Ao contrário do que disse o Cepea nesta semana, o preço do atacado não está abaixo do valor do animal de mercado interno; Confira a análise e tire suas conclusões!
O mercado do boi gordo e da carne se confronta com um perfil de movimento nem sempre próximo da realidade, com circulação de algumas informações que pouco ou nada influenciam em alguns exemplos de negócios.
Um deles, por exemplo, é o frigorífico tentar usar a pesquisa do atacado para não pagar o que o vendedor de boi comum está pedindo. Vai querer mostrar que está tomando prejuízo, com a carne sendo negociada abaixo do valor da @, mas não vai assumir para o pecuarista que esse boi mais caro é o padrão China e o preço do mercado atacadista é formado no corredor interno.
Na realidade, a indústria só compra o animal preferido dos chineses porque tem exportação e remuneração garantidas. E o boi para o brasileiro comer, mesmo comendo bem menos agora, é bem mais barato e abaixo da carcaça casada negociada no mercado atacadista.
A distorção é percebida se for tomada a pesquisa da carcaça casada no atacado paulista feita pelo Cepea/Esalq. Na parcial quinzenal de julho, o valor ficou em média R$ 216,30, avançando 2,48%, contra o indicador do boi gordo de R$ 219,51 em São Paulo, em alta de 4,6% até 15 de julho.
É notório que, atualmente, a referência da @ da instituição da USP conta com mais informações de produtores de boi com bonificação chinesa, que formam a média mais alta. O que torna a negociação mais incerta para o produtor de boi de menor qualidade: ele não vai conseguir o preço do Cepea, que deveria retratar a régua do mercado, mas pode ter que engolir o indicador da carcaça casada.
O valor cheio validado pelo Cepea está em torno de R$ 7 a R$ 8 acima, no mínimo, dos levantamentos do boi comum no spot, que transita – em viés menos conservador – em R$ 214 ou R$ 215, livre de taxas.
Não há cenário algum registrando animal convencional acima de R$ 215 a @, como acredita Yago Travagini, analista da Agrifatto. Na Scot Consultoria o levantamento está alinhado.
Ou, como os produtores estão vendo na própria carne, até abaixo disso. Como informa Juca Alves, de Barretos, citando o Frigorífico Barra Mansa, de Sertãozinho, oferecendo R$ R$ 210.
Portanto, em resumo, o preço do atacado da carcaça não está abaixo do que o frigorífico está pagando pelo boi que acaba consumido internamente – 78% dos abates – em um ambiente lento, sem perspectiva de melhora pela crise sistêmica da economia, mais ainda na sazonalidade frouxa da segunda quinzena do mês.
Sexta, 17
Pouco negócios e mercado travado marcaram o último dia da semana. Para o analista da Agrifatto, o peso maior da estabilização dos preços vem da fraqueza do consumo doméstico, mais espremida a partir do dia 15 até que algumas novas compras forcem as escalas de abate para o pagamento mensal do começo do mês seguinte.
Porém, como também não há volume suficiente de animais prontos, em oferta que começou a se mostrar restrita há cerca de dois a três meses pelo preço da reposição e menor confinamento de 1º giro, a @ do boi comum se sustenta, oscilando dos dois lados da tabela em no máximo R$ 215/@, na visão de Juca Alves.
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Boi China segue em R$ 222 e, na banda máxima, em R$ 225, nota Yago Travagini, mas há oferta em R$ 220, diz Alves, o pecuarista do Norte de São Paulo.
Na sua região, o Minerva está comprando apenas boi a termo, num ritmo menos de abates, em torno de 550 cabeças diárias, mais de 300 a menos da capacidade, pela redução do número de funcionários ante protocolo exigido de distanciamento maior.
Fonte: Money Times