Caso perspectiva de especialista se concretize o Brasil seria o segundo maior consumidor per capita de carne no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos
A produção brasileira de carnes está projetada para alcançar 30,8 milhões de toneladas na safra 2023/2024, representando um aumento de 2,7% em relação à produção anterior, conforme divulgado pela Conab. Contudo, a projeção mais impressionante está no cenário de consumo interno. De acordo com a Consultoria Cogo Inteligência Agro, o consumo per capita de carnes no Brasil atingirá um recorde em 2024, estimado em quase 103 kg por habitante.
A carne suína ocupa o terceiro lugar, mas espera-se que mostre a curva de crescimento mais significativa. Para 2024, o consumo esperado é de 21 kg por habitante, marcando um aumento de 4% em relação a 2023. Anteriormente menos preferida, a carne suína se tornou uma opção viável para os consumidores. Vários fatores explicam essa mudança. Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador de pecuária no Cepea da Universidade de São Paulo, cita preços mais baixos como a razão principal. Além disso, esforços de marketing na cadeia de produção tornaram o alimento mais atraente.
Carlos Cogo, consultor em agronegócio, enfatiza que esse consumo colocaria o Brasil como o segundo maior consumidor per capita de carne no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e ultrapassando a Austrália.
Diversos fatores contribuem para esse resultado expressivo. O Brasil emergiu como um grande produtor global de carnes, liderando as exportações mundiais. A oferta interna aumentou, impulsionada pela competitividade da carne brasileira no mercado internacional. Além disso, a melhoria na massa salarial, a redução da taxa de desemprego e os preços mais baixos das carnes têm impulsionado o consumo.
A análise técnica mostra que o consumo per capita de carne bovina no Brasil tem diminuído, enquanto o de frango e suíno tem aumentado significativamente. A carne suína, em particular, experimentou uma mudança de comportamento dos consumidores, tornando-se uma alternativa atrativa.
No que diz respeito aos preços, há uma perspectiva de aumento, especialmente para a carne bovina, à medida que o ciclo de oferta pecuária encerra, levando a uma valorização dos preços dos bezerros. Apesar dos desafios, o cenário para suprir o aumento na demanda é considerado desafiador, mas as margens de rentabilidade na pecuária devem se recuperar em 2024.
Cenário atual do mercado de carnes no Brasil
Em recente palestra o consultor da Safras & Mercado Fernando Iglesias disse que o padrão delimitado para o primeiro bimestre aponta para o consumo de proteínas mais acessíveis. Os frigoríficos tentam fazer compras abaixo da referência média nas praças paulistas, com negócios no máximo a R$ 245 a @ a prazo.
Sobre as tendências 2024, Iglesias realçou que o Brasil produzirá volume recorde de carne de frango e de carne suína em 2024. Com esses segmentos apostando no mercado externo, a produção de carne bovina será timidamente menor (o descarte de matrizes em 2023 impactará em mudanças no setor) e o Brasil seguirá como melhor alternativa de fornecimento global de carne de frango e de carne bovina.
Além disso, há potencial para real mais desvalorizado em meio ao contexto geopolítico tumultuado, somado à questão doméstica. A situação dos concorrentes brasileiros coloca o país em grande evidência nos embarques de carne bovina e carne de frango. “Problemas sanitários, em especial influenza aviária, são fatores de risco que precisam ser mencionados. O setor carnes deve priorizar as exportações”.
Por fim, o especialista frisou que o Brasil tende a manter a liderança global dos embarques de carne bovina e de frango em 2024 apesar dos problemas sanitários que cercam o país. O ciclo pecuário tende a iniciar o processo de inversão em 2024; o mercado de grãos se depara com incertezas exigindo estratégia por parte dos consumidores; a avicultura e a suinocultura tentam moldar sua produção de acordo com os desafios que o mercado apresenta e, em 2024, a indústria frigorífica seguirá focada nas exportações e na busca por novos mercados.
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