Os fatos mais relevantes do agronegócio brasileiro em 2024

Em 2024, o agronegócio brasileiro enfrentou desafios expressivos e conquistou avanços notáveis, reafirmando sua posição como um dos principais motores da economia mundial. Confira os 10 eventos mais impactantes que marcaram o setor ao longo do ano.

No topo da lista dos fatos mais relevantes do agronegócio brasileiro em 2024, colocamos a queridinha do agro: A soja. Nesse ano a produção brasileira de soja atingiu um marco histórico em 2024, com uma colheita estimada em 155 milhões de toneladas. Esse recorde manteve o Brasil no topo do ranking global de produtores e exportadores da oleaginosa. Apesar do aumento modesto em relação ao ciclo anterior, o desempenho reflete o impacto positivo de tecnologias de ponta, como manejo de precisão e sementes mais robustas, que minimizaram os efeitos das condições climáticas desfavoráveis.

O agronegócio brasileiro enfrentou desafios expressivos e conquistou avanços notáveis, reafirmando sua posição como um dos principais motores da economia mundial. Confira os 10 eventos mais impactantes que marcaram o setor ao longo do ano.

Os resultados são evidentes: a produtividade por hectare cresceu, consolidando a liderança do país no mercado internacional. As exportações também alcançaram níveis inéditos, superando a marca de 103 milhões de toneladas. Este crescimento foi viabilizado por melhorias na infraestrutura logística, como a modernização de ferrovias e portos, e pela diversificação de destinos, com destaque para os mercados asiáticos. A soja, assim, reafirma sua importância estratégica, não apenas para a economia brasileira, mas também para a segurança alimentar global.

EUDR: O Desafio Regulatório para o Agronegócio Brasileiro

O ano de 2024 trouxe transformações importantes para o comércio agrícola internacional, com a implementação do Regulamento Europeu de Combate ao Desmatamento (EUDR). Essa nova regra impôs barreiras significativas aos exportadores brasileiros, especialmente aos que têm na União Europeia um de seus principais mercados, ao estabelecer critérios rigorosos para garantir práticas sustentáveis na produção de bens como soja, café, cacau e carne bovina.

O que o regulamento determina?

O EUDR proíbe a importação de produtos associados a áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020. Isso exige que os exportadores provem, de forma clara e detalhada, que suas atividades seguem normas ambientais locais e estão livres de qualquer ligação com a degradação florestal.

Entre as principais exigências estão:

  • Comprovação de sustentabilidade: Demonstração de que o processo produtivo respeitou as legislações ambientais aplicáveis.
  • Rastreabilidade completa: Garantia de que é possível rastrear o produto desde a sua origem até a chegada ao mercado europeu.
  • Controle rigoroso da cadeia de suprimentos: Implantação de sistemas eficazes para evitar contaminação com produtos que não atendam aos critérios estabelecidos.

Essa mudança reforça a pressão por práticas mais sustentáveis e por maior transparência nas cadeias produtivas, desafiando o agronegócio brasileiro a se adaptar rapidamente para manter sua competitividade no cenário global.

O Reflexo do EUDR no Agronegócio Brasileiro

A entrada em vigor do EUDR representa um grande impacto para o Brasil, um dos maiores fornecedores de commodities agrícolas para o mercado europeu, como soja, carne bovina e café. A nova regulamentação força o setor a aprimorar práticas de sustentabilidade e a adotar sistemas mais avançados de rastreamento, especialmente desafiador para pequenos e médios produtores.

Rastreabilidade

Para atender às demandas do EUDR, a rastreabilidade completa tornou-se uma prioridade. Isso significa que toda a cadeia produtiva, desde o plantio até o produto final, deve ser monitorada e documentada. Essa exigência coloca pressão sobre agricultores de menor porte, que precisam investir em tecnologias e métodos que garantam esse controle detalhado.

Sustentabilidade em foco

Além do rastreamento, o regulamento busca estimular práticas agrícolas que minimizem os impactos ambientais, incluindo:

  • Preservação de Áreas Nativas: Proteger vegetações naturais e evitar a expansão agrícola sobre biomas sensíveis.
  • Uso Responsável de Insumos: Reduzir a dependência de agroquímicos prejudiciais ao meio ambiente.
  • Iniciativas Regenerativas: Implementar práticas como reflorestamento e agricultura regenerativa para recuperar áreas degradadas.

