No final de 2023, consultamos as empresas de inseminação artificial, solicitando que elas nos informassem quais novos touros nacionais.
A dimensão do mercado para novos touros em centrais é algo que deve interessar aos selecionadores. Qual a possibilidade da minha criação inserir todos os anos um novo touro neste mercado? Sabendo a quantidade de touros que as centrais de inseminação adquirem ou contratam anualmente da raça que crio estarei melhor “municiado” para essa empreitada. Pois bem, buscando esta resposta, a Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha fez um levantamento de novos touros taurinos que as centrais incorporaram em suas baterias em 2023. “Mas, Velloso, justo em 2023 – ano em que o mercado esteve tão ruim para a pecuária e para o cruzamento?” R.: Sim, pois temos de começar em algum momento e toda série histórica tem um ponto de partida. O nosso será 2023.
Por atuarmos diretamente no segmento de reprodutores taurinos, assessorando produção, seleção e comercialização de touros, estamos sempre curiosos e atentos por mais informações sobre esse mercado. Assim sendo, quando a informação não está disponível, tentamos produzi-la em nossas publicações: o Top 100 – Os Maiores Vendedores de Touros do Brasil (já na sétima edição em parceria com a AG), dos Touros Angus e Brangus Nacionais em Centrais de IA (de 2018 a 2022) e, agora, com o levantamento Novos Touros Taurinos em Centrais de Inseminação – 2023, em sua primeira edição.
No final de 2023, consultamos as empresas de inseminação artificial, solicitando que elas nos informassem quais novos touros nacionais foram incorporados em suas baterias (através de compra ou contratação) somente no ano passado. Também abrimos espaço para que os criadores nos informassem – através de consulta na internet – os seus touros enviados para congelamento de sêmen. A adesão e o retorno foram ótimos e, praticamente, todas as centrais de inseminação responderam ao nosso pedido. Resultado: 11 empresas, 11 raças e mais de 100 touros listados.
A Brangus liderou o levantamento com maior número de novos touros em centrais no ano que passou, com mais de 30% do total. A Angus, apesar de ser a líder entre as taurinas na inseminação artificial, ainda utiliza muito sêmen importado e ficou na segunda posição em número de touros. Na sequência, a raça Braford figura com importante participação de, praticamente, 20% dos novos touros. Conforme esperado, os grupos genéticos Angus/Brangus e Hereford/Braford representam a maior fatia dos novos touros em centrais, somando mais de 75% dos reprodutores. Porém, é interessante observar que 16 novos touros de raças com menor participação no mercado também foram incorporados nas empresas de genética. A maioria dos touros listados são da Geração 2020 e 2021, indicando a busca por “genética nova” e pelos “Touros Jovens” dos diferentes programas de melhoramento. Os estados da região Sul (RS, SC e PR) predominam como origem dos touros (mais de 70) e, na sequência, o estado de São Paulo (SP) com mais de 20 touros. A publicação completa com a listagem individualizada dos 103 touros informados pelas empresas de genética e com os quatro touros informados diretamente por criadores já deve estar disponível na internet na data desta edição da AG. Dê um Google.
O mercado de inseminação acompanha os movimentos do mercado do boi gordo. O ano de 2023 foi também difícil na comercialização de sêmen. Logo, podemos dizer que este primeiro levantamento é uma referência em um ano bastante ruim, de empresas bem estocadas de sêmen nacional, mas, mesmo assim, mais de 100 novos touros foram buscados pelas centrais de inseminação. Iniciamos a nossa série com uma base fraca, no entanto temos boas expectativas para os próximos quatro ou cinco anos, quando se espera fase de alta no preço do boi e, especialmente, de muitos bons preços para o bezerro, estimulando a cria, o cruzamento e a inseminação.
Os taurinos são assunto para a pecuária sul e para a grande pecuária brasileira que faz cruzamento da matriz zebuína com taurino. Seja para uso em rebanhos de cria com base europeia ou em cruzamento, acredito fortemente (com um nível de convicção que tenho em poucos temas) que o touro nacional é uma grande ferramenta em mãos. Touros selecionados em nosso ambiente, consumindo as nossas pastagens, infestados pelos nossos carrapatos, moscas e vermes, enfrentando os desafios de produção em clima subtropical. Pense que outros países produzem genética de taurinos na nossa combinação de calor e umidade. Pensou? Provavelmente, fez uma lista pequena ou não fez lista. Somado a todos esses fatores que elevam a importância da genética nacional, temos programas de melhoramento e tecnologias que nos dão informações objetivas sobre os reprodutores à disposição no mercado de inseminação. As provas dos touros e suas DEPs e índices estão disponíveis e são de livre acesso. Mas, como muito ouvi no colégio: a interpretação da questão faz parte da prova.
A realização deste primeiro levantamento de Novos Touros Taurinos nas Centrais de Inseminação busca melhor compreensão do mercado, mas também dar mais luz e likes à genética nacional. Tanto fala-se da era da informação e do conhecimento. Estamos nela.
Agradecemos às empresas ABS, Alta Genetics, CRV, C.O.R.T., Genex, Premiun Gen, Renascer, Select Sires, Semex, Solução Genética e Zebu Fértil pela adesão a este levantamento e pelo compartilhamento de suas informações. Sempre foi, mas na era do conhecimento, a informação é mais poderosa e transformadora. Muito obrigado!
Fonte:
- Fazenda de leite mostra como gestão de dados e benchmarking impulsionaram sua produção
- Brasil vai exportar 12,8 milhões de t de carnes em 2033, diz USDA
- Insumos do suíno se desvalorizam, e poder de compra do suinocultor cresce
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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