O caminho já está traçado, o Brasil vende muito e passa a buscar vender melhor; reduzir custos e promover reformas estruturais no país precisam ser próximos passos
Por Luciano Vacari* – É indiscutível a importância e o tamanho do agronegócio brasileiro, além do tanto que ele soma em nossa economia. O agro cresce cada vez mais com pesquisa e desenvolvimento, buscando aumentar a sua produtividade no campo. Com isso, o Brasil se consolidou como um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo, uma verdadeira potência no fornecimento de alimentos, fibras e energia. Mas não basta ser um grande exportador, é necessário agregar valor ao produto exportado e aí está o desafio, desenvolver e fortalecer cada vez mais a agroindústria.
Há alguns anos o país vem trilhando este caminho e dados comprovam que o perfil da agropecuária nacional está mudando. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o primeiro bimestre de 2022 bateu recorde no processamento de soja em comparação com o mesmo período dos últimos 5 anos. Além disso, em 2021, segundo a mesma associação, o Brasil bateu recorde de produção de biodiesel, o qual em sua maioria é derivado da soja.
Estes dados apontam que o perfil da produção está mudando. Ao invés de transportar o grão in natura, estamos vendendo óleo, ração e, principalmente, frangos, suínos e bovinos. De acordo com dados da Secex, houve uma redução de 10% no volume de soja exportada em 2022, já que aumentou a demanda pela indústria nacional.
A Embrapa afirma que a agroindústria tem uma participação de aproximadamente 5,9% no PIB brasileiro, o que ainda é baixo se comparado com a participação total do agronegócio, que chega a 27,4%. Mas, por outro lado, aponta que ainda existe muito espaço para industrializar o agro e agregar valor ao seu produto final.
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Entre outros benefícios que a agroindústria traz, a geração de empregos se destaca, uma vez que a mão-de-obra é fundamental para o processamento dentro das indústrias e ao longo das cadeias de produção. Com isso, agrega valor não somente ao produto, mas também qualidade de vida à população que passa a ser melhor remunerada e à economia, que gira com o adicional na renda das famílias.
Com a industrialização, também aumenta a arrecadação dos cofres públicos, que podem ampliar os investimentos em logística, educação, saúde, entre outros serviços que, novamente, se voltam para a população.
O caminho já está traçado, o Brasil vende muito e passa a buscar vender melhor. Mas não existe fórmula mágica. O ambiente precisa se tornar propício, reduzir os custos de produção por meio da reforma tributária, investimentos em infraestrutura, qualificação de mão-de-obra.
A agroindústria não é apenas uma opção, mas sim um instrumento para aumentar a qualidade e valor dos produtos e integrar ainda mais o campo, indústria e cidade.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria e Comunicação