O setor agropecuário tem se destacado ano após ano em seu papel na economia nacional, sendo ele responsável pelo Brasil deixar a tão temida recessão
No meu último artigo “Crise na pecuária, até quando vamos suportar?”, abordei alguns temas que acabaram levando o setor agropecuário a um descredito frente ao mercado consumidor interno e no exterior.
Entretanto, o 1% celebrado pela equipe econômica do governo pode até sinalizar o fim da piora. Mas está longe de tirar a pulga de trás da orelha de quem tiver um olhar mais atento. “Ainda estamos 5,95% atrás do que era antes de iniciar o processo recessivo”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Dando continuidade ao tema, e hoje fazendo uma analogia com uma doença que para qualquer um que já presenciou tal fato, sabe o quanto ela trás sofrimento.
O setor apresenta “tumores malignos” , que vão desde a compra/venda de insumos até o consumidor final. Ou seja, o agronegócio está “morrendo” frente a saúde que ele deveria estar esbanjando por ai.
Agricultura
O ano iniciou com as promessas de safra “recorde”, com grande otimismo de norte a sul do país. Inúmeros foram os investimentos que todos realizaram para poder conseguir atingir o seu potencial máximo. Errado? Não. O produtor fez o seu papel até onde lhe cabia, perante o seu bem próprio. Mas então, onde está o erro?
O grande erro desses empresários está em sua forma de pensar individualista. Todo ano eles esperam para realizar a venda no segundo semestre, onde esperam ter uma menor oferta e maior lucro com a demanda aquecida. Entretanto, o cenário de instabilidade tem se mostrado cada vez mais firme.
Politicas governamentais, ou a falta delas, tem sido cada vez mais impactante para o setor. A logística, para escoamento de produção, vem sendo discutido desde o ano passado e até agora sem soluções práticas, a sinal do que aconteceu na BR-163.
Como se não bastasse, o governo ainda tenta ditar o preço, volume de estoque e melhor hora para se comprar ou vender. Claro, ele faz isso porque espera ter a sua parcela nessa negociação.
Pecuária
A pecuária foi em 2017 o setor mais castigado pela falta de políticas governamentais e união dos produtores. Reflexo disso é a crise instalada no setor da carne (bovina, suína e frango) e o leite.
Aqui é onde encontramos um câncer que parece ter se instalado de forma generalizada. Ou seja, a maior parte dos envolvidos está se corrompendo de alguma forma.
Tudo começou no escândalo da “Operação Carne-Fraca“, seguido pelo caso “JBS e Temer” com desdobramentos até hoje não resolvidos e de abrangência internacional. O setor se viu prejudicado com o fechamento de mercados externos, queda no consumo interno e “fake-news” difamando todo um trabalho que o setor vinha fazendo.
No dia de ontem (05/03), tivemos mais uma notícia negativa para o setor, em um desdobramento da Operação Carne-Fraca, a Operação Trapaça levou mais 11 a prisão, incluindo o Ex-Presidente da BRF, uma das mais importantes empresas do setor da proteína de frango.
O comércio com a UE que estava em negociação, acabou sendo prejudicado com mais esse descredito que “poucos” trouxeram a uma cadeia que envolve milhões de pessoas.
Juntamente com tudo isso, o setor leiteiro enfrenta a pior crise que já se viu nos últimos anos. São praticamente 8 meses de queda no preço pago ao produtor. Atrelado a isso, vem o “modismo” médico de que o produto faz mal a saúde.
Ainda no setor leiteiro, o que se observa é a falta de união dos envolvidos na cadeia. Ainda existe aquele pessimismo que vem passando por gerações, claro que são poucos, mas que ainda vivem reclamando do preço escorados no curral, sem cobrar de forma conjunta uma resposta dos laticínios.
O agro não tem que ser pop, rock ou sertanejo. O Agro precisa ser reconhecido!
E as instituições, associações e cooperativas que, assim como a nossa política nacional, tem na maior parte, em suas diretorias pessoas que pensam apenas em si.
Todo esse tumor que se instalou com o envolvimento político no setor que estava aquecido e em crescimento, acabou contaminando aquele que seria capaz de salvar o Brasil da crise de uma vez por todas.
Em resumo, é hora do Brasil se impor perante o mundo como a maior potência do Agronegócio mundial. Erradicar de forma definitiva esse tumor generalizado que tenta se espalhar entre a fiscalização, governantes políticos, produtores rurais e indústrias.