A fome está aumentando no mundo, revela novo relatório de cinco agências das Nações Unidas.
No Brasil, o número de subalimentados diminuiu, enquanto cresceu o número de pessoas obesas.
A insegurança alimentar crônica atingiu 821 milhões de pessoas em 2017, o que representa uma pessoa entre nove no mundo num retrocesso a níveis de quase dez anos atrás.
A estimativa é do relatório anual da Agência para Agricultura e Alimentação (FAO); o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Ifad); o Programa Alimentar Mundial (PAM); a Agência da ONU para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Conflitos, desacelerações nas economias e a exposição a situações climáticas mais complexas figuram entre os principais fatores do recente recrudescimento da fome no mundo e são algumas das principais causas de graves crises alimentares.
A subalimentação e a insegurança alimentar grave tiveram alta na Africa e na América do Sul, e é estável em outras regiões. A subalimentação varia de 1,4% da população dos Estados Unidos e na Europa a cerca de 30% na Africa. Na América Latina, o número de pessoas subnutridas aumentou na Venezuela, Jamaica, Guatemala e Honduras.
Na Venezuela, a prevalência de subalimentados passou de 10,5% da população total em 2004-2006 para 11,7% entre 2015-2017. Ou seja, aumentou de 2,8 milhões de pessoas para 3,7 mihões nesse período, numa alta de 32,1%.
Os países na América Latina com menor taxa de subnutridos são o Brasil, Uruguai e Cuba, cada um com menos de 2,5% da população total. No caso do Brasil, o relatório apontou que o número de pessoas subalimentadas caiu de 8,6 milhões em 2004-2006 para menos de 5,2 milhões em 2015- 2017.
Obesidade
A insegurança alimentar contribuiu ao excesso de peso, obesidade, desnutrição e taxas elevadas dessas formas de má nutrição coexistem em vários países.
No Brasil, o número de adultos obesos passou de 27,8 milhões para 33,1 milhões entre 2012 e 2016 ‒ alta de 19,1%. Assim, a prevalência de obesos pulou de 19,9% a 22,3% da população.
Na América Latina, essa taxa é maior em países como Argentina (28,5%), Chile (28,8%), Uruguai (28,9%) Suriname (26,5%) e Uruguai (25,2%).
Anemia
Também no Brasil, a prevalência de anemia entre mulheres em idade de procriar (15-49 anos) aumentou de 25,3% para 27,2% entre 2012-2016.
O retardamento do crescimento entre as criancas continua a diminuir em escala global, mas ainda tem uma taxa considerada inaceitável pela ONU. Em 2017, cerca de 151 milhões de crianças de menos de cinco anos (22%) apresentavam atrofia no crescimento.
Para a ONU, os países precisam agir rapidamente e numa escala bem maior para aumentar a resiliência e a capacidade de adptação dos sistemas alimentares, os meios de existência e da nutrição diante da instabilidade do clima, cujos efeitos acumulados têm sido prejudiciais a todas as dimensões da segurança alimentar (disponibilidade, acesso, utilização e estabilidade).
Para as agências da ONU, alcançar o objetivo de ”fome zero” no mundo em 2030 está ameaçado.
Fonte: Valor Econômico.