Campo brasileiro já tem iniciativas rumo a uma economia de baixo carbono, mas o país precisa urgentemente de reformas.
Nos constantes desencontros do ambiente político brasileiro, sistematicamente se percebe a rejeição entre os extremos políticos: quem perde é o brasileiro. Não há lógica e racionalidade no modo como as instituições se relacionam no nosso país, independentemente dos impactos da pandemia, do déficit fiscal muito expandido ou das perturbações geopolíticas constantes.
Os encontros, por sua vez, aconteceram com alguns setores da economia brasileira. O agro é um exemplo disso, ancorado em ciência e tecnologia e não em discursos com conteúdos ideológicos ou para atender interesses escondidos.
Foi aberta a segunda década do século XXI com um importante posicionamento global, via Acordo de Paris e sua aprovada lógica da descarbonização do planeta. A racionalidade disso segue bem em conceito, mas constantemente questionada pelos interesses antigos de países e empresas com suas economias altamente dependentes das energias fósseis, por exemplo.
No Brasil, muito além da exuberância de suas florestas, como a Amazônia e o que resta da Mata Atlântica, há um fortíssimo desenvolvimento agroflorestal, sustentável de “cabo a rabo”. A começar pelo sistema brasileiro de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), um passo decisivo pós plantio direto. O Brasil também desenvolveu o programa de biocombustíveis que trouxe a bordo da sua cadeia produtiva as montadoras e seus motores movidos a etanol e/ou gasolina e a biodiesel com um porcentual do diesel automotivo.
A lógica é essa, mas a racionalidade, no dito popular, está na confiança. O país precisa urgentemente realizar as reformas essenciais, como a administrativa e a tributária, além de lutar pela reforma política. Afinal, os últimos meses deram a demonstração ao povo brasileiro do quanto isso será fundamental em termos da qualidade de vida que ele aspira.
Tornar o Brasil mais resiliente, com o fortalecimento e aumento da classe média, redução da pobreza e da desigualdade é chave. Sem as reformas, o país continuará a andar “de lado”.
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A pandemia pode ser vista como um ponto de inflexão para uma nova economia, em ambiente global complexo caracterizado pelos discursos de ódio, do tipo “nós e eles”. No caso, o Brasil não é exceção, com a vantagem do seu capital natural, do potencial da expansão da oferta de alimentos e de energia renováveis ao mundo, com modernas leis ambientais vigentes e, assim, alinhado a uma nova economia global de baixo carbono.
Os ganhos de produtividade têm sido espetaculares, ano a ano, não fazendo sentido ações de intervenção do governo federal em questões ligadas ao mercado, quando não há distorções.
“A pandemia pode ser vista como um ponto de inflexão para uma nova economia, em ambiente global complexo caracterizado por discursos de ódio, do tipo ‘nós e eles'”
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
Há importante foco a ser trabalhado que é a inovação industrial aliada à agricultura sustentável, ajustada a uma estrutura regulatória que atraia investimentos para novos mercados nacionais e internacionais.
Ações efetivas serão fundamentais no campo das energias renováveis, onde o Brasil tem vantagens comparativas importantes. A biomassa é uma matéria-prima importante que possibilita a substituição do carbono fóssil: fábricas rodando com energias limpas, desde cerâmicas, de commodities com valor agregado para exportação, assim como combustíveis para veículos flexíveis híbridos. É um caminho todo pavimentado em um movimento de ganha-ganha, na chamada economia circular, modelo que evolui sobre o velho sistema linear.
O fato é que a redução das emissões de CO2, como alvo de um processo global de descarbonização desde o Acordo de Paris, vem estrategicamente fortalecendo as cadeias produtivas do agro e tem um efeito extraordinariamente positivo para a economia brasileira.
Fonte: Revista Globo Rural