A técnica de produção dos animais utilizando o sistema Boi 777 tem crescido a passos largos. Entenda como garantir esse sucesso na primeira fase: A CRIA!
O Brasil possui grande capacidade para avanços na produção de proteína animal. Possuímos hoje o maior rebanho comercial do mundo e condições climáticas e áreas disponíveis que garantem um potencial na expansão da produção de bovinos a pasto, semi-confinamento e confinamento.
Quando imaginamos a pecuária, mais especificamente no boi 777, o que nos surge a frente é um conceito produtivo. Ou seja, temos que ter em mente que é preciso garantir o ganho de 7 arrobas em cada fase de vida do animal, um sistema extremamente eficiente que irá garantir o resultado de 21@ em menos de 24 meses.
Realizamos uma pesquisa na nossa rede social, instagram, e ficamos extremamente satisfeitos com os números, já que mais de 70% do público utiliza ou tem interesse em utilizar a técnica. Esse resultado demonstra a grande importância e tendência que a pecuária irá seguir.
Precisamos analisar o sistema de uma forma que ele se torne eficiente. Quando se diz “preciso produzir um bezerro de 7 @”, essa frase é uma métrica muito vaga. Devemos analisar o sistema de forma que os índices produtivos e reprodutivos somados permita uma tradução de máxima eficiência dessa produção animal.
Sendo assim, vamos pensar em como iniciar o sistema “BOI 777”, já que a cria é o início de tudo. Como realizar o manejo do sistema para garantir as 7@ de forma eficiente.
Qual a melhor métrica para avaliar um sistema de cria?
Quando avaliamos o sistema do Boi 777, a única exigência que temos é a desmama de um bezerro de 7@. O que na minha opinião é uma informação ou métrica, muito vaga. “Por que você avalia como uma falta de métrica?”
Vamos pensar em uma situação em que o sistema entrega os bezerros de 7@. Quando avaliado apenas isso, não estamos dizendo que o sistema de cria é eficiente, se torna uma métrica muito vaga. Afinal de contas, eu posso estar entregando o bezerro de 7@, mas desmamando só 50% das minhas vacas. Resumo: PREJUÍZO!
Precisamos de colocar índices como: kg de bezerro por vaca exposta a reprodução. Entretanto isso é um primeiro passo, segundo o Pesquisador Gustavo Siqueira, da Apta de Colina/SP.
Se a fazenda não incluir os dados de reprodução associados aos de produção, não terá parâmetros pra avaliar a parte econômica da produção. Principalmente quando pensamos em animais para reposição da fazenda.
Vale a pena antecipar a prenhez e trabalhar com animais precoces na fazenda?
O melhoramento genético trouxe um grande salto para pecuária de corte com as chamadas “precocinhas”. Esses são animais que apresentam uma genética e uma idade para vida reprodutiva precoce, ou seja, nelores com prenhez aos 14 meses. Essa realidade já faz parte da pecuária e que está tomando todas as fazendas do Brasil.
Quando pensamos na ideia do Boi 777, estamos falando em proporcionar uma recria mais eficiente, melhorando os índices reprodutivos e produtivos do sistema. Conseguimos garantir assim uma redução no custo da recria, fase onde normalmente é mais negligenciada pelo produtor.
Colocamos logo acima uma métrica de “kg de bezerro por vaca exposta a reprodução”, sendo assim, trabalhar com animais precoces que permitem encurtar a nossa recria (tida como um gasto apenas), estamos falando em redução de custos e aumento do lucro na fazenda.
E a influência desse sistema para o boi?
O mesmo conceito é aplicado ao nosso boi criado a pasto com 2 anos de recria, conseguimos nesse sistema reduzir para um ano, garantindo as 7@ seguintes e com redução dos custo e aumento de lucro para a fazenda.
Não é mágica, o Boi 777 é sinônimo de gestão e planejamento
Atualmente, o sistema tradicional de produção pecuária demora três anos para abater um boi com 18 arrobas (@). Com a tecnologia, é possível fazer um giro e meio nesse período. Ou seja, para aqueles que vivem agarrado as contas antigas, esse sistema parece ser uma mágica. Entretanto, nada mais é do que gestão e planejamento.
Quais métodos são eficazes para garantir o peso na desmama
Inúmeros são os erros cometidos quando o assunto é a nutrição da fêmea gestante. É muito comum que essa categoria seja muita das vezes a mais penalizada, depois da recria é claro. Temos que entender que a fase de cria começa com a prenhez da matriz.
Tendo esse conceito em mente, garantir uma boa nutrição dessas matrizes é sinônimo de bezerros mais pesados na desmama. Estudos apontam que o peso à desmama foi influenciado pela suplementação proteica das matrizes, sendo que a variação foi de 6 kg a 12 kg superior, quando comparados a bezerros oriundos de vacas não suplementadas, demonstrando, assim, os efeitos da suplementação sob o peso à desmama.
E você, já desmama seus bezerros acima dos 210 kg?
Mas não paramos por ai. Uma técnica antiga, porém pouco utilizada pela maior parte dos pecuaristas é o creep feeding. O sistema nada mais é do que a utilização de um cocho privativo, dentro de um cercado, ao qual somente o bezerro (ainda mamando) tem acesso a suplementação balanceada, sendo que pode ser oferecido sal mineral em conjunto.
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Geralmente esses cochos privativos ficam próximos aos das mães, como mostra a imagem abaixo.
Genética
O fato genético é sempre levado em conta, e recomendo que os acasalamentos sejam dirigidos considerando o índice de Diferença Esperada na Progênie (DEPs) para peso, perímetro escrotal e habilidade materna.
Garantindo uma genética apta a receber uma nutrição que permita ele expressar todo esse potencial, teremos chance de alcançar uma desmama com animais pesando até mais do que as sete arrobas exigidas para essa fase. Sendo que elas são cruciais para poder sustentar as outras 14 @ que estão por vir.
Alguns pensamentos
“Além de enxergar o boi, a gente tem que enxergar a carcaça que nós estamos produzindo com esse animal. […] O grande gargalo de todo este processo está na recria, porque o criador até consegue, com um bom investimento em genética, desmamar bezerros com sete arrobas, mas depois começa a negligenciar a curva de crescimento, oferecendo condições inadequadas para este animal“ Flávio Dutra de Resende, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, regional de Colina-SP
“Foram três mudanças substanciais ao adotar a tecnologia da APTA. O investimento inicial foi três vezes maior, mas, como a produtividade foi muito mais alta, o custo da arroba produzida caiu pela metade. Com isso, a rentabilidade da operação aumentou substancialmente” Alaor Ávila Filho, pecuarista de Indiana (GO), é um dos usuários da tecnologia e Proprietário da Fazenda Panorâmica do Turvo.
“Nós produzimos um bezerro pesado para facilitar a fase seguinte, da recria, que geralmente acontece na seca. Além disso, o potencial de crescimento do animal é maior durante essa fase de crescimento até os sete ou oito meses, o que facilita ainda mais a engorda” Alan Ventura Pfeffer, veterinário e administrador da Chácara Naviraí.
Finalizando…
Em resumo, garantir as 7 @ na desmama é uma tarefa simples. Entretanto só é garantida quando se trabalha aliando genética, nutrição, sanidade e gestão de forma que todas essas engrenagens estejam alinhadas e os envolvidos no trabalho diário saibam qual é a meta a ser alcançada.
Abraços aos pecuaristas que fazem dessa atividade um pilar de sustentação desse gigante que é o Brasil!