Também conhecida como halita, o sal-gema é uma matéria-prima versátil para a indústria química, sendo utilizada na produção de soda cáustica, bicarbonato de sódio e outros produtos; conheça
Parte dos habitantes de Maceió, capital alagoana, enfrenta dias de tensão e incerteza. A prefeitura decretou situação de emergência na última quarta-feira devido ao iminente colapso em uma das minas de sal-gema exploradas pela petroquímica Braskem no bairro do Mustange. Esta decisão é apenas um capítulo de uma narrativa que se desenrola desde 2018, quando afundamentos foram registrados em cinco bairros, obrigando cerca de 60 mil moradores a abandonarem suas casas.
O risco iminente de colapso em uma das 35 minas sob responsabilidade da Braskem tem sido monitorado pela Defesa Civil de Maceió. O avanço no afundamento desencadeou o alerta, com a petroquímica admitindo a possibilidade de um grande desabamento na área. Contudo, ela sugere que há também uma chance de o solo se acomodar. Um eventual colapso poderia resultar em um tremor de terra e criar uma cratera maior que o estádio do Maracanã, com consequências ainda incertas. O governo federal está atento à situação, mas as medidas para conter a crise ainda não estão claras.
O sal-gema e sua importância na indústria
O foco de exploração em Maceió esteve inicialmente na produção de dicloroetano, utilizado na fabricação de PVC. Desde que inaugurou uma unidade industrial em Marechal Deodoro, vizinha a Maceió, em 2012, a Braskem se tornou a maior produtora de PVC no continente americano. Outras indústrias, como celulose e vidro, também empregam a sal-gema em seus processos.
Diferentemente do sal de cozinha, a sal-gema é encontrada em jazidas subterrâneas formadas ao longo de milhares de anos pela evaporação de porções do oceano. Também conhecida como halita, é uma matéria-prima versátil para a indústria química, sendo utilizada na produção de soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente, pasta de dente, produtos de limpeza, higiene e até mesmo em produtos farmacêuticos.
No mercado internacional, o Brasil é um ator relevante na exploração de sal-gema, com números da Agência Nacional de Mineração (ANM) apontando para 7 milhões de toneladas em 2002. Entretanto, China (64 milhões de toneladas), Índia (45 milhões) e Estados Unidos (42 milhões) lideraram a produção mundial com números significativamente mais elevados.
Histórico da exploração em Maceió e a crise atual
A exploração das minas em Maceió começou em 1976 com a empresa Salgema Indústrias Químicas, que foi estatizada e posteriormente privatizada. Em 1996, a empresa mudou de nome para Trikem e, em 2002, fundou-se com outras empresas menores para se tornar a Braskem, com controle majoritário do Grupo Novonor e participação acionária da Petrobras. Atualmente, a Braskem opera não apenas no Brasil, mas também em outros países como Estados Unidos, México e Alemanha.
A exploração em Maceió envolveu a escavação de poços até a camada de sal, que poderia estar a mais de mil metros de profundidade. A água era então injetada para dissolver a sal-gema e formar uma salmoura, que, por meio de pressão, era trazida à superfície. Após a remoção, os poços foram preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo.
O problema atual em Maceió surgiu de vazamentos dessa solução líquida, resultando em buracos na camada de sal. Pesquisadores sugerem que falhas geológicas na região podem estar relacionadas ao ocorrido. Isso levou a um tremor de terra em março de 2018, causando afundamentos nos bairros Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
Diante dos novos tremores e rachaduras em casas e ruas, a Braskem encerrou a exploração das minas em maio de 2019. A empresa alega ter pago R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para os moradores. Uma parcela dos atingidos busca reparação através de processos judiciais. O caso também é discutido em ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF).
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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