os seguintes:
- São Paulo (SP): R$ 315 (+1,61% em relação à semana anterior, que era R$ 310)
- Goiânia (GO): R$ 305 (+3,39%, ante os R$ 295 da semana passada)
- Uberaba (MG): R$ 310 (+5,08%, frente aos R$ 295 da semana anterior)
- Dourados (MS): R$ 310 (+5,08%, em comparação aos R$ 295 da última semana)
- Cuiabá (MT): R$ 300 (estável frente à semana passada)
- Vilhena (RO): R$ 270 (+1,89% sobre os R$ 265 da semana anterior)
O mercado do boi após a virada do ciclo
O segundo semestre do ano deve ter preços maiores por uma combinação de custos maiores e um período maior sazonal de maior exportação, principalmente para China.
“Com relação aos patamares de preços, isso ficará muito mais atrelado ao consumo doméstico, porque entendemos que a perda de competitividade da carne bovina com relação às proteínas mais baratas ficará mais evidente no segundo semestre, por conta de preços maiores para o gado, em um momento que a entrada da safrinha de milho deve deixar os custos de alimentação mais estabilizados, o principal ponto de atenção para os preços” – disse Wagner Yanaguizawa, analista de proteína animal do Rabobank, ao InfoMoney.
Yanaguizawa ressalta que é difícil precificar o valor da arroba do boi, mas acredita que os preços não devem ultrapassar os registrados no fim do ano passado, ficando em torno de R$ 320 e R$ 330 no fim de 2025, em um cenário otimista.
Preço da carne
Os rebanhos de gado estão diminuindo nos Estados Unidos, Europa e China, o que pode manter os preços da carne bovina em alta, segundo o frigorífico Minerva. No Brasil, a oferta deve cair após recorde em 2024, mas o crescimento do peso e fertilidade do gado podem compensar, segundo a empresa.
Nos EUA, a escassez elevou os preços do gado e da carne no atacado, e o valor médio da carne bovina brasileira exportada subiu 8,9% em fevereiro. Apesar disso, a Minerva vê resiliência na demanda global e crescimento nas exportações para os EUA, que se tornaram seu principal mercado em 2024, superando a China.
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