O que provocou o repique da inflação em 2020?

Em pleno ano de 2020, em que se observou a mais profunda retração econômica dos últimos 30 anos (com queda de 4,06% no PIB brasileiro), a inflação, medida pelo IPCA, subiu 4,52%.

Em estudo, divulgado hoje pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, pesquisadores indicam que, apesar de relativamente elevada, a inflação em 2020 ficou abaixo do que era esperado da perspectiva do final de 2019. E isso ocorreu mesmo com a forte alta no quarto trimestre, que foi marcado pelo aumento do diesel, pelo aquecimento da demanda e pela elevação nos preços agropecuários domésticos e internacionais.

De acordo com o estudo do Cepea, a inflação em 2020 não foi maior devido especialmente ao forte choque de redução do diesel no primeiro semestre. Por outro lado, a inflação não foi menor, em decorrência da desvalorização cambial e, também, dos maiores preços internacionais das commodities e influências domésticas vindas da agropecuária (sobretudo grãos e também pecuária).

O estudo também identificou que parte da carga inflacionária atribuída aos preços agropecuários (IPPA) deveu-se, na verdade, aos aumentos na taxa de câmbio, no diesel e nos preços internacionais.

ESTUDO

Esse estudo, disponível na íntegra no site do Cepea, é o segundo de uma série que vem sendo atualizada periodicamente e que tem como objetivo analisar os efeitos inflacionários dos preços agropecuários. As mudanças na inflação (e em qualquer variável) entre dois momentos podem ser de duas naturezas: esperadas (antecipadas) ou não esperadas (não-antecipadas) tendo em conta as informações disponíveis no momento inicial. As mudanças não esperadas na inflação decorrem de surpresas ou “inovações” nela própria e nos seus determinantes. Como a inflação esperada já terá sido utilizada no processo de decisão dos agentes econômicos, a relevância sobre os movimentos da inflação recai sobre a categoria de imprevistos – foco da análise atual.

MATERIAIS E MÉTODOS

Pesquisadores do Cepea destacam que a base teórica para as análises são os Modelos Híbridos de Curva de Phillips Keynesiana Nova (MHCPKN), relacionando a inflação com seus determinantes. Para avaliar os fatores que geraram variações não antecipadas no IPCA utiliza-se o conjunto de instrumentos desenvolvido no contexto da Metodologia de Vetores Autoregressivos (VAR).

No caso desse atual relatório, foca-se em como os diferentes choques contribuíram para que o IPCA observado em 2020 diferisse do que esperado a partir das informações disponíveis até o quarto trimestre de 2019. São utilizadas diversas informações, obtidas no Cepea, no IBGE, no Banco Central, na ANP, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Instituto Fiscal Independente (IFI).

Fonte: Cepea

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