Essa combinação de exigências reafirma a importância da inovação e da gestão sustentável no agronegócio brasileiro, ao mesmo tempo em que desafia o setor a se alinhar aos padrões globais de responsabilidade ambiental.

Expansão das exportações de carne em 2024

Principais momentos do agronegócio brasileiro em 2024: Os 10 fatos mais relevantes setor
Foto: Divulgação

O setor de carnes brasileiro alcançou novos recordes em 2024, reforçando o país como líder global no fornecimento de proteína animal. Com destaque para a carne bovina, suína e de frango, as exportações apresentaram crescimento expressivo, impulsionadas pela demanda crescente de mercados asiáticos. Nações como China e Indonésia mantiveram suas posições como principais consumidores, enquanto países como Vietnã e Filipinas intensificaram suas compras, ampliando a diversidade de destinos internacionais para os produtos brasileiros.

A Força da carne bovina

As exportações de carne bovina atingiram cerca de 2,5 milhões de toneladas, um crescimento de 7% em comparação ao ano anterior. A China consolidou-se como o principal mercado, absorvendo mais de 60% das exportações. Essas vendas resultaram em uma receita de aproximadamente US$ 9 bilhões, representando um aumento de 10% em relação a 2023.

Diversificação e novas oportunidades

Além da força consolidada no mercado chinês, os produtores brasileiros se beneficiaram da ampliação de acordos comerciais e do fortalecimento da logística para atender novos mercados. Esse cenário reafirma a importância estratégica do setor para a economia nacional, ao mesmo tempo em que posiciona o Brasil como um ator indispensável no abastecimento global de carnes.

Exportações de carne em alta: Frango e Suínos impulsionam recordes

O Brasil alcançou novos patamares em 2024 com as exportações de carne de frango e suína, consolidando sua posição de liderança global no setor de proteína animal. Novos acordos comerciais e a expansão de mercados estratégicos foram determinantes para esses resultados, acompanhados de avanços logísticos e sanitários que reforçaram a competitividade brasileira.

Carne de frango

As exportações de carne de frango ultrapassaram 5 milhões de toneladas, estabelecendo um marco inédito e gerando uma receita de US$ 10 bilhões. O fortalecimento de parcerias com Indonésia e Japão, combinado a novos acordos comerciais com países do Oriente Médio, como Emirados Árabes e Arábia Saudita, impulsionou esse crescimento. A diversificação de mercados foi essencial para consolidar o Brasil como principal fornecedor global.

Carne suína

Com exportações superiores a 1,2 milhão de toneladas, o segmento de carne suína rendeu US$ 3 bilhões em receitas. Mercados emergentes desempenharam papel crucial nesse avanço, com Filipinas e Vietnã registrando um aumento de 15% em suas importações. Essa diversificação ajudou a fortalecer a presença brasileira em novas regiões, reduzindo a dependência de grandes mercados tradicionais.

Fatores-chave do crescimento

  • Demanda crescente na Ásia: A recuperação econômica de países asiáticos e a redução na produção doméstica de carne suína na China aumentaram a procura por carnes brasileiras. A qualidade do produto nacional e a competitividade de preços foram fatores decisivos.
  • Expansão e diversificação de mercados: A estratégia de ampliar a presença em mercados emergentes e consolidar parcerias no Oriente Médio permitiu ao Brasil mitigar os riscos de concentração em poucos destinos e aproveitar novas oportunidades comerciais.
  • Avanços logísticos e sanitários: Investimentos robustos em sistemas de rastreabilidade e atendimento às exigências de segurança alimentar garantiram a confiança dos importadores. Essas melhorias também contribuíram para alinhar o setor a padrões globais de sustentabilidade.

AgTechs no Brasil

Principais momentos do agronegócio brasileiro em 2024: Os 10 fatos mais relevantes setor
Foto: Divulgação

O cenário agrícola brasileiro vive uma verdadeira revolução tecnológica. Em 2024, o país despontou como um dos líderes globais em inovação no campo, com mais de 1.900 startups ativas no setor de AgTechs. Essas empresas têm desempenhado um papel crucial ao integrar tecnologia de ponta às práticas agrícolas, transformando desafios em oportunidades e redefinindo o futuro da produção rural.

