O que o Dia Nacional da Silvicultura tem a ver com você?

Lei instituída para marcar o Dia Nacional da Silvicultura é importante para marcar avanços e buscar uma conscientização; entenda um pouco mais sobre a importância do setor

Por Eleandro Brun* – Anualmente, comemora-se em 07 de dezembro o “Dia Nacional da Silvicultura”. A data foi instituída pela Lei 12.643 de 2012 para conscientizar os produtores rurais e a sociedade brasileira sobre a importância da silvicultura, que consiste na utilização de técnicas para promover o reflorestamento.

A palavra silvicultura tem origem no latim, com a união da palavra “silva”, que quer dizer floresta e “cultura”, que significa cultivar. A silvicultura é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e expandir as florestas.

A Silvicultura é o conjunto de técnicas e processos de cultivo de florestas, as quais podem ser aplicadas tanto para finalidade econômica, ecológica como múltipla. Apesar de muitos “acharem” que ela envolve também manejo florestal e conservação das florestas, estão enganados, pois cada um tem um conceito e uma aplicação diferente. Como não estamos aqui para discutir conceitos, deixo essa busca para uma próxima publicação.

Arvore Teca
Foto: Emiliano Santarosa

A biodiversidade das florestas brasileiras e seus ecossistemas associados é muito grande, portanto, é um tanto difícil dizer que sabemos cultivar todas as espécies presentes nestes biomas. Sabemos sim, fazer o cultivo de uma quantidade significativa delas e, por aproximação empírica ou com base em pesquisas científicas, rotineiramente, nos aventuramos no cultivo de novas espécies. Além disso, contamos com uma gama importante de espécies exóticas, vindas de outros biomas ou países, que também merecem muita atenção.

Como Engenheiro Florestal atuante na área de silvicultura, afirmo que é uma descoberta nova a cada dia, um novo método de cultivar, uma nova aplicação de produto ou insumo para cultivo, uma nova espécie que conseguimos propagar e produzir mudas ou novas árvores, uma nova praga controlada, um novo inimigo natural, entre tantos temas, pois a silvicultura contempla desde a produção de sementes ou outros propágulos, a produção de novas mudas, o preparo da área e do solo para o plantio da nova floresta, o controle de plantas competidoras, de pragas, doenças, o plantio, replantio, adubação, calagem, tudo com o seu devido cuidado e monitoramento, que só um profissional que estuda muito esses temas, como os Engenheiros e Engenheiras Florestais, conseguem fazer.

Dito isso, penso que não é o fato de termos um “dia da Silvicultura”, instituído pela Lei 12643/2012, sendo comemorado no dia 07 de dezembro de cada ano, que fará com que cada cidadão vire um plantador de árvores de uma hora para outra. A lei é sim, importante para marcar avanços e buscar uma conscientização, mas também deve-se ressaltar a Lei 14876/2024, que excluiu a silvicultura da lista de atividades potencialmente poluidoras, a qual retira de cena uma quase insensatez e sim, incentiva o plantio de florestas com diferentes finalidades.

Após a leitura até aqui, um jovem estudante de ensino médio que estiver lendo, espero, este texto, dirá “ok, ainda não entendi o que tenho a ver com isso”, eu afirmo que um mundo de descobertas, sonhos e realizações está a sua espera em um curso de Engenharia Florestal, onde se estuda muito todo o processo de implantação e condução de uma floresta de qualidade, desde a semente até a floresta formada e pronta para começar a te dar o que foi esperado nos objetivos do projeto desta floresta. Objetivos estes que podem ser desde as florestas de produção de celulose (e sua infinidade de usos), madeira sólida para sua casa ou sem móvel, biomassa e carvão para energia renovável, ou as florestas geradoras de serviços ecossistêmicos de recuperação de áreas degradadas, proteção do solo, da água, da biodiversidade, da qualidade de vida urbana e, também, bases de nossa segurança alimentar.

Acredito ainda que um dos maiores propósitos que podemos ter é o de sermos cidadãos e cidadãs sustentáveis, e a produção de bens e serviços das florestas é apenas um dos aspectos. Plantar e cuidar das florestas é ainda um grande propósito colaborativo ao planeta, pois esta “máquina de sequestrar carbono” que podemos plantar e cuidar é, sem sombra de dúvida, a mais eficiente máquina de combate às mudanças climáticas que cada pessoa pode acessar, plantar, cuidar e, acima de tudo, conhecer mais.

Fica o desafio a todos e todas, principalmente aos jovens cidadãos deste país, que venham conhecer os cursos de Engenharia Florestal espalhados pelo Brasil e participem deste grande projeto que é tornar nosso planeta um lugar melhor, com mais florestas, com mais ar de qualidade, com a conservação da água e do solo, com a produção de alimentos, tanto no meio rural como no urbano. A atividade de silvicultura é parte de tudo isso e você estará diretamente ligado a ela. Tenhamos esse propósito, o planeta espera isso de nós!

Eleandro Brun é Engenheiro Florestal, Dr. – Professor da UTFPR Dois Vizinhos, Coordenador da Câmara Especializada em Engenharia Florestal do CREA-PR, Secretário Geral da SBEF (Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais).

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