Nas últimas semanas, a região Sul do Brasil tem enfrentado grandes desafios devido à passagem de dois ciclones extratropicais que atingiram sua costa.
Ainda há previsões de que novos ciclones possam surgir, levantando o questionamento: seria o El Niño, esperado para este ano, o principal culpado por essa sequência de eventos climáticos?
Primeiramente, é fundamental compreender como os ciclones se formam. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os ciclones são áreas fechadas de baixa pressão atmosférica, onde os ventos giram no sentido horário (no hemisfério sul). Esse movimento direciona a umidade para o centro do ciclone, ou seja, onde há menor pressão. Como resultado, o ar quente e úmido presente nessa região sobe, formando nuvens carregadas que liberam chuva e vento.
Os ciclones extratropicais não são incomuns nas regiões do Rio Grande do Sul e países vizinhos como a Argentina e o Uruguai. Esses fenômenos podem ocorrer ao longo de todo o ano, mas sua frequência é maior no período do inverno, quando as condições se tornam mais favoráveis devido ao contraste de temperatura entre as massas de ar quente e frio. O núcleo desses ciclones é frio, ou seja, trará esse contraste de temperaturas mais baixas que a atmosfera externa.
Nem sempre os ciclones causam grandes estragos, seus impactos dependem da proximidade deles em relação à costa. Em algumas situações, eles se manifestam apenas com ventos e chuvas mais leves, sem provocar danos significativos. No entanto, neste ano, com a presença do fenômeno El Niño, há maior probabilidade de que esses ciclones se intensifiquem.
O El Niño é o grande vilão?
Atualmente em destaque, o El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e elevação das temperaturas globais. Este ano, alguns especialistas dizem que há a possibilidade de que ele evolua para um nível “muito forte”, sendo classificado como um “super El Niño.” É importante compreender que, embora intensifique a atuação dos ciclones, o El Niño não é responsável por sua formação. Esse fenômeno atua de diferentes formas nas regiões do Brasil, e, na região Sul, provoca o aumento significativo da umidade, tornando um momento muito propício para a formação de ciclones extratropicais, com uma maior probabilidade de que esse fenômeno se intensifique, aumentando o volume de chuvas na região.
Até o momento, segundo especialistas, o El Niño tem se comportado de maneira esperada, apesar das fortes chuvas que atingiram o Sul do país e a onda de calor sufocante que irá atuar sobre o Sudeste e o Centro-Oeste. Mas a previsão é que os efeitos ficarão mais fortes nos próximos meses. Segundo o boletim divulgado pelo INMET, que apresenta o monitoramento, previsões e os possíveis impactos do El Niño, entre agosto e o início de setembro, o efeito do El Niño foram as chuvas registradas no Rio Grande do Sul, e nos demais estados, um déficit de precipitação, com volumes abaixo da média histórica na Região Norte.
Para os próximos meses a previsão indica chuvas abaixo do normal esperado nonorte e nordeste do Brasil. Entre a região sul, parte de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a previsão indica chuvas acima do normal. Esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil. Já a previsão de temperatura indica valores acima da média na maior parte do País. Na região central do país, o período é de transição, e não se descartam episódios de chuva expressiva em algumas localidades, principalmente após outubro. Porém a tendência é de chuvas abaixo do normal no final do ano na porção norte desta faixa, o que pode favorecer a ocorrência de incêndios e queimadas.
Há ainda, novos alertas de ciclones para a região Sul, que segundo a MetSul Meteorologia não será tão intenso quanto os primeiros registrados na região neste ano. Um centro de baixa pressão cruzará pelo Rio Grande do Sul e por Santa Catarina, provocando ventos fortes e chuva. A região que já foi alvo de temporal e queda de granizo no fim de semana do dia 23 de setembro, está em alerta para temporais com raios, vendavais e possível granizo a partir da terça-feira (26/09). Embora o El Niño não seja o único fator responsável pelos ciclones extratropicais e elevação da temperatura, ele desempenha um papel importante na intensificação desses eventos. É preciso estar atento às suas previsões e garantir um planejamento para reduzir seus impactos na produção de leite.
Fonte: Milk Point
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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