Para pequenos e médios agricultores, que tradicionalmente enfrentam barreiras para acessar inovações, as AgTechs estão abrindo portas antes inimagináveis. Por meio de soluções acessíveis e práticas, essas startups possibilitam avanços como:

  • Gestão Agrícola de Alta Precisão: Ferramentas digitais permitem o planejamento detalhado das safras, reduzindo desperdícios e otimizando o uso de insumos essenciais.
  • Ganho de Produtividade com Dados: A análise de informações em tempo real ajuda os agricultores a maximizar o rendimento da terra e dos recursos disponíveis.
  • Sustentabilidade como Pilar: Técnicas inovadoras de manejo garantem a preservação do solo, o uso consciente da água e a redução dos impactos ambientais, alinhando eficiência e responsabilidade.

A democratização dessas tecnologias é um divisor de águas, especialmente em um setor onde a competitividade e a sustentabilidade se tornam cada vez mais essenciais. O Brasil tem se mostrado um terreno fértil para o desenvolvimento dessas soluções, com startups que já atraem investimentos globais e ganham reconhecimento internacional.

O fortalecimento desse setor inovador se deve principalmente a investimentos recordes e ao reconhecimento internacional, com o Brasil sendo reconhecido como um dos maiores impulsionadores da inovação agrícola em eventos globais, como a COP29 e o AgTech Summit em Singapura.

Biotecnologia no Agronegócio

Em 2024, a biotecnologia agrícola deu passos importantes rumo a um agronegócio mais eficiente e resiliente, consolidando-se como uma chave para enfrentar os desafios da produção de alimentos diante das mudanças climáticas e da crescente demanda por sustentabilidade. A adoção de sementes geneticamente modificadas (GM) e cultivares mais adaptáveis tem sido essencial para aumentar a produtividade e reduzir os impactos ambientais no campo.

Dentre as inovações mais notáveis, destacam-se:

  • Soja Adaptada à Seca: variedades de soja mais resistentes à falta de água, com aumento de até 15% na produtividade.
  • Milho Bt de Nova Geração: resistência a ataques de lagartas e tolerância a herbicidas, resultando em redução no uso de defensivos agrícolas.
  • Cana-de-Açúcar Editada por CRISPR: maior teor de sacarose e resistência a doenças.

Essas inovações têm gerado resultados concretos que aumentam a produtividade e promovem uma agricultura mais sustentável e rentável.

Principais momentos do agronegócio brasileiro em 2024: Os 10 fatos mais relevantes
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Modelos Sustentáveis

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) se firmou como uma solução inovadora para a agricultura sustentável no Brasil, com um crescimento expressivo de cerca de 52% entre as safras de 2015/2016 e 2020/2021, totalizando aproximadamente 17 milhões de hectares.

Esse modelo oferece benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a produtividade agrícola, sendo amplamente reconhecido como uma prática de agricultura regenerativa. O Brasil, por meio da Rede ILPF, lançou o aplicativo ILPF Digital, que visa aprimorar a gestão dos sistemas integrados de produção em todo o país.

O Plano ABC+ do Ministério da Agricultura tem como meta expandir a área dedicada à ILPF em 10 milhões de hectares até 2030, reforçando o compromisso do Brasil com práticas agrícolas de baixo carbono.

Recuperações Judiciais

O setor agropecuário brasileiro tem enfrentado desafios financeiros significativos, com recuperações judiciais de grandes empresas. Em setembro de 2024, a AgroGalaxy entrou com pedido de recuperação judicial, com uma dívida de R$ 4,678 bilhões.

Esse cenário revela as dificuldades econômicas que muitas empresas estão enfrentando, com um aumento de 20,5% nas solicitações de recuperação judicial no terceiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.

Recorde de crédito Rural

Em 2024, o Plano Safra 2024/2025 destinou R$ 400,59 bilhões para o financiamento do agronegócio brasileiro, um aumento de 10% em relação à safra anterior. O plano reforça o incentivo a práticas sustentáveis, oferecendo condições especiais para produtores que implementem ações voltadas à sustentabilidade.

Esses investimentos são fundamentais para garantir o crescimento do setor e a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e inovadoras.

