Os óleos vegetais, entre eles o de soja, são ricos em gorduras insaturadas, enquanto a banha suína é constituída por gorduras saturadas.
Por Raiane Gomes Rodrigues Araújo; Tiago Pereira Guimarães; Márcia Rosa Gomes*
Atualmente existe no mercado dois tipos de gorduras, que compreendem a gordura vegetal e a animal. Os óleos vegetais, entre eles o de soja, são ricos em gorduras insaturadas, enquanto a banha suína é constituída por gorduras saturadas.
A banha é um tipo de gordura oriunda de tecidos adiposos dos suínos, que se liquefaz quando aquecida de forma lenta, e quando submetida a temperatura ambiente tem a propriedade de se solidificar (Niehues e Bordin, 2010). Este produto, por muito tempo se fez presente na culinária brasileira, como principal fonte de gordura, tanto para cozimento quanto para conservação de alimentos. Porém nas décadas de 60 a 80 foi substituído por óleos, principalmente de soja, devido ao valor mais acessível. Segundo Mondini e Monteiro (1994), tais mudanças nos padrões alimentares ocorreram em função de orientações da Organização Mundial da Saúde sobre a necessidade de restringir o consumo de alimentos com alto teor calórico.
Nesse cenário, os produtos ricos em gordura saturada foram adquirindo má reputação ao serem associados a formação de doenças. Diante disso, a banha suína ganhou fama de vilã por ser responsabilizada pelo aumento da resistência à insulina, aumento das taxas de colesterol, além de estarem associadas ao surgimento de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica (Pereira, 2011; César, 2015). Porém, nos últimos anos o consumo de banha tem aumentado significativamente, em decorrência das repercussões de várias pesquisas relacionadas às propriedades deste produto.
O óleo de soja, obtido através da prensa dos grãos, constitui uma fonte de ácidos graxos essenciais ao organismo humano, composto por aproximadamente 15% de ácidos graxos saturados, 22% de ácido oleico, 54% de ácido linoleico e 7,5% de ácido linolênico. Ao ser submetido a processos de fritura apresenta alterações tornando-se ácido e formando peróxidos (Vergara et al., 2006). Niehues e Bordin (2010) relataram uma elevação significativa nas taxas de triglicerídeos em relação ao consumo do óleo de soja quando comparado a utilização da banha suína.
Diante dos fatos Mack e Souza (2019) consideram imprudente que distintas tendências alimentares recomendem o consumo de banha suína como alimento benéfico a toda população, pois deve-se ponderar que esse consumo deve ser analisado de forma individual, associado a uma dieta balanceada e atividades físicas regulares.
Considerações finais
Tanto o óleo de soja quanto a banha suína apresentam propriedades prejudiciais ao organismo se consumidos em excesso, diante disso é de suma importância aderir a uma alimentação constituída de produtos que possam ser consumidos frescos, como frutas e verduras, ou assados que podem ser preparados com o mínimo possível de gorduras.
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O estudo de Stewart et al. (2017) salienta que a precaução em relação às doenças cardiovasculares é a solução para expandir a expectativa de vida da humanidade. Essa afirmação corrobora com a ideia da necessidade de sensibilizar a população de que, mesmo que um destes produtos pareça ser menos nocivo que o outro, não existe “mocinho ou vilão”.
Segundo Velloso (2009), o desenvolvimento da obesidade se encontra intimamente associada a manutenção de uma dieta pautada em alimentos com alto teor de lipídios. Assim, considerando que a obesidade é tida como fator de risco para uma gama de doenças, é primordial que a população faça um consumo consciente destes alimentos em associação com hábitos de vida saudáveis, como dieta balanceada e prática de atividades físicas.
Raiane Gomes Rodrigues Araújo
E-mail.com: raianegraraujo@hotmail.com
Instituição: Instituto Federal Goiano
Tiago Pereira Guimarães
E-mail: tiago.guimaraes@ifgoiano.edu.br
Instituição: Instituto Federal Goiano
Márcia Rosa Gomes
E-mail: marciarosagomes@hotmail.com
Instituição: CEPMG-Pastor José A. Ribeiro – Prof efetiva
Referências
César, N. R. Efeitos da substituição parcial da banha de porco por óleo de pequi (Caryocar brasiliense) em uma dieta ocidental sobre o metabolismo, a função cardíaca e o estado redox celular de ratos. 2015.
Mack, T. T. A. D., & Souza, R. G. D. Controvérsias acerca do consumo e produção de banha suína. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília. 2019.
Mondini, L., & Monteiro, C. A. Mudanças no padrão de alimentação da população urbana brasileira (1962-1988). Revista de Saúde Pública, v. 28, p. 433-439, 1994.
Niehues, P. P., & Bordin, S. M. Consumo de óleo de soja e banha de porco nas frações de colesterol. Seminário Científico de Nutrição, n. 2, 2010.
Pereira, M. C. P. C. Dietas hiperlipídicas alteram citocinas inflamatórias, adipocinas, tecido adiposo e fígado em camundongos. Tese de doutorado. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
Stewart, J., Manmathan, G., & Wilkinson, P. Primary prevention of cardiovascular disease: A review of contemporary guidance and literature. Journal of the Royal Society of Medicine Cardiovascular Disease, v. 6, p. 1-9, 2017.
Velloso, L. A. The brain is the conductor: diet-induced inflammation overlapping physiological control of body mass and metabolism. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol. v. 53, n. 2, p. 151-158, 2009.
Vergara, P., Wally, A. P., Pestana, V. R., Bastos, C., & Zambiazi, R. C. Estudo do comportamento de óleo de soja e de arroz reutilizados em frituras sucessivas de batata. B. CEPPA, Curitiba, v. 24, n. 1, p. 207-220, 2006.