Setembro promete ser um mês muito quente e com padrões de chuva similares aos registrados em Agosto. Haverá, no entanto, mudanças significativas por volta do dia 20, no início da primavera.
Agosto foi um mês intenso, com ondas de calor fortes que jogaram as temperaturas para as alturas, e ao mesmo tempo frentes e massas de ar frio que causaram geadas em diversos Estados. Agora a pergunta que fica é, Como fica o clima nesta reta final de inverno, que vai até dia 23 de Setembro?
O fato é que o mês começa muito parecido com o que já presenciamos em Agosto, mas uma grande mudança pode ocorrer após o início da primavera, nos últimos dias de Setembro. Vamos analisar alguns parâmetros para identificar o que nos aguarda ao longo do mês!
El Niño e Temperatura da Superfície do Oceano
No Oceano Pacífico Equatorial, é possível perceber a presença de uma grande região com temperaturas superficiais mais quentes que o normal – que caracteriza o El Niño. O fenômeno vai continuar se intensificando, mas não deve atingir a categoria mais forte.
Mapa de probabilidade de anomalia da temperatura da superfície dos oceanos para o trimestre de Setembro, Outubro e Novembro.
A princípio, em anos com atuação do El Niño, espera-se os seguintes padrões:
Região Sul: Chuvas intensas e frequentes e aumento das temperaturas médias;
Região Sudeste: Aumento moderado das temperaturas médias;
Região Centro-Oeste: Sem efeitos muito pronunciados, apenas chuvas e temperaturas acima da média no sul do Mato Grosso do Sul
Região Nordeste: Diminuição brusca das chuvas e secas severas.
Região Norte: Diminuição das chuvas, secas severas, aumento pronunciado de incêndios florestais.
No entanto, este ano o El Niño será atenuado por outro fenômeno, a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), que não está favorecendo sua intensificação. Além disso, os oceanos do planeta inteiro estão mais aquecidos que o normal, algo que nunca presenciamos antes. Isso faz com que a atmosfera esteja demorando para responder ao El Niño e traz incertezas para a previsão.
Oscilação Antártica
A Oscilação Antártica (abreviada como AAO) é um índice capaz de traçar panoramas climáticos para o centro-sul do país com previsibilidade de cerca de uma quinzena. Tendências e/ou valores positivos desfavorecem a atuação de sistemas de precipitação, principalmente na Região Sul.
Mapa de condição registrada (linha cheia preta) e previsão (linhas vermelhas e média em linha tracejada) da Oscilação Antártica para Setembro.
É possível perceber que, no início de Setembro, a tendência do índice AAO vai se manter negativa, mas aos poucos o índice deve subir para valores positivos. Na prática, isso desfavorecerá a formação de sistemas transientes, como frentes frias, e reduzirá a formação de chuvas especialmente no Sudeste durante a segunda semana do mês.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden Julian (OMJ), por sua vez, é capaz de potencializar ou inibir eventos de precipitação no Norte e Nordeste do Brasil, favorecendo movimentos de ascendência do ar (que tornam o clima mais chuvoso) ou subsidência (que o tornam mais seco).
Tendências da Oscilação de Madden-Julian de acordo com modelos dinâmicos para Setembro.
É possível observar que, nas próximas semanas, a circulação associada à OMJ vai causar anomalias fracas na porção Norte do país, inibindo levemente a formação de chuvas na região Norte e interior do Nordeste, embora não seja uma forçante muito intensa. Ainda assim, esse efeito se soma e intensifica o impacto do El Niño na região.
Anomalias de chuva para Setembro
O nosso modelo de confiança, o europeu ECMWF, traz também padrões de precipitação interessantes de se observar em paralelo aos fenômenos meteorológicos citados anteriormente, que desfavorecem a formação de chuva em parte do Brasil e podem auxiliar na configuração de um bloqueio atmosférico.
Num geral, as previsões do modelo indicam acumulados de chuva acima do normal na região Sul e chuvas abaixo da média no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. A situação se mantém até um período próximo do fim do Inverno.
Isso sugere que, a partir da segunda semana do mês, as chuvas vão se concentrar no sul e não avançarão para as demais regiões, que permanecem mais secas. O padrão de bloqueio tende a quebrar, no entanto, por volta do dia 20 – quando as chuvas começam a avançar mais para o Sudeste e o Centro-Oeste e os acumulados voltam à normalidade.
Anomalias de temperatura para Setembro
Tudo indica que Setembro será um mês quente, assim como a maior parte de Agosto. Embora a nebulosidade segure as temperaturas em regiões de Minas Gerais e Bahia, as temperaturas efetivamente continuarão mais quentes que a média em todo o país.
Mapas de previsão semanal de anomalia de temperatura do modelo ECMWF para Setembro.
Nota-se que, por volta do dia 20, as temperaturas na região Sul caem para valores próximos da média, o que sinaliza uma entrada mais frequente de frentes frias. Este comportamento está associado ao das chuvas, que vão avançar com maior intensidade para o Sudeste e o Centro-Oeste.
EM RESUMO: O El Niño atua de maneira contida no clima Brasileiro. Ainda assim, muitos dos seus comportamentos esperados estarão presentes em Setembro, como chuvas frequentes no Sul e um clima seco no Norte e no Nordeste. O clima também se mantém seco no Sudeste e Centro-Oeste até meados do dia 20, quando as chuvas começam a retornar junto ao início da Primavera. Espere por temperaturas mais quentes que o normal na maior parte do mês.
Fonte: Meteored
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.