Mudanças Climáticas e o impacto no setor agropecuário

As mudanças climáticas continuam a ser um dos maiores desafios enfrentados pelo agronegócio brasileiro em 2024. O aumento das temperaturas globais e a irregularidade das chuvas têm afetado diretamente a produtividade das lavouras, especialmente em estados como Mato Grosso e Goiás, que são grandes produtores de soja e milho.

Em resposta a esse cenário, muitas empresas do setor estão investindo em tecnologias de mitigação e adaptação climática, como a utilização de sementes mais resistentes a variações climáticas, a adoção de sistemas de irrigação inteligente e o desenvolvimento de culturas mais tolerantes ao estresse hídrico.

Além disso, as seguradoras agrícolas estão oferecendo novas opções de seguros climáticos que permitem aos produtores se protegerem contra perdas causadas por eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e tempestades intensas.

A Transição para a agricultura regenerativa

Em 2024, a agricultura regenerativa se consolidou como uma tendência crescente dentro do agronegócio brasileiro. Esse modelo de produção visa restaurar a saúde do solo e aumentar a biodiversidade, utilizando práticas como rotação de culturas, plantio direto e uso reduzido de insumos químicos.

A agricultura regenerativa não só tem o potencial de aumentar a produtividade a longo prazo, mas também de capturar carbono da atmosfera, ajudando a combater as mudanças climáticas. Empresas brasileiras estão se destacando ao adotar essas práticas, com destaque para a JBS, que anunciou a ampliação de sua produção sustentável, e a Amaggi, que implementou programas de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.

Tecnologia no campo

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O ano de 2024 também foi marcado pelo crescimento exponencial das AgTechs, startups que desenvolvem soluções tecnológicas para o agronegócio. Essas empresas estão transformando a maneira como os produtores rurais lidam com desafios como gestão de recursos hídricos, monitoramento de safras e gestão de risco climático.

Entre as tecnologias mais promissoras estão:

  • Sensores inteligentes para monitoramento de solo e clima, que ajudam os agricultores a tomar decisões mais assertivas.
  • Drones e satélites para mapeamento de áreas agrícolas e controle de pragas.
  • Plataformas de análise de dados para otimizar a gestão das propriedades rurais, aumentando a produtividade e reduzindo custos.

Essas inovações têm sido fundamentais para melhorar a eficiência e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, permitindo que os produtores se adaptem rapidamente às mudanças do mercado e do clima.

O Papel do agro no desenvolvimento econômico do Brasil

O agronegócio brasileiro continua a ser o motor da economia nacional, respondendo por cerca de 21% do PIB do país e empregando milhões de brasileiros, tanto diretamente no campo quanto em atividades relacionadas, como indústrias de processamento de alimentos e comércio exterior.

Em 2024, o setor se consolidou como indispensável para o crescimento econômico, com destaque para a exportação de produtos agrícolas, que continua a ser uma das principais fontes de divisas para o Brasil. A soja, a carne bovina e o milho são os principais produtos exportados, e os mercados internacionais, como China, União Europeia e Estados Unidos, continuam a ser os maiores destinos.

A contribuição do agronegócio também é visível nas inovações tecnológicas que estão sendo implementadas no setor, criando novas oportunidades de negócios e gerando empregos. Além disso, o setor tem se mostrado cada vez mais comprometido com a sustentabilidade, buscando formas de produzir mais com menos impacto ambiental.

Desafios futuros

O futuro do agronegócio brasileiro em 2025 e além dependerá de como o setor enfrentará os desafios da sustentabilidade, inovação e adaptação às mudanças climáticas. A transição para práticas agrícolas mais sustentáveis, como a agricultura regenerativa, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o uso de tecnologias de precisão, será crucial para garantir a competitividade do Brasil no mercado global.

Além disso, a redução de emissões de carbono e o aumento da rastreabilidade das cadeias produtivas serão essenciais para atender às exigências internacionais e garantir a permanência dos produtos brasileiros em mercados exigentes, como a União Europeia.

O agronegócio brasileiro está em um ponto de inflexão, e a maneira como o setor se adapta a essas mudanças determinará seu sucesso nos próximos anos. A inovação, a sustentabilidade e a eficiência serão as chaves para o futuro, e o Brasil tem o potencial de continuar liderando o caminho no agronegócio global.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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