O combate ao fogo começa com uma boa gestão

A temporada seca começou no Pantanal com um cenário alarmante, com chuvas abaixo do esperado e uma vegetação mais seca do que o usual, a previsão de aumento dos incêndios florestais já era evidente.

No entanto, os primeiros dados indicam uma situação crítica que pode se assemelhar ao ano de 2020, quando o bioma enfrentou um recorde de áreas queimadas. Até o início de junho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou um aumento superior a 900% nos focos de incêndio, afetando mais de 32 mil hectares.

Esses números são um alerta significativo tanto para o meio ambiente quanto para as empresas que operam com ativos naturais, expostos aos riscos exacerbados pelas condições climáticas extremas. Em particular, setores como florestas plantadas, milho, cana, algodão e pecuária enfrentam riscos elevados./

Investimentos em prevenção e combate

A temporada seca começou no Pantanal com um cenário alarmante, com chuvas abaixo do esperado e uma vegetação mais seca do que o usual, a previsão de aumento dos incêndios florestais já era evidente.

Empresas de grande porte têm investido significativamente em prevenção e combate a incêndios. A Raízen, maior empresa brasileira do setor sucroenergético, anunciou recentemente um investimento de R$ 164 milhões em equipamentos como caminhões-pipa, sistemas de monitoramento e formação de brigadas próprias. Esses recursos visam proteger seus ativos e têm o benefício adicional de proteger o meio ambiente e as comunidades vizinhas.

No entanto, investir em tecnologia e equipamentos não é suficiente. A eficácia das ações depende da inteligência por trás dos projetos e de planos claros e bem estruturados de prevenção e combate. Esses processos precisam estar integrados em toda a organização, desde a base até os líderes.

Treinamento e gestão de pessoas

Sem pessoas treinadas, não há combate a incêndios eficaz. É crucial treinar funcionários e capacitar brigadas, estabelecendo uma cadeia clara de comando que envolva líderes de todas as áreas. Gestores bem treinados são essenciais para tomar decisões rápidas e eficazes em momentos críticos, evitando desorganização e ineficiência nos sistemas de contingência.

Planejamento e manejo integrado

Na Aliança da Terra, desenvolvemos e implementamos Planos de Manejo Integrado de Fogo (PMIF), utilizando informações científicas para avaliar riscos e estabelecer ações antes, durante e após os incêndios. O objetivo é prevenir e, quando necessário, conter os incêndios rapidamente. Esse planejamento inclui considerar variáveis agronômicas, como a direção dos ventos e a divisão dos talhões, para reduzir o risco de incêndios e permitir o acesso rápido das brigadas.

Resultados concretos

Um exemplo prático da eficácia dessas ações coordenadas é o projeto da Aliança da Terra, financiado por uma grande empresa de proteína animal, que reduziu em até 98% o número de incêndios no Pantanal no ano seguinte. Infelizmente, o projeto foi interrompido por falta de financiamento, e os índices de focos e área queimada voltaram a subir.

Conclusão

Ações corporativas coordenadas, com apoio de especialistas, têm um impacto profundo no meio ambiente e na sociedade. Para que sejam efetivas, essas ações devem ser vistas como estratégicas, com gestão eficiente e continuidade. É assim que se constrói um combate eficaz aos incêndios florestais.

Caroline Nóbrega é bióloga, mestre e doutora em Ecologia e Evolução, e atualmente Diretora Geral da Aliança da Terra, coordenando as ações da Brigada Aliança. A Brigada Aliança conta com equipes de brigadistas florestais distribuídas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, atuando em ações de prevenção e controle de incêndios florestais em Unidades de Conservação, Terras Indígenas e propriedades privadas.

Por Caroline Nóbrega, Diretora Geral da Aliança da Terra

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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