Meteorologistas explicam que o cálculo da sensação térmica leva em consideração fatores como a umidade e a velocidade do vento.
Na última semana do verão, uma intensa onda de calor varreu o país, colocando diversos Estados brasileiros em estado de alerta, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Recordes de temperatura foram quebrados em cidades do Paraná, Mato Grosso e São Paulo, onde os termômetros se aproximaram dos 40°C.
Além dos números altos registrados pelos termômetros, a sensação térmica tornou o ambiente ainda mais desconfortável e quente, afetando tanto pessoas quanto animais e plantas. No fim de semana, o Rio de Janeiro também enfrentou recordes de calor. Em Guaratiba, no sábado (16/3), a sensação térmica atingiu incríveis 60,1°C, enquanto no domingo (17/3) chegou a 62,3°C, de acordo com os dados do Sistema Alerta Rio.
Mas afinal, o que é sensação térmica?
A sensação térmica é a percepção subjetiva que uma pessoa tem da temperatura quando exposta às condições ambientais. Ela não depende apenas da temperatura real do ar, mas também é influenciada pela umidade e pela velocidade do vento, como explica Willians Bini, meteorologista e Chief Climate Officer (COO) da FieldPRO.
Por exemplo, em dias em que tanto a temperatura quanto a umidade estão elevadas, a sensação térmica será maior do que a temperatura indicada pelos termômetros. Isso ocorre porque o corpo humano tem dificuldade em se resfriar por meio da transpiração em condições de alta umidade.
A sensação térmica não se limita apenas ao calor. Em dias frios e ventosos, a temperatura real pode ser significativamente menor do que aquela percebida pelas pessoas, devido ao efeito do vento que provoca um resfriamento adicional na pele.
Bini enfatiza que a sensação térmica é uma medida mais precisa de como o clima realmente afeta o conforto das pessoas, pois leva em consideração fatores que influenciam tanto a percepção de frio quanto de calor.
Mas como exatamente a sensação térmica é calculada?
Não existe um dispositivo específico ou termômetro que possa determinar a sensação térmica de um ambiente. Ela é calculada por meio de equações que levam em conta variáveis como temperatura, umidade e vento. Dessa forma, podemos obter a temperatura percebida pelos seres humanos, explica o meteorologista.
Um dos índices utilizados para esse cálculo é o Wind Chill, que leva em conta não apenas a temperatura do ar, mas também a velocidade do vento, fornecendo a temperatura sentida na pele. Por outro lado, o Heat Index foca mais nos efeitos da umidade na percepção térmica.
Impactos da sensação térmica em humanos, plantas e animais
Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, ressalta que a sensação térmica afeta igualmente todas as formas de vida. No entanto, os seres humanos têm a capacidade de se abrigar em locais com sombra ou equipados com ar condicionado, permitindo que controlem sua temperatura corporal.
“Se os animais não conseguem encontrar um abrigo, também serão afetados pela sensação térmica. O mesmo acontece com as plantas, que sofrem ainda mais devido à exposição direta à radiação solar e à sua incapacidade de se mover. Quanto mais limpo o céu, maior a incidência de radiação solar e, consequentemente, maior a temperatura nas folhas”, explica.
O especialista destaca que as partes expostas das folhas, como o dorso, são as que apresentam as temperaturas mais elevadas. “Durante a onda de calor que assolou o país em novembro de 2023, registrei uma sensação térmica de 67ºC em uma plantação de soja no Mato Grosso. Essa temperatura é extremamente elevada e pode levar à desidratação das plantas”.
Em grandes plantações, uma das alternativas para proteger as plantas é o uso de palha para cobrir e proteger o solo, pois o solo exposto retém mais calor. No entanto, esse método é apenas paliativo e não é considerado uma solução definitiva diante de períodos prolongados de calor e falta de chuva.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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