O que está reduzindo a inflação ao consumidor

Braz destaca também o comportamento da energia, um preço monitorado, que recuou 1,6% na primeira prévia de julho, reflexo da redução de ICMS.

Preços monitorados e efeitos sazonais contribuíram para a desaceleração dos preços ao consumidor dentro da primeira prévia de julho do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) .

O índice, calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), registrou alta de 0,28% no primeiro decêndio, contra 0,39% na primeira medição do mês anterior.

O que causou a desaceleração dos preços?

A resposta está no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do IGP-M, e que subiu 0,42%, contra 0,56% na primeira medição de junho, e no Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que responde por 10% do índice e teve alta de 1,37%, contra 3,05% no primeiro decêndio de junho.

Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60%, ficou em 0,12% na primeira medição do mês, contra 0,05% na primeira prévia de junho.

Sazonalidade, combustível e energia

André Braz, coordenador do IPC, ressaltou que a sazonalidade de alimentos in natura contribuiu para a desaceleração dos preços ao consumidor em julho. Como exemplo, citou o comportamento da batata inglesa e do tomate, que recuaram, respectivamente, 12% e 16% na primeira prévia de julho.

“No inverno, a produtividade desses alimentos aumenta. Produtos de feira livre ficam mais baratos no inverno e o tomate e a batata mostram isso”, diz Braz.

Além disso, o etanol — que influencia o valor cobrado da gasolina na bomba — recuou 6,7% em igual período.

Braz destaca também o comportamento da energia, um preço monitorado, que recuou 1,6% na primeira prévia de julho, reflexo da redução de ICMS que alguns estados já tinham adotado na época da coleta, de 21 a 30 de junho.

Efeito da queda do ICMS ainda está por vir

O economista do FGV Ibre acredita que “o IPC ainda vai recuar mais” e ressalta que a tendência é que as próximas coletas registrem mais fortemente as quedas do ICMS na gasolina e na própria energia elétrica.

“Levando em conta que todos os estados praticamente já fizeram a redução de ICMS, isso vai fazer a inflação recuar ao consumidor fortemente esse mês”, afirma, destacando que na primeira prévia a “gasolina ainda é vilã”, uma vez que a coleta ainda pegou os efeitos do último reajuste de 5% nas refinarias.

No caso do IPA, a dinâmica de captação faz que a redução do ICMS não influencie tanto nos combustíveis, uma vez que a coleta é feita na refinaria, antes da incidência do imposto. “Pode ser que o IPA, influenciado por essa dinâmica de combustíveis, continue em aceleração”, diz Braz.

Mas o economista também estima uma queda dos preços no atacado no curto prazo. Ele lembra que o IPA vai captar o reajuste dos combustíveis na refinaria até que ele complete 30 dias, em 17 de julho. “Mas depois acho que o IPA também vai desacelerar, perdendo fôlego nos combustíveis. E o mundo está com risco de recessão crescente”, salienta.

Braz lembra o tombo recente das cotações do petróleo e a queda de preços de commodities agropecuárias como milho e soja. “No caso do IPA, soja, milho já começam a mostrar inversão em suas tendências, parecem que eles vão recuar um pouco. Havendo recuos nas grandes commodities e passando o aniversário dos combustíveis, o IPA se junta ao IPC nessa tendência de desaceleração”, afirma Braz.

Fonte: Valor Econômico
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