Pesquisa realizada pela Aprosoja Brasil estima uma redução de produção da soja em torno de 20 milhões de toneladas; situação é desesperadora
Pesquisas realizadas pela Aprosoja-MT e Aprosoja Brasil mostram uma redução superior a 20% na produtividade da soja no estado e mais de 12% em todo o país. O recuo é causado pelas adversidades climáticas durante o plantio da oleaginosa, principalmente em Mato Grosso. Segundo o setor produtivo, os números vistos no campo não apontam perspectiva de “safra recorde”no país como é apresentado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).
As projeções da Conab indicam uma safra brasileira de 155 milhões de toneladas de soja, o que representa um incremento de 0,4% quando comparada a temporada 2022/23. De acordo com pesquisa realizada pela Aprosoja Brasil, em conjunto com as associações estaduais, as estimativas apresentam uma produção de 135 milhões de toneladas. Ou seja, uma diferença de 20 milhões de toneladas.
O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, destaca a “imprecisão dos dados oficiais” e sua influência prejudicial sobre os produtores. Ele ressalta que a confiança do mercado nos números da Conab impacta diretamente a renda dos agricultores, gerando descontentamento no setor.
Na região de Bela Vista do Paraná, na Fazenda Ribeirão Vermelho, o agricultor Rodrigo Tramontina está atualmente colhendo a soja do cultivar Lótus, plantada em 6 de outubro. A safra enfrentou desafios, com uma chuva inicial para germinar seguida por pancadas intensas de calor e seca. Infelizmente, a produção está abaixo das expectativas, entregando apenas 20 a 25 sacas por hectare, um adiantamento de 15 a 20 dias em relação ao ano anterior, quando colheu 94,95 sacas por hectare na mesma época.
O agricultor destaca a gravidade da situação na área e insta os colegas agricultores a abandonarem a elegância e enfrentarem a realidade do trabalho árduo. Ele aponta a necessidade de comunicar tanto a órgãos governamentais quanto não governamentais a atual situação, desafiando os números otimistas apresentados por diversas fontes, especialmente em relação aos recordes do ano passado.
No vídeo, ele exibe a soja com bom porte, enfatizando a ausência de grãos nos ponteiros e mencionando que as plantas estão com altura até a sua cintura. O agricultor espera que as entidades responsáveis revelem os números reais da safra, instando-as a agir com responsabilidade diante da difícil realidade enfrentada pelos agricultores locais.
Situação no Rio Grande do Sul
Enquanto a produção de soja no Rio Grande do Sul tende a ser positiva depois de anos de frustrações de safra, a formação dos preços para a cultura não está respondendo da mesma forma. A avaliação é do presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, ao comentar sobre a produção gaúcha de grãos.
Pires afirma que a questão predominante hoje são os preços, que desceram ladeira abaixo, conforme o dirigente. “Nós temos preços de soja com o menor preço praticado no Rio Grande Sul desde 2020. E no milho os preços são praticamente a metade do ano passado, mesmo com uma baixa dos custos de produção, ele foi impactado”, salienta, lembrando também na pecuária a queda do valor do preço pago ao produtor. “Sabemos que o consumidor que vai no mercado não tem a mesma quebra, lógico, não tem a mesma queda de preço. Mas, infelizmente, isso é uma circunstância de mercado. Aqui no Rio Grande do Sul, o preço do boi pago ao produtor reduziu 40% em relação ao ano passado“, acrescenta.
Sobre o cenário de preços, o presidente da FecoAgro/RS avalia que não há uma perspectiva de mudança. “A única questão talvez seja o dólar. O restante é do mercado mundial. Existe essa novidade da Argentina com previsão de safra de mais que o dobro do ano passado, e essa expectativa também do milho safrinha do Centro-Oeste, com o atraso do plantio, pode impactar numa menor oferta. É uma coisa do futuro que ainda não se intensificou, não colou na precificação dos produtos ainda, assim como a questão da soja também, essa dita quebra que nós temos na grande região produtora ali em Mato Grosso, enfim, também não se consolida ainda, não se consolida como um fator de precificação”, reforça.
O dirigente frisa que as cooperativas agropecuárias gaúchas estão se organizando para receber talvez a maior safra de soja dos últimos anos. Essa questão da soja é importante, nós tivemos dois anos praticamente de estagnação, já que as cooperativas cresceram em outros setores como o setor de insumos, mas no setor de grãos, principalmente na soja, tivemos até um recuo nesses últimos anos”, explica.
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