Melhorar a saúde dos animais pode, portanto, reduzir as emissões de GEE por unidade de produto, ao mesmo tempo que melhora a produtividade na pecuária, trazendo benefícios significativos para a segurança alimentar, o bem-estar animal e a saúde pública.
A saúde do gado é crucial para o bem-estar dos animais, a segurança alimentar, a saúde humana e a eficiência na produção agropecuária. Quando os animais estão saudáveis, eles são mais produtivos e aproveitam melhor a alimentação para produzir os produtos desejados. Por isso, observar o gado diariamente, garante a saúde e produtividade na pecuária, confira.
Em contrapartida, animais doentes apresentam menor produtividade, com crescimento e desempenho reduzidos, menor sucesso reprodutivo e uma maior necessidade de tratamentos, o que leva a um aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por unidade de produto animal. Melhorar a saúde dos animais pode, portanto, reduzir as emissões de GEE por unidade de produto, ao mesmo tempo que melhora a produtividade, trazendo benefícios significativos para a segurança alimentar, o bem-estar animal e a saúde pública.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), doenças animais são responsáveis, em média, por 20% das perdas globais de produtividade animal. A mortalidade elevada, a fertilidade reduzida e a produtividade menor devido a doenças e parasitas aumentam a intensidade das emissões tanto em nível individual quanto em rebanhos.
No entanto, os efeitos das melhorias na saúde e no bem-estar animal sobre as emissões de GEE no setor pecuário ainda não foram amplamente estudados. No Reino Unido, uma pesquisa estimou que os custos diretos das doenças do gado, incluindo perda de produtividade, somam £ 274 milhões (R$ 2 bilhões), considerando apenas três doenças. Esse estudo sugere que a adoção de melhores práticas de saúde animal para o gado leiteiro poderia reduzir significativamente as emissões.
Obter uma melhor compreensão dos impactos da saúde e do bem-estar dos animais nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) é complicado pela escassez de dados sobre a incidência de doenças. Mesmo em países desenvolvidos, algumas doenças continuam sendo prevalentes, apesar de seus efeitos bem conhecidos na produtividade. Embora existam medidas de controle economicamente viáveis disponíveis, sua adoção enfrenta várias barreiras.
Assegurar uma alimentação e nutrição adequadas é um princípio fundamental para reduzir a susceptibilidade a diversas doenças. De forma semelhante, manter padrões adequados de bem-estar animal está intimamente ligado à saúde dos animais, sua resistência a doenças e a produtividade do rebanho.
Doenças comuns
As doenças relevantes abrangem uma variedade de condições, como doenças infecciosas, parasitárias e aquelas relacionadas à produção ou manejo, como mastite ou claudicação. Algumas dessas doenças são específicas para determinadas regiões ou sistemas de produção. A distribuição geográfica de algumas delas pode ser afetada pelas mudanças climáticas, e medidas aprimoradas para combatê-las podem trazer benefícios significativos em termos de redução de emissões e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Os benefícios decorrentes do controle aprimorado de qualquer doença dependerão principalmente de seu impacto na produtividade, na disponibilidade e nos custos dos tratamentos. Em geral, o foco estará em aumentar a produtividade animal, incluindo a melhoria do sucesso reprodutivo quando relevante, ou na redução dos riscos para a segurança alimentar e a saúde humana. A redução das emissões de gases de efeito estufa é um benefício adicional resultante do controle eficaz das doenças.
Prevenção, controle e erradicação de doenças
A prevenção, detecção precoce e tratamento imediato de doenças animais são cruciais para promover a saúde e a produtividade dos animais, reduzir a mortalidade e morbidade, e evitar a propagação de surtos. A educação, o acesso a serviços veterinários, o planejamento proativo da saúde do rebanho e a disponibilidade de ferramentas de diagnóstico e tratamento eficazes são elementos fundamentais nesse processo. No entanto, é importante destacar que o acesso a essas ferramentas e serviços ainda é desigual em todo o mundo.
Melhoria na longevidade produtiva dos animais
Em certos aspectos da indústria pecuária, prolongar a vida produtiva dos animais pode reduzir as emissões totais de gases de efeito estufa por produto ao longo do ciclo de vida do animal. Estratégias pertinentes incluem otimizar as taxas de concepção, promover a reprodução mais precoce e estender a vida reprodutiva, além de ajustar a vida útil geral para minimizar as emissões globais de gases de efeito estufa por unidade de produto.
Isso implica em aumentar a longevidade para vacas leiteiras, enquanto reduz o tempo de abate para gado de corte através de taxas de crescimento mais rápidas. Essas metas podem ser alcançadas através de práticas aprimoradas de criação e seleção, melhorando a alimentação e adotando técnicas mais abrangentes de manejo animal para evitar a diminuição na produtividade e o abate precoce de animais doentes ou de baixo rendimento. No entanto, os benefícios da prolongada vida útil do gado leiteiro podem ser limitados quando parte do rebanho leiteiro é destinado à produção de carne.
Fatores-chave para o sucesso
Manter a produtividade e alcançar benefícios econômicos continuará a ser o principal impulso para melhorar a saúde animal. Contudo, destacar de forma mais clara a conexão entre o estado de saúde dos animais e as emissões de gases de efeito estufa pode direcionar e coordenar melhor os recursos nos setores agrícola, de desenvolvimento, segurança alimentar e mudança climática.
Desafios na implementação
A disposição ou capacidade de adotar novas práticas agrícolas e acessar serviços de saúde animal, incluindo os custos iniciais de investimento, podem ser limitados e variar consideravelmente entre diferentes regiões do mundo. Atualmente, há uma consciência muito restrita sobre os benefícios climáticos decorrentes da melhoria do estado de saúde animal.
Perspectiva econômica
Melhorar o estado de saúde animal resultará em maior produtividade, porém a viabilidade econômica dessas medidas depende da incidência inicial da doença, das opções de controle disponíveis e de seus custos, bem como dos benefícios líquidos esperados.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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