Óleo de palma: produção sustentável garante prêmio internacional

O óleo de palma, mais conhecido como azeite de dendê, acaba de render à Agropalma, empresa brasileira com sede no município de Tailândia (PA), uma premiação de reconhecimento internacional em desenvolvimento sustentável: 0 prêmio Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente de 2016, na categoria “Empresa na Amazônia”.

“O reconhecimento se deve ao fato de a empresa conciliar ações que contemplam o empreendedorismo e o crescimento econômico à biodiversidade e à preservação do meio ambiente”, comemora o diretor comercial da Agropalma, André Gasparini.

O dendê chegou da África ao Brasil junto com os escravos. Atualmente, mais de mil agricultores familiares cultivam essa palmeira na região amazônica. O maior polo de plantações comerciais está nos municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense, enquanto as plantações da Bahia são voltadas para a culinária regional.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Palma (Abrapalma), a cultura do dendê (Elaeis guineenses) ocupa cerca de 235,8 mil hectares no país, sendo 194.760 hectares cultivadas pelas empresas e 41.092 hectares por agricultores familiares/produtores integrados. A atividade garante 12.974 empregos diretos.

A Abrapalma estima, para 2016, uma produção de 406.494 toneladas de óleo de palma, ante 321.398 toneladas no ano passado; e 20.368 toneladas de óleo de palmiste (óleo vegetal comestível derivado da amêndoa da palma) frente às 35.235 toneladas no ano anterior.

A produção de óleo de dendê no Brasil, além de abastecer a tradicional culinária baiana, tem ampla aplicação na indústria cosmética e alimentícia, sendo usado na fabricação de sabonetes, biscoitos, pães e sorvetes. Mas a produção nacional é insuficiente para atender à demanda interna das indústrias e, por isso, o país importa cerca de 200 mil toneladas.

O cultivo de palma de óleo envolve cerca de cinco milhões de famílias de agricultores em 44 países nas Américas Central e do Sul, África, Ásia e Oceania. A produção da palma, principalmente na Indonésia e Malásia, que respondem por 85% da produção mundial, tem sido relacionada a problemas de desmatamento e degradação da biodiversidade.

CAMINHO INVERSO

O Brasil está seguindo um caminho inverso ao do restante do mundo. A produção nacional de palma envolve cuidados para que a cultura não seja um vetor de degradação e desmatamento. Parte do setor tem interesse em agregar valor ao óleo produzido no país e, com isso, ganhar competitividade no mercado internacional.

Há mais de 30 anos atuando na região amazônica, mais especificamente no Pará, a Agropalma mantém 39 mil hectares de palmeiras plantadas e 64 mil hectares de reservas florestais.

“Ao redor das fazendas, há 27 pequenas comunidades, onde estão localizadas as casas de muitos dos funcionários da empresa, pequenos agricultores e fornecedores”, informa André Gasparini, diretor comercial da empresa. “Apenas 12% da produção mundial de óleo de palma são certificadas. No Brasil, esse percentual é de 25%, o que corresponde à participação da Agropalma no mercado nacional”, relata.

A companhia também realiza a capacitação de fornecedores para que possam manter negócios viáveis, de forma a assegurar o fornecimento de produtos e serviços de qualidade, atendendo às conformidades legais e às boas práticas para o manejo sustentável da água.

PROCESSO PRODUTIVO

Segundo Gasparini, o processo produtivo de óleo de palma inclui seis indústrias de extração de óleo bruto, um terminal de exportação e uma refinaria de óleo, todos localizados no Pará.

“Para aproximar a empresa do mercado consumidor interno, inauguramos, em julho deste ano, uma refinaria de produção sustentável, em Limeira, São Paulo, com capacidade de produção de 144 mil toneladas por ano”, informa.

De acordo com o executivo, a Agropalma se dedica à produção de óleo de palma e de palmiste: “Os demais subprodutos produzidos da empresa advêm de blends de óleos vegetais e produtos taylor made (customizados)”.

Ele ainda destaca que cerca de 65% da demanda vêm do setor de alimentos, sendo que grande parte do restante da produção vai para o segmento de cosméticos, que, atualmente, tende a utilizar fontes vegetais, além do setor óleoquímico.

“No momento, o maior interesse da empresa é atender ao mercado interno, especialmente nos Estados do Sudeste e Sul do país. Em razão disso, inauguramos a refinaria multióleos em Limeira”, comenta.

Para 2016, Gasparini prevê um faturamento de R$ 750 milhões e, para o ano que vem, com a nova refinaria em Limeira, a expectativa é adicionar R$ 390 milhões à receita deste ano, totalizando R$ 1,14 bilhões.

SUSTENTABILIDADE

“Os princípios que norteiam as atividades da Agropalma são o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Para cada um hectare de plantação, a empresa mantém 1,6 hectare de floresta conservada (60% a mais que o demandado pela legislação brasileira)”, ressalta o diretor comercial.

O executivo também conta que, desde 2002, a Agropalma assumiu o compromisso público de desmatamento zero: “As reservas florestais da empresa são, anualmente, monitoradas para checagem da população de aves, mamíferos, répteis e anfíbios, num trabalho coordenado pela ONG Conservation International”.

“Nossas florestas são habitat para diversas espécies ameaçadas de extinção. Também vale pontuar que 100% da nossa produção são certificadas”, salienta.

Conforme o diretor, em 2002, a Agropalma obteve a ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, que atestam as práticas voltadas à qualidade de produtos, proteção ao meio ambiente, saúde e segurança dos funcionários em todas as etapas do processo produtivo.

“Em março de 2011, conquistamos o RSPO, certificação que atesta que nossa produção é realizada de acordo com mais de 120 indicadores de sustentabilidade desenvolvidos de maneira conjunta por ONGs, bancos, produtores de óleo bruto, indústrias, entre outras entidades”, garante.

Gasparini informa que a empresa ainda possui as certificações ISO 22000, FSSC 22000 e o Selo Orgânico, emitido pelo IBD: “Graças a essa atuação responsável, em 2012, conseguimos o primeiro lugar no Scorecard do Greenpeace para Produtores de Óleo de Palma. Essas certificações diferenciam nossos produtos no mercado e acabam por qualificar nossos consumidores como empresas comprometidas com o meio-ambiente e a sustentabilidade”.

Por equipe SNA/SP

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