Apesar dos danos aos cultivos, analistas esperam que a atual situação seja menos duradoura do que na temporada 2015-2016.
Com a declaração oficial do fenômeno El Niño pelo Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (Ideam), que se estima atingirá sua máxima intensidade nos meses de dezembro e janeiro, já se vislumbra o impacto na economia. A redução das precipitações afetará significativamente setores cruciais, como pesca, produção agrícola e florestal, conforme apontado por especialistas.
Na categoria de tubérculos e frutas, como mamão e banana, e de modo geral, as culturas nas regiões do Pacífico, Caribe e Andina serão particularmente vulneráveis à intensidade e à prolongada duração do El Niño. Um estudo realizado pelo grupo de Pesquisa Econômica Corficolombiana indica que, historicamente, o PIB do setor agrícola apresenta uma redução de cerca de 0,5 ponto percentual nos períodos de ativação do El Niño.
O impacto do fenômeno El Niño no setor agrícola é evidenciado por condições de menor pluviosidade, resultando em uma diminuição na oferta de produtos agrícolas e pecuários. Essa situação tem exercido pressão inflacionária nos preços dos alimentos ao longo de duas décadas, especialmente em culturas perecíveis.
Juan Camilo Pardo, analista de Pesquisa Econômica da Corficolombiana, destaca que “o PIB do setor agrícola, em geral, cresce 0,5% menos nos períodos do fenômeno El Niño, justamente porque tem um impacto significativo na produtividade e no rendimento, especialmente de culturas perecíveis, tubérculos, como mandioca e outros.”
De acordo com a Corficolombiana, o fenômeno El Niño tem impactado negativamente os rendimentos agrícolas, com quedas significativas em culturas como fique (-12,6%), mandioca (-7,6%), palma (-7,3%), cevada (-6,8%), leite (-4,9%), arroz (-4,8%), batata (-4,6%), milho (-4,5%), entre outras.
Prevê-se que a intensidade do El Niño alcance seu ápice em dezembro, conforme as projeções do Ideam e de agências climáticas internacionais, como a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa). Espera-se que os efeitos do fenômeno se atenuem ao longo da primeira metade de 2024.
Embora haja a previsão de um impacto significativo na produção agrícola do país, a duração prevista do El Niño não deve ser tão prolongada quanto no último evento ocorrido entre 2015 e 2016. Isso leva os especialistas a sugerirem que o impacto, embora notável, pode não ser tão severo.
Jorge Bedoya, presidente da Sociedade Colombiana de Agricultores (SAC), ressalta a importância de variáveis como a intensidade e a duração do fenômeno, destacando que o impacto na oferta de alimentos pode variar significativamente dependendo das regiões afetadas.
Álvaro Palacio Peláez, presidente da Associação Colombiana de Horticultura (Asohofrucol), alerta para o impacto do tempo seco na produção nacional de frutas e vegetais, especialmente em áreas desprovidas de sistemas de irrigação ou água disponível, como as Caraíbas, onde a escassez de água é uma realidade em grande parte da região.
O Governo Nacional, por meio do Ideam, oficializou o fenômeno El Niño em 3 de novembro, após atender aos critérios técnicos, incluindo a anomalia de temperatura no Oceano Pacífico que persistiu por cinco trimestres consecutivos. O tenente Giovanni Jiménez Sánchez, vice-diretor de Meteorologia, destaca que, apesar das chuvas recentes, o El Niño tem causado um déficit nas precipitações, e com a chegada da estação seca, espera-se um agravamento desses impactos, incluindo o aumento das temperaturas.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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