Menor demanda pressionou as cotações em janeiro, mas a semana encerrou com alta no preço, frigoríficos estão sem estoques e precisam compor escalas de abate defasadas!
A pecuária de corte teve um forte movimento de correção ao longo do mês de janeiro. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a situação é natural, levando em conta a mudança do perfil de consumo no decorrer do primeiro bimestre.
“No geral, o consumidor médio está descapitalizado nesse período do ano, estrangulando a demanda; um comportamento muito mais comedido se comparado ao período das festividades de final de ano. O volume exportado também foi menor se comparado ao último trimestre, com uma presença menos marcante da China no mercado”, destacou.
“Com o arrefecimento do consumo, tanto interno quanto externo, o escoamento da carne torna-se mais lento, oferecendo as condições necessárias para que os frigoríficos testem o mercado de maneira mais enfática”.
Esse movimento de pressão, nos últimos dias, perdeu força. “Os frigoríficos encontram maior dificuldade na compra de gado, natural diante da relutância dos pecuaristas em negociar nos preços vigentes”, explicou. Diante desse cenário, os frigoríficos acabaram reduzindo seus estoques, já que o mercado começou a se aquecer com a demanda interna. Além disso, como os pecuaristas estão mais atentos ao mercado, não terá força o movimento de pressão de baixa que os frigoríficos tentam impor.
Conforme o analista, a capacidade de retenção segue positiva, avaliando a boa condição das pastagens neste momento. Ele ainda observa que uma eventual recuperação da demanda no decorrer de fevereiro pode contribuir para a retomada do movimento de alta.
“No entanto, os patamares alcançados dificilmente vão repetir os números do último novembro”, finalizou.
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Segundo o analista da Safras, o escoamento mais lento também se deve às exportações enfraquecidas, com a China menos atuante. “Isso deve acabar mudando nas próximas semanas e meses. A China ainda vive um quadro delicado de peste suína africana, o que gera necessidade de importação”, diz.
Para Iglesias, a desvalorização registrada na arroba do boi gordo deve perder força e a reação pode acontecer em breve. O presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres, espera preços mais firmes em relação a janeiro. “Há o retorno das aulas do ensino básico e das universidades, teremos um consumo mais robusto em função disso”, diz.
Além do retorno das aulas, a diretora da Agrifatto, Lygia Pimentel, afirma que a oferta restrita de animais para abate também deve sustentar as cotações. “Apesar de estar chovendo e as pastagens estarem em boas condições, não deu tempo para o boi estar pronto. A chuva no ano passado demorou mais. Muitos pecuaristas também anteciparam o abate de animais para aproveitar as altas observadas em dezembro, de até R$ 10 por dia”, diz.
Compre Rural com informações do Canal Rural, Scot Consultoria e Agências