Até o momento, não existem estudos completos que demonstrem o efeito de uma dieta baseada exclusivamente no consumo de carne por um longo período.
O ser humano é uma espécie onívora, ou seja, o metabolismo funciona a partir da digestão de fontes vegetais e animais de alimentos, como folhas, frutas, sementes e carnes. No entanto, algumas correntes defendem uma alimentação de origem 100% animal — o oposto do veganismo —, o que pode ser perigoso e tem efeitos desconhecidos no funcionamento do corpo.
Embora há quem defenda o consumo apenas de carnes e seus derivados (leites e queijos), é preciso lembrar que “a anatomia de nossos cérebros, dentes e intestinos mostra que evoluímos como onívoros altamente engenhosos e flexíveis”, pontua a cientista de alimentos e especialista em nutrição, Wendy Hall, para a revista Science Focus.
O que acontece com o corpo de quem consome apenas carne?
Até o momento, não existem estudos completos que demonstrem o efeito de uma dieta baseada exclusivamente no consumo de carne por um longo período. Muito provavelmente porque a exclusão completa dos vegetais não faz sentido do ponto de vista evolutivo ou nutricional.
“As únicas fontes de informação disponíveis são relatórios anedóticos e depoimentos, apontando para melhor controle de peso, melhor saúde cardíaca e metabólica, função cognitiva superior, menor inflamação, melhor função digestiva e resolução de doenças autoimunes”, explica Hall.
Apesar desses relatos parecerem positivos, é importante observar que não têm grande validade do ponto de vista científica. Aqui, cabe destacar que uma das principais formas de levantar evidências científicas é através da comparação. Em outras palavras, você prova algo comparando o efeito de algo com alguém que não fez aquilo. Isso vale para remédios e também para dietas. Através de depoimentos, é quase impossível comparar resultados.
Efeitos colaterais de uma dieta exclusivamente de origem animal
Mesmo não se sabendo o que vai ocorrer com o corpo de quem come apenas itens de origem animal a longo prazo, é possível indicar quais devem ser os primeiros efeitos adversos dessa dieta:
- Mau hálito;
- Constipação (intestino preso);
- Diarreia;
- Dores de cabeça;
- Perda de massa.
Estes efeitos colaterais são conhecidos, porque são os mesmo de quem entra em um estado de cetose. É quando o corpo esgotou todos os seus estoques de glicogênio e começa a decompor a gordura para ser usada como fonte de energia, em vez da tradicional glicose. A estratégia é usada por algumas dietas, mas apenas em períodos pontuais.
Urina deve se tornar um poluente do meio-ambiente
Anteriormente, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, revelaram que pessoas que consomem carne em excesso — dietas muito ricas em proteínas — contribuem com a poluição do meio-ambiente de uma forma inusitada: a urina desses indivíduos se torna um potente poluente.
Em rios e em outros tipos de ambientes aquáticos, este tipo de xixi (quando não é tratado) pode formar zonas mortas, sem oxigênio. Em teste, um dieta 100% de origem animal pode ser ainda mais perigosa para o meio-ambiente.
As fibras são fundamentais para o organismo
“Cortar frutas, vegetais, sementes e grãos integrais na dieta carnívora significaria ingestão zero de fibras”, lembra a pesquisadora Hall. Além de regular o trânsito intestinal, este tipo de alimento reduz o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer colorretal. Por outro lado, o alto consumo de carne vermelha e processada aumenta esse risco.
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Para além da questão das fibras, o consumo de fontes vegetais de alimentos oferecem uma gama muito rica de nutrientes, como potássio, vitamina C, folato e muitos outros. Também é desconhecido os efeitos da eliminação completa deste tipo de alimento no microbioma intestinal, o que pode favorecer o aparecimento de bactérias e infecções mais resistentes.
Fonte: Science Focus
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