Os 7 principais acontecimentos do agro em 2024

Extremos climáticos, preços históricos, desafios econômicos e tensões comerciais dominaram os debates no agronegócio brasileiro 2024

O agronegócio brasileiro enfrentou em 2024 um cenário repleto de desafios que prometem impactar o setor nos próximos anos. Condições climáticas adversas prejudicaram a produção de várias commodities agrícolas e pecuárias, enquanto a inadimplência e as flutuações econômicas colocaram pressão sobre os produtores. Debates sobre protecionismo ganharam destaque, reforçando a complexidade do panorama enfrentado pelo setor.

Clima

Em 2024, o agronegócio foi profundamente afetado por condições climáticas extremas, conforme análise da consultoria Markestrat. No Brasil, o excesso de chuvas causou enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul, prejudicando a produção de soja, arroz, hortifruti e pecuária. O impacto econômico para o setor agrícola gaúcho foi estimado em R$ 12,72 bilhões, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

No setor de café, a irregularidade das chuvas no Brasil e a seca prolongada no Vietnã empurraram os preços do arábica e do robusta para patamares históricos. O cacau também registrou cotações recordes devido à escassez de chuvas, calor excessivo e a doença da podridão negra, reduzindo a oferta mundial.

Na pecuária, a oferta de bezerros foi reduzida devido ao grande abate de fêmeas nos últimos dois anos, combinado com condições desfavoráveis para pastagem. Isso levou a uma recuperação nos preços da arroba do boi gordo, superando os valores dos anos anteriores.

A soja, principal cultura do Brasil, viu sua produtividade cair devido ao calor excessivo e à falta de chuvas, enquanto o milho, também afetado, consolidou-se como matéria-prima essencial na produção de biocombustíveis. O algodão manteve o Brasil como líder mundial nas exportações, mas a cana-de-açúcar foi impactada por incêndios, afetando o preço do açúcar cristal e do etanol.

Aumento da inadimplência no agronegócio brasileiro

A desvalorização de commodities como soja e milho, aliada às adversidades climáticas, pressionou produtores rurais e empresas a renegociar dívidas. Esse movimento gerou um efeito dominó, afetando diretamente revendas e cooperativas. Em muitos casos, isso culminou em pedidos de Recuperação Judicial.

Como reflexo, o risco de crédito no agronegócio foi reavaliado, resultando em uma menor oferta de linhas de financiamento para o setor. A perspectiva é de que esses impactos se agravem em 2025.

Logística

A logística desempenhou um papel crucial na redução das margens do agronegócio brasileiro em 2024. Conflitos no Mar Vermelho forçaram mudanças nas rotas marítimas, resultando em um aumento expressivo nos custos de transporte global. Na rota Ásia-Brasil, o frete de um contêiner de 40 pés saltou de US$ 2.490,00 para US$ 6.773,00 em poucos meses.

Inflação, dólar e juros

O cenário econômico brasileiro em 2024 foi marcado por reviravoltas. A deterioração das condições econômicas reverteu as expectativas de alívio monetário. O real perdeu força diante do dólar, que atingiu o recorde histórico de R$ 6,26 em dezembro. Projeções econômicas foram ajustadas para inflação de 4,84%, dólar a R$ 5,90 e Selic a 14,75%.

China

A China enfrentou dificuldades estruturais que impactaram sua economia e o comércio global. A falência da gigante Evergrande simbolizou a crise no setor imobiliário. Apesar disso, a relação Brasil-China ganhou novo fôlego em novembro, com a assinatura de 37 acordos bilaterais, ampliando as oportunidades comerciais para o agronegócio brasileiro.

Protecionismo

O protecionismo econômico ganhou força em 2024. Protestos de produtores franceses contra o acordo entre União Europeia e Mercosul destacaram essa tendência. Críticas à soja e carne bovina brasileira geraram atritos comerciais, mas o texto do acordo ainda depende de ratificação para entrar em vigor.

Trump na presidência dos EUA

Donald Trump, eleito novamente presidente dos Estados Unidos, trará expectativas de mudanças em 2025. Suas declarações sugerem foco em enfrentar economias que buscam “desdolarizar” suas transações, como os países do BRICS. Especialistas apontam que essa política deve manter o dólar valorizado, intensificando os desafios para economias emergentes.

Escrito por Compre Rural

VEJA MAIS:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM