Anunciada no primeiro semestre pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a efetiva abertura do mercado da Indonésia para a carne do Brasil, por exemplo, está próxima.
Além do “efeito China”, que já tem reflexos positivos em exportações e preços, a ofensiva do governo brasileiro para abrir outros mercados na Ásia no curto e médio prazo também enchem de ânimo os frigoríficos brasileiros de carne bovina, como ficou claro nas rodas de negócios da edição 2019 da Anuga, maior feira de alimentos e bebidas do mundo que ocorre a cada dois anos na Alemanha e terminou na quarta-feira.
Anunciada no primeiro semestre pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a efetiva abertura do mercado da Indonésia para a carne do Brasil, por exemplo, está próxima. Para que as companhias possam começar a enviar suas cargas, faltam apenas detalhes finais do acordo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) que tem que ser firmado entre os dois países para sacramentar a abertura, apurou o Valor.
Jacarta já habilitou dez plantas brasileiras para fornecer carne bovina in natura: cinco da Minerva, quatro da JBS e uma da Marfrig. Estima-se que a Indonésia tenha apetite para importar, no futuro, quase 200 mil toneladas por ano a um preço médio de US$ 3,8 mil por tonelada, de acordo com levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Importadores indonésios já demonstraram interesse em comprar 30 mil toneladas até o fim deste ano, e há sondagens que apontam para uma demanda de cerca de 100 mil toneladas em 2020. “A Indonésia pode vir a se tornar o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil – depois da China, é claro”, diz o diretor de relações institucionais da Minerva, João Sampaio.
Outro mercado asiático desejado há muito tempo é o Japão, mas, neste caso, o Ministério da Agricultura avalia que a abertura vai demorar um pouco mais. Um dos mais exigentes importadores do mundo, o país sinalizou que deverá enviar nos próximos meses ao Brasil uma missão sanitária para auditar frigoríficos, após quase uma década de duras negociações. As visitas deverão ser no Paraná, Santa Catarina, Goiás e Rondônia.
“As negociações com o Japão estavam paradas até o começo do ano. Mas retomamos as conversas com nossa visita ao país, em maio, e eles deverão enviar uma missão sanitária. Mas faremos tudo com calma, não é algo para o curto prazo”, disse ao Valor o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, que acompanhou Tereza Cristina no primeiro dia da Anuga.
Neste caso, o entusiasmo das grandes empresas de carne bovina do Brasil se justifica pelo tamanho do mercado japonês. Acessá-lo pode representar vendas de mais de 700 mil toneladas por ano, a um preço médio de US$ 5,9 mil por tonelada.
“Esses países [Indonésia e Japão] têm grande relevância nas importações mundiais. E o Brasil vê uma grande oportunidade de ser o fornecedor de parte dessas compras”, diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Carne Bovina (Abiec), Antônio Camardelli, anfitrião do estande da “Brazilian Beef” na feira alemã.
Outros mercados atraentes, mas cuja abertura para a carne bovina do Brasil ainda precisa percorrer um caminho mais longo, são Taiwan e Coreia do Sul – o primeiro tem potencial para importar 155 mil toneladas anuais de carne bovina do Brasil, a um preço médio de US$ 6,6 mil por tonelada.
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“Por essas e outras é preciso ter cautela com a onda de otimismo com a China. Temos que lembrar que muitos mercados alternativos que podem se abrir para os nossos produtos”, afirmou um executivo graduado de um dos maiores frigoríficos brasileiros, que também esteve na Anuga.
Segundo a Abiec, que representa exportadores de carne bovina, os frigoríficos do segmento que participaram da feira firmaram US$ 2,3 bilhões em negócios.
Com informações do Valor.