O que os juízes levam em conta na hora de julgar um ovino?

Especialistas e criadora explicam como funciona a avaliação dos animais na 47ª Expointer; ao todo, 281 animais passaram pela avaliação técnica dos especialistas

O segundo dia de julgamento de ovinos na 47ª Expointer, em Esteio, revelou os grandes campeões das raças Corriedale, Merino Australiano, Crioula, Ile de France, Suffolk e Texel. Ao todo, 281 animais passaram pela avaliação técnica dos especialistas da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco).

A busca pelos melhores exemplares de cada raça faz parte de um processo extenso e criterioso, que começa na admissão dos animais ao Parque de Exposições Assis Brasil. Conforme a superintendente de registro morfológico da Arco, Magali Moura, a primeira etapa é obrigatoriamente conduzida por inspetores da associação.

“Eles são os nossos olhos no campo. Trabalhamos com registro genealógico, que confirma esses animais, e quem acompanha esses criadores desde o nascimento do exemplar são os inspetores técnicos. No julgamento de admissão, se avalia o momento do animal hoje. Se ele participou de uma outra exposição, um mês, dois atrás, pode ser que hoje ele não esteja na mesma condição, não se apresente tão bem. Ou, ao contrário, muito melhor. Mas é verificado na entrada, a sua tatuagem, se esse ovino foi confirmado ou não, se ele está dentro das características da raça, tornando ele apto para participar dessa exposição”, explica Magali.

Vencida essa etapa, o exemplar segue para o julgamento de classificação, que é feito por um jurado efetivo – formado em agronomia, zootecnia ou veterinária e que passa por um processo de treinamento junto à Arco -, ou por um jurado com “notório saber”, como são chamados os exímios conhecedores de uma raça.

O julgamento sempre avalia primeiro as fêmeas em ordem crescente de idade, que disputam os campeonatos dentro de suas categorias etárias. Contam a favor do animal ter uma conformação que respeite as características raciais e a andadura, por exemplo, o que indica boa qualidade genética. Ao final, um grande campeão e um reservado de grande campeão são escolhidos.

Foi o respeito a esses, e a outros critérios, que deram à ovelha CLBL 38 o grande campeonato da raça Merino Australiano. O animal, vindo da Estância São José, de Barra do Quaraí, também recebeu os prêmios de melhor velo e melhor conformação. O jurado João Antônio Fittipaldi explica a razão:

“A raça Merino Australiano é produtora de lã fina, de qualidade. Além dessa característica, temos buscado animais de estrutura corporal interessante, com volume, que sejam profundos, que caminhem bem. No julgamento de hoje, das fêmeas, optamos por um animal de muito boa estrutura, de muita classe, boa feminilidade e mais lisa. Hoje, o Merino Australiano busca animais menos enrugados, com lã mais lisa, por questão de mão de obra nas esquilas. E o animal que se consagrou grande campeão, tem uma finura de lã excelente, de 17 micras, e uma boa quantidade de lã. Hoje, no mercado, a finura da lã é um critério muito importante na comercialização. Quanto mais fina, melhor remunera. Hoje a micronagem que tem um mercado melhor é abaixo de 23 micras. Então seria comercialmente bem interessante”.

Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Merino Australiano, Cassyana Marinelli Costa Comis, diz que o equilíbrio entre a finura da lã e a conformidade do animal é o objetivo perseguido pelos produtores, para que ele renda não apenas lã, mas também carne, o que torna a raça especialmente atraente e garante sua expansão no Brasil.

“O Merino é a raça mãe. Se diz que todas as outras provêm dela, e é a única cuja lã está sendo realmente valorizada pelos mercados internacionais, por grandes marcas, grandes grifes, que procuram essa lã fina. A raça tem uma criação enorme na Nova Zelândia, na Austrália, no Uruguai e na Argentina, e aqui no Brasil também, na região sul do país, onde se adapta melhor”, comenta.

Os resultados completos por raça com seus campeões podem ser conferidos no site da Arco, na aba exposições e depois resultados.

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