Agenda ‘Anti-carne’? A Olimpíada de Paris, marcadas para julho deste ano, definiu uma meta clara: reduzir a oferta de carne de origem animal nas 13 milhões de refeições que serão servidas aos diferentes públicos; entenda melhor
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 estão se aproximando, trazendo consigo não apenas atletas de todo o mundo, mas também uma agenda ambiciosa em termos de sustentabilidade e alimentação. Entre os objetivos mais destacados está a redução significativa da presença de carne nas refeições servidas durante o evento, utilizando o argumento e elegendo a carne como ameaça ambiental. Alexandre Bompard, presidente e CEO do Carrefour, Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024, e a ministra do esporte francês, Laura Flessel, posaram recentemente com funcionários da fazenda de batatas Vaulerand, que fornecerá alimentos para a Vila dos Atletas.
O que parece claro, mais uma vez, para o setor das proteínas animais é que existe uma Agenda ‘Anti-carne’ definida para tentar barrar o aumento da demanda pela carne – bovina, suína e de frango – utilizando argumentos e, o pior, passando uma imagem de que o setor é responsável pelo aquecimento global. É importante, antes de mais nada, que essa visão já foi derrubada por cientistas e não passa de uma manobra de grupos radicais.
O evento, marcado para julho deste ano, definiu uma meta clara: reduzir a oferta de proteína de origem animal nas 13 milhões de refeições que serão servidas aos diferentes públicos. Este é um movimento ousado, considerando a importância histórica da proteína animal na dieta humana e a associação cultural que muitos países têm com alimentos de origem animal.
A principal justificativa para essa mudança radical é a preocupação com as emissões de carbono. A organização dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 estabeleceu a meta de limitar as emissões geradas em cada refeição para 1 kg de CO2, metade da pegada de carbono das edições anteriores. Para atingir esse objetivo, haverá uma redução no consumo de proteínas animais e um aumento na oferta de vegetais, frutas e carnes vegetais.
No entanto, essa abordagem não está isenta de críticas. Muitos especialistas questionam a eficácia dessa medida e argumentam que ela pode ser uma resposta simplista a uma questão ambiental complexa. A tese de que a produção de proteína animal é uma das principais causas das emissões de carbono é contestada por alguns.
Maurício Nogueira, diretor da consultoria em pecuária Athenagro, argumenta que a pecuária também desempenha um papel importante na remoção de CO2 do sistema, através da manutenção de pastagens. Estudos sugerem que as pastagens podem absorver mais carbono do que as emissões produzidas pelo gado. Portanto, a demonização da proteína animal pode ser uma visão simplista e incompleta do problema.
Além disso, há preocupações sobre a acessibilidade e o impacto social dessa mudança. O professor Daniel Vargas, da FGV, aponta que o foco na redução da proteína animal pode refletir mais um modismo alimentar do que uma abordagem verdadeiramente sustentável. Enquanto os consumidores de alta renda na França podem ter acesso a uma variedade de alternativas de proteína, a realidade é que grande parte da população mundial ainda luta contra a fome e a subnutrição. Reduzir a oferta de proteína animal pode não ser viável para todos os grupos sociais.
Redução da proteína animal pode refletir mais um modismo alimentar do que uma abordagem verdadeiramente sustentável
Os Jogos Olímpicos são um símbolo de paz e união entre os povos, mas também podem servir como uma plataforma para transmitir mensagens importantes sobre questões globais, como a sustentabilidade. No entanto, é essencial que essas mensagens sejam fundamentadas em evidências sólidas e considerem os impactos sociais e econômicos de suas ações.
Assim, a decisão de reduzir a oferta de proteína animal nas refeições dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 é um debate que renderá ainda uma diversidade de discussões. No entanto, é importante que essa decisão seja acompanhada por uma análise cuidadosa de seus efeitos, tanto ambientais quanto sociais, e que considere todas as perspectivas relevantes. Afinal, enquanto é importante reduzir as emissões de carbono, também é crucial garantir que todas as pessoas tenham acesso a uma alimentação saudável e nutritiva.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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