Os desafios da Agricultura com as micotoxinas

Em entrevista ao site Agrolink, Carlos Mallmann, do Laboratório de Análises de Micotoxinas da UFSM fala sobre os grandes desafios das micotoxinas.

De acordo com a Pesquisa Mundial de Micotoxinas (MTX Survey), a América do Sul apresenta um risco para micotoxinas “acima dos limites de segurança” em matérias-primas como milho, trigo, soja, seus subprodutos relacionados e rações animais. Nessa entrevista (Comunidade Engormix), o professor Carlos Mallmann, do Laboratório de Análises de Micotoxinas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), revela o tamanho do desafio enfrentado no Brasil.

Qual é a extensão e a importância do controle da micotoxina no Brasil?

O tamanho do desafio é ‘São Pedro’. Nós estamos em um país tropical e subtropical, onde as condições climáticas são extremamente favoráveis ao crescimento fúngico. Então nós não temos como controlar isso em determinadas situações. Evidentemente que o agronegócio necessita do fungicida para minimizar a presença, não só pela parte da micotoxina, mas pela parte da questão produtiva, que tem um efeito colateral de minimizar também a pressão contaminante dos fungos que podem ser toxigênico, ou micotoxigênicos.

Se não conseguirmos controlar isso, dependendo do ano que a gente tem, nós vamos ter a possibilidade de deixar esse fungo crescer com a velocidade e com a possibilidade de produção de toxinas. Esse vai ser um desafio constante que o País terá, não conseguiremos nos livrar das micotoxinas nunca, por serem contaminantes naturais. As estratégias são para minimizar essa pressão contaminante, mas solução momentânea não existe e vai levar muitos anos para que isso possa talvez ocorrer.

Então a melhor prática é realmente a prevenção? É detectando isso, por exemplo, no grão armazenado?

O que está sendo feito para ajudar o produtor é a seleção na genética para que seja possível encontrar um equilíbrio entre produtividade e produção de rações. São duas coisas diferentes: produtividade são aquelas toneladas que o produtor consegue tirar da sua área e a produção é no que aquilo vai se transformar.

O milho em si passa a ter valor no momento em que ele é transformado em proteína, o animal tem que receber uma ração com a nutrição adequada e com a segurança, portanto é uma equação que tem que atender os dois lados, de um lado a quantidade e de outro a qualidade, sem que seja necessária a inclusão de aditivos.

O grande cuidado que se deve ter é com o mercado externo, com a imagem e com o que o Brasil representa?

Aí entra um segundo fator. Nós produzimos, conseguimos controlar isso, vamos secar esse material e vamos armazenar. A armazenagem não melhora em nada a qualidade do material, ela apenas pode conservar aquilo que a gente conseguiu ensilar, então esse é um outro ponto em que nós podemos falhar, já que nossa estrutura de armazenagem não é suficientemente capaz de abrigar e conservar essa produtividade de várias supersafras.

Esse ano o Brasil vai exportar cerca de 30 milhões de toneladas de milho e isso tem que sair com uma segurança e, por barreira sanitária, o comprador pode recusar o recebimento de qualquer produto que está previsto dentro da legislação específica daquele país e isso gera um custo de avaliar a presença disso, assegurando o mercado com o provimento de material previamente segurado.

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