Obra em área ambiental causa polêmica em Belém às vésperas da COP30

O governo do Estado, responsável pela estrada, afirma que o traçado escolhido segue o de um linhão de transmissão de energia elétrica e, consequentemente, uma área já desmatada.

Uma obra de uma avenida na região metropolitana de Belém que corta parte de uma área de proteção ambiental virou a mais recente polêmica na preparação do Brasil para receber a cúpula do clima da ONU COP30, apesar de o governo do Estado do Pará negar que haja desmatamento e que a construção tenha relação com o evento, que acontece em novembro.

O trecho de 13 quilômetros da Avenida da Liberdade liga a zona urbana de Belém à alça viária da capital paraense, a rodovia PA-483, e corta uma parte da Área de Proteção Ambiental (APA) metropolitana de Belém, além de margear o Parque Estadual do Utinga. O empreendimento teve a licença ambiental emitida pela Secretária de Meio Ambiental (Sema) do Pará em 2023.

O que está por trás das ideias conflitantes sobre a redução dos estoques de milho do Brasil?

Na licença, a Sema afirma que o impacto ambiental é mínimo dentro da APA, e, com isso, autorizou a obra. O governo do Estado, responsável pela estrada, afirma que o traçado escolhido segue o de um linhão de transmissão de energia elétrica e, consequentemente, uma área já desmatada.

“A obra da Avenida Liberdade não envolve a retirada de moradores e não faz parte do pacote de investimentos federais e estaduais para a COP30. A avenida é um projeto iniciado em 2020, antes mesmo de Belém ser escolhida como sede da COP, e está sendo construída em uma área já habitada há bastante tempo, por onde passa um linhão de energia. O traçado segue justamente a faixa onde a vegetação foi anteriormente suprimida”, disse o governo estadual em nota.

O governo federal também nega que a Avenida Liberdade esteja incluída no pacote de obras de infraestrutura que está sendo feito com recursos federais em preparação para a COP.

“A construção da rodovia não é responsabilidade do governo federal. A obra não faz parte das 33 ações de infraestrutura previstas para a COP30, que acontecerá em novembro deste ano”, disse o governo em nota, depois que uma reportagem do canal britânico BBC ligou a construção à COP e ao desmatamento da área.

Em entrevista à BBC, o secretário de Infraestrutura e Logística do Pará, Adler Silveira, ligou a obra à COP, ao dizer que seria um dos legados do evento para a população.

Para a urbanista da Universidade Federal do Pará (UFPA) Ana Cláudia Cardoso, mesmo que a obra não tenha recursos vinculados diretamente à COP, a preparação da cidade para receber o evento serviu de impulso para a construção.

“Essa é uma obra que se fala há mais de 20 anos, mas havia muita resistência. A necessidade de preparar a cidade para um mega evento acaba dando a justificativa necessária”, disse ela em entrevista à Reuters.

Cardoso também afirmou que dizer que não há desmatamento ou um grande impacto ambiental na obra não condiz com a realidade.

“De fato, na área do linhão de energia há um corte baixo, mas não é o mesmo impacto de uma estrada, não há dúvidas“, disse, lembrando ainda que a estrada, ao contrário das linhas de energia, irá cortar o parque e interromper a passagem de animais silvestres, mesmo que a licença ambiental preveja a construção de grades e túneis para passagem de animais.

O próprio projeto de licenciamento ambiental prevê a “supressão de cobertura vegetal” de 68 hectares, o equivalente a cerca de 95 campos de futebol.

Fonte: Reuters

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM