Pesquisadores do Cepea/CNA indicam que, com base nesse desempenho parcial, o PIB do agro pode alcançar R$ 2,63 trilhões em 2023
Em setembro a balança comercial brasileira teve recorde, para se ter uma ideia da dimensão a diferença entre exportações e importações foi a mais alta para o mês desde o ano de 1989. O saldo total comercial, de janeiro a setembro deste ano, de US$ 71,31 bilhões, foi 50% superior ao registrado no mesmo período, em 2022.
O avanço do setor externo e a influência decisiva dos setores exportadores da economia na atividade interna mostram que a economia brasileira está sendo favorecida por um novo “boom de commodities”.
PIB do agronegócio brasileiro pode responder por 24,4%
Após recuar em 2022, o PIB do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), tem apresentado recuperação em 2023. No segundo trimestre deste ano, o avanço foi de 0,27%, levando o acumulado anual para 0,50%.
Pesquisadores do Cepea/CNA indicam que, com base nesse desempenho parcial, o PIB do setor pode alcançar R$ 2,63 trilhões em 2023.
E, considerando-se também o desempenho da economia brasileira como um todo, até o momento, o agronegócio pode responder por 24,4% do PIB do país em 2023.
Segundo pesquisadores do Cepea/CNA, o resultado do agronegócio, ainda que modesto, foi sustentado, sobretudo, pelo desempenho de safra recorde no campo e pelo crescimento da produção pecuária, o que, por sua vez, implica em aumento da demanda para os segmentos a montante (insumos) e a jusante (agrosserviços).
Por outro lado, o desempenho não foi melhor devido ao recuo importante dos preços, observado em todos os segmentos. No campo, as cotações de importantes culturas caíram, como algodão, café, milho, soja, trigo, tomate e cana-de-açúcar; além do boi gordo e do frango vivo. Já nas agroindústrias, os preços caíram para os biocombustíveis, para os produtos de madeira, para os óleos vegetais e para a indústria do café, no ramo agrícola, e para a indústria do abate no ramo pecuário.
Agro brasileiro dá salto em 20 anos e hoje equivale ao PIB da Argentina
A safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas esperada para o Brasil neste ano evidencia a proporção que o agronegócio tomou dentro da economia brasileira. Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do País saltou (em números deflacionados) de US$ 122 bilhões para US$ 500 bilhões – o equivalente a uma Argentina.
De acordo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, o agronegócio brasileiro apresentou um crescimento extraordinário nos últimos 40 anos, com destaque para os últimos 20 anos.
“Diferentemente do que aconteceu no setor urbano, seja na indústria ou em serviços, o crescimento do agronegócio é persistente e essa é a primeira lição que o agro dá. Crescer sempre é mais importante do que crescer muito em alguns anos e cair nos anos seguintes. É um crescimento sustentável, o que torna o agronegócio bastante competitivo”, disse.
Esse crescimento, segundo especialistas, está calcado no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos.
Em 20 anos, a safra de grãos subiu de 120,2 milhões de toneladas para 310,6 milhões, uma alta de 258%. Já a área plantada passou de 43,7 milhões para 76,7 milhões de hectares, um aumento de 76,5%. Os números mostram que a produção cresceu três vezes mais do que a área ocupada pelas lavouras, o que se deve ao ganho de produtividade, graças a investimentos em pesquisa e tecnologia.
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