A colaboração entre os dois países no setor envolve ações conjuntas para superar barreiras e ampliar o acesso a mercados específicos; esse cenário vai mudar?
A pecuária de corte desempenha um papel vital nas economias de diversos países, destacando-se como uma indústria essencial para a produção de carne bovina, uma fonte significativa de proteína animal consumida globalmente. Entre os principais protagonistas nesse cenário, o Brasil e a Argentina ocupam posições de destaque, sendo grandes produtores e exportadores de carne bovina. A interação entre esses dois países se torna crucial para entender o panorama internacional desse setor. Entretanto, com a recente mudança no governo argentino, questionamentos surgiram sobre as possíveis influências que a transição pode exercer sob a pecuária brasileira. A seguir, vamos entender um pouco sobre as relações internacionais brasileiras e responder a esse questionamento.
Histórico e relações brasileiras no mercado internacional
O Brasil se tornou o principal exportador de carne bovina em 2017, impulsionado pelo aumento das exportações para a China, especialmente após uma crise de Peste Suína Africana em 2018. A China, altamente dependente de importações para carne, detém números significativos das exportações brasileiras. Outros mercados, como Estados Unidos, Indonésia e México, também se tornaram relevantes. A modernização da pecuária e o aumento da produtividade posicionam o país como um dos líderes potenciais na oferta global.
Apesar de desafios enfrentados e restrições comerciais, o Brasil mantém seu protagonismo nas exportações da proteína, atualmente, ocupa o segundo lugar, atrás apenas dos EUA. Apesar de não ser um dos maiores importadores de carne bovina brasileira, a Argentina é um parceiro comercial relevante, considerando a forte integração econômica no Mercosul. Ambos os países enfrentam desafios similares, como a necessidade de lidar com protocolos bilaterais e restrições comerciais em diversos mercados.
A Argentina, assim como o Brasil, é parte do grupo dos principais exportadores mundiais de carne bovina. A cooperação entre esses dois grandes players na produção de carne pode ser estratégica para enfrentar desafios globais e promover interesses comuns nos mercados internacionais. Apesar de não serem os maiores concorrentes diretos, a colaboração entre ambos no setor pode envolver ações conjuntas para superar barreiras e ampliar o acesso a mercados específicos.
Entretanto, diante da recente mudança no governo argentino, especulações sobre possíveis interferências no cenário da pecuária brasileira começaram a surgir. As relações comerciais entre os dois países, embora fundamentadas no Mercosul, podem ser influenciadas por decisões políticas e econômicas do novo governo. Questões como acordos bilaterais, políticas comerciais e possíveis mudanças nas relações intergovernamentais podem impactar o setor de carne bovina. Abaixo, será detalhado se tais especulações têm fundamento e como a transição política na Argentina pode repercutir na pecuária brasileira.
Como a transição política pode interferir
A transição política na Argentina pode repercutir na pecuária brasileira de diversas maneiras, dependendo das políticas adotadas pelo novo governo. Mudanças nas políticas comerciais, acordos bilaterais e enfoques na gestão ambiental podem ter impactos significativos no comércio de carne bovina entre os dois países. Decisões que afetem a estabilidade econômica argentina também podem influenciar a demanda por carne, podendo gerar efeitos no mercado internacional. Além disso, considerando a interconexão econômica no Mercosul, ajustes na postura argentina em relação a questões como tarifas e regulamentações podem moldar o ambiente de negócios para a pecuária brasileira. A evolução desse cenário dependerá das escolhas políticas e estratégicas adotadas pelo novo governo argentino.
Mudança de governo e pecuária brasileira
A mudança de governo na Argentina levanta questionamentos sobre possíveis impactos na pecuária de corte brasileira. No entanto, análises indicam que, considerando o perfil das transações entre ambos os países, a alteração política argentina não deve exercer grande influência. O Brasil, sendo o segundo maior produtor da proteína, compra uma quantidade limitada de carne argentina.
De acordo com dados do USDA, a Argentina é o quinto maior exportador da proteína, mas sua produção é reconhecida pela qualidade e tende a ocupar segmentos de mercado distintos em comparação com a carne brasileira. Os pesquisadores do Cepea ressaltam que, embora se espere um aumento nas exportações argentinas, os nichos de concorrência direta são escassos.
Oportunidades para o Brasil
Contrariamente aos temores de concorrência acirrada, o aumento das exportações argentinas pode abrir oportunidades para o Brasil expandir suas vendas para o país vizinho. A carne brasileira, conhecida por sua acessibilidade e custos mais baixos, pode atender à população argentina afetada pela crise econômica.
No entanto, é crucial destacar que mesmo diante dessas possíveis oportunidades, as projeções apontam que o comércio entre os dois países tende a permanecer modesto. Os custos de produção na Argentina são consideravelmente superiores aos do Brasil, dificultando a competitividade, mesmo que o governo argentino implemente políticas de ampla abertura comercial.
Tendências de produção do Brasil em 2024
A pecuária de corte brasileira enfrentará desafios e oportunidades em um cenário global influenciado por oscilações na oferta e demanda, fatores climáticos, pressões geopolíticas e mudanças nos padrões de consumo. Neste contexto, estratégias inovadoras serão fundamentais para a adaptação do setor às volatilidades econômicas e climáticas previstas para 2024.
A busca contínua por práticas sustentáveis e o uso de novas tecnologias emergem como elementos essenciais para o futuro, enquanto desafios sanitários, como a ameaça de IAAP, ressaltam a importância do uso de derivativos para mitigação de riscos. Em suma, a capacidade de antecipar e responder de maneira eficaz a essa complexa interseção de variáveis será crucial para o êxito na competitividade e na sustentabilidade do dinâmico mercado de carne bovina brasileiro em 2024.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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