Em entrevista, Campos destacou que o foco principal será buscar mecanismos que garantam acesso a recursos em dólar, proporcionando taxas de juros mais baixas, mesmo para aqueles que não são exportadores e, portanto, não possuem proteção natural contra variações cambiais; confira
Guilherme Campos, recentemente nomeado Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, tem a missão crucial de encontrar fontes alternativas de crédito no mercado privado para garantir financiamento a preços competitivos para os produtores rurais. A dependência dos recursos equalizados do Tesouro Nacional para o Plano Safra está em declínio, exigindo novas abordagens e soluções.
Em entrevista, Campos destacou que o foco principal será buscar mecanismos que garantam acesso a recursos em dólar, proporcionando taxas de juros mais baixas, mesmo para aqueles que não são exportadores e, portanto, não possuem proteção natural contra variações cambiais. Embora ainda não haja propostas específicas em andamento, a necessidade de encontrar alternativas viáveis é clara.
“A dependência do Tesouro tem que ser cada vez menor”, disse Campos. “Isso é um sinal de que o setor está crescendo, e o desafio é encontrar segurança e ampliar o leque de quem pode acessar esses recursos mais baratos.”
Plano Safra 24/25: Desafios e limitações
O Plano Safra 24/25, lançado pouco antes de Campos assumir a secretaria, enfrentou restrições significativas nas fontes de recursos controlados e equalizados, como depósitos à vista e poupança rural, além de dificuldades orçamentárias para subsidiar o crédito. Mesmo com a expansão da verba de equalização dos financiamentos para a agricultura empresarial, de R$ 5,1 bilhões para R$ 5,9 bilhões, não foi possível reduzir os juros.
Campos reconhece que o cenário de preços baixos e adversidades climáticas é cíclico. O governo deve proporcionar previsibilidade e segurança aos investidores no setor agrícola. Ele acredita que, apesar dos desafios, o ambiente atual é menos impactado por dívidas e quebras de safra, indicando uma capitalização melhor do setor.
Campos defende a expansão do orçamento para o seguro rural, com planos de estudar novos modelos de política de gestão de riscos nos Estados Unidos, possivelmente em colaboração com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A ideia é buscar novas fontes, inclusive privadas, para aumentar a verba da União destinada à subvenção do seguro rural. Recentemente, foi assinada uma parceria com produtores de café para utilizar créditos de carbono da cafeicultura como compensação para o pagamento do seguro rural.
Campos adota uma visão mais ponderada sobre a formação de estoques públicos reguladores. Ele argumenta que essa iniciativa é cara e menos eficaz comparada às ações da política de garantia de preços mínimos (PGPM), que são executadas por sua secretaria. Ele defende que a estocagem de alimentos deve ser analisada com cautela e alinhada com as dinâmicas de mercado e as limitações orçamentárias.
Segundo Campos, a formação de estoques faz sentido apenas para arroz, feijão e trigo, que são produtos básicos da mesa do consumidor e possuem características específicas no mercado brasileiro.
Antes de assumir a secretaria, Campos liderou a Superintendência Federal de Agricultura em São Paulo (SFA-SP), onde prestou suporte administrativo a várias ações do Ministério da Agricultura no estado. Engenheiro civil de formação, Campos possui uma carreira política diversa, incluindo dois mandatos como deputado federal, vice-prefeito de Campinas e presidente dos Correios. Apesar de sua falta de ligação direta com o setor agrícola, é reconhecido como um gestor competente e político habilidoso.
A nomeação de Campos traz expectativas de inovação e eficiência na gestão do crédito agrícola, buscando sempre beneficiar os produtores rurais brasileiros com soluções financeiras mais competitivas e sustentáveis.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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