Olhar apenas para dentro da porteira é o maior erro do pecuarista que deseja alcançar o lucro na engorda dos animais. Veja!
A grande pergunta que paira sobre os pecuaristas no momento é: “ o meu confinamento vai ser lucrativo?”. Sim! Essa deveria ser a resposta que todos estariam tendo neste momento, onde a fase de planejamento já está findando e é preciso colocá-lo em prática. Então, onde está o maior erro do pecuarista?
Andando a campo e conversando com os pecuaristas e técnicos, tenho observado que a maior dificuldade para o sucesso na atividade está em olhar para “fora da porteira”. É espantoso ver que mais de 80% dos pecuaristas ainda não se preocupam com a análise do mercado na hora de realizar o seu planejamento estratégico.
Quando trabalhamos com dados reais e análises de cenários, a precisão do planejamento é muito mais criteriosa, além de trazer uma maior segurança para o pecuarista. Com o planejamento realizado dessa forma, a tomada de decisão é sempre mais assertiva do que em situações que se trabalham utilizando apenas médias gerais.
Saber produzir silagem, utilizar o melhor núcleo, aditivos corretos, nutrição de qualidade, infraestrutura de ponta e animais com alto valor genético são fatores fundamentais para engorda dos animais, mas não garante lucro para o produtor. O nível de habilidade para efetuar os três pilares, abaixo descritos, são fundamentais para o sucesso financeiro da operação:
“O confinamento, independente do número de animais, é uma tecnologia que demanda conhecimento e, principalmente, gestão eficiente.”
O sucesso na compra dos animais é imprescindível, já que esse representa, em média, 70% dos custo de um confinamento. Escolher a melhor raça ou cruzamento, peso de entrada, idade e sexo dos animais são fatores importantes na hora da compra, assim como o melhor momento para negociar esse animal.
Quando o pecuarista vai comprar os seus insumos, ele precisa estar atento ao planejamento nutricional e a sua capacidade de estocagem, garantindo que, dessa forma, irá comprar quando o mercado apresentar melhores ofertas de preço baixo. Lembrando que os custos com nutrição representam, em média, 25% dos custos totais.
Para ilustrar a venda dos animais, vamos trazer aqui um planejamento para explanar a grande diferença para o pecuarista que é eficiente dentro e fora da porteira, ou seja, o que produz com qualidade e negocia com habilidade.
No planejamento abaixo, estamos trabalhando com um rebanho de 1000 animais para engorda. São animais nelore, com média de peso de 13@ que ficarão confinados por um período de 80 dias.
Tabela 1. Composição dos custos totais por animal do confinamento.
Como supracitado, os nossos dois pilares – compra de animais e insumos – representam 71,18% e 27,77%, respectivamente. O terceiro pilar, é saber vender os animais e esse será fundamental para o lucro final da atividade, veja na tabela 3.
Estamos trabalhando esse ano, com margens ainda mais apertadas, segundo mostra a tabela 2. Veja que o custo por @ colocada é de R$ 133,88, maior valor dos últimos anos, com uma diária que ultrapassa os R$ 9,00. Saber negociar os insumos pode ajudar a reduzir esses custos, aumentando a margem de lucro.
Tabela 2. Parâmetros dos custos para análise.
Para garantir o sucesso diante desses custos tão altos, o pecuarista deve utilizar dados reais e desenhar alguns cenários para a venda desses animais. Veja a simulação na tabela 3, onde colocamos algumas possíveis situações para o mercado do boi gordo.
Tabela 3. Cenários de venda dos animais, resultado por lote de 1000 animais.
- Gigante do confinamento acelera engorda e parceiros economizam, em média, R$ 132,80/boi
- Confinamento de gado em Mato Grosso bate recorde com mais de 890 mil cabeças em 2024
- Do fundo ao topo: alta da arroba traz lucro recorde ao confinamento
- Green Farming solicita recuperação judicial com dívida de R$ 307 milhões
- Uso de solo-cimento em confinamentos: Veja o que é e as vantagens
De acordo com a tabela, o pecuarista que está de olho no mercado sabe que é preciso negociar esses animais com o valor da arroba acima de R$ 145,00. Assim, ele tem que ter em mente que será preciso segurar os animais mais um pouco ou, ser ainda mais eficiente, trabalhar com um contrato futuro. Dessa forma, ele consegue travar o seu preço e já saber qual será sua taxa de retorno na atividade.
Em resumo, o pecuarista que não utiliza uma gestão eficiente e com um olhar para fora da porteira, dificilmente terá lucro na atividade esse ano. Sendo assim, o “porquê” do confinamento não ser lucrativo está na falha da pecuarista em não utilizar o cenário “fora da porteira” para realizar seu planejamento.
*Matéria publicada originalmente na Revista Agron Edição 2019 – Nº 63 – Ano 07.
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