O que é ultrassom de carcaça e quais seus benefícios?

Você conhece o ultrassom de carcaça? Sabe quais são seus usos e benefícios? Se não sabe, vamos conhecer essa forma de avaliar os animais em vida garantindo uma melhor visão quanto qualidade de carcaça, economia na produção e bem estar animal.

O primeiro uso no Brasil é datado em 1992 em uma prova de ganho de peso sob coordenação do Professor Raysildo Barbosa Lôbo, o professor Jaime Urdapilleta Tarouco foi o primeiro brasileiro a receber treinamento para realização de ultrassom, que foi realizado em Ames, EUA no ano de 1994. Em território nacional o primeiro treinamento ocorreu no ano de 1997, em Uruguaiana, Rio Grande do Sul. O Departamento de Zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) qualificou técnicos de nacionalidade Argentina, Uruguaia, Paraguaia, panamenha e Brasileira, o que popularizou o uso da técnica no país.

O ultrassom de carcaça possui funcionamento igual aos tradicionais, tendo sua diferenciação na probe utilizada. Basicamente, emite ondas que refletem nas estruturas corporais (ossos e músculos) e projetam uma imagem em um monitor de acordo com esta reflexão, possibilitando visualizar e avaliar diversos parâmetros. A probe ou transdutor é especifica para tal avaliação e se diferencia das outras em formato, comprimento de onda e MHz (megahertz). Por exemplo para avaliação de carcaça a probe possui 3,5 Mhz e para avaliações reprodutivas onde se realiza a palpação retal nos bovinos, a probe possui 7,5 MHz.

Foto: Marcio Peruchi

Existem três principais avaliações: a área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS) e marmoreio. Sobre a 12° e 13° costela do animal em cima do músculo Longissimus dorsi, popularmente conhecido como contra filé são mensurados AOL e EGS.

A área de olho de lombo é usada para determinar a quantidade total de carne e rendimento de carcaça, fatores importantes para o abate dos animais visto que, esta avaliação pode indicar um animal que ainda não está pronto para a comercialização.

O EGS mostra a deposição de gordura na carcaça, o que confere acabamento e proteção para a carne após o abate. A gordura serve como isolante térmico, prevenindo que a carne sofra queimaduras e perda excessiva de água, o que torna a carne muito rígida e ruim para o consumo.

O marmoreio é avaliado entre a 11° e 12° costela e diz sobre a gordura entremeada a carne. Esta gordura traz maciez, suculência e sabor para o produto, o que o torna mais atrativo.

Com essas três avaliações podemos definir o ápice produtivo do animal seja em carne ou gordura, para que seja feito o abate no momento certo. Um animal abatido no momento errado gera perdas produtivas e poderia ser comercializado por valor maior.

Animais abatidos com pouca gordura na carcaça são menos valorizados, recebendo valores inferiores. A falta de gordura cutânea gera um tipo de carne chamada DFD, do inglês Dry, Firm and Dark ou em português Seca, Dura e Escura. Carnes DFD ocorrem pela falta de gordura na carcaça pois sua ausência faz com que a carne perca água e sofra queimadura pelo frio.

Portanto, adoção do ultrassom é fundamental para otimizar a produtividade dos rebanhos brasileiros, permitindo o abate dos animais no momento ideal. Além de contribuir para a precisão na avaliação da condição corporal e do nível de acabamento de carcaças, essa técnica proporciona ganhos econômicos significativos, como a redução de custos com alimentação e manejo desnecessários. Também promove o bem-estar animal, já que é um método não invasivo e indolor, minimizando o estresse dos animais e melhorando a qualidade final da carne produzida.

Autores*: Guilherme Antonio Alves dos Santos, Marco Antônio Pereira da Silva e Tiago do Prado Paim

Referências bibliográficas com os autores

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