Três novas cultivares de café IAC têm ganhos de produtividade que variam de 35% a 70%
Elas estão entrando no lugar de outros materiais, como o IAC Mundo Novo e IAC Catuaí, que ocupam 90% dos cafezais brasileiros, mas são suscetíveis à ferrugem e produzem menor número de sacas, por hectare.
Três novas cultivares de café desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, — a IAC Catuaí SH3, IAC Obatã 4739 e IAC 125 RN, que estão sendo adotadas pelo setor de produção, têm produtividades que variam de 35% a 70% superiores às das cultivares Catuaí Vermelho e Amarelo, que até então representam cerca de 90% dos cafezais brasileiros. Esses novos materiais também têm característica de resistência/tolerância à ferrugem-da-folha — a principal doença do cafeeiro, causadora de perdas de até 50% na produtividade, segundo Júlio César Mistro, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A IAC Catuaí SH3, IAC Obatã 4739 e IAC 125 RN estão entrando no lugar de outros materiais já lançados pelo Instituto, como o IAC Mundo Novo e IAC Catuaí que, apesar de ocuparem quase a totalidade dos cafezais nacionais, são suscetíveis à ferrugem. De acordo com produtores, a despesa para controlar a ferrugem gira em torno de 8% do custo total da produção, por hectare.
Os experimentos foram realizados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. A cultivar IAC Catuaí SH3 produziu 39 sacas, por hectare, em Mococa, interior paulista, enquanto que o Catuaí Amarelo IAC 62 produziu 29 sacas, por hectare. “Isso representa um acréscimo de 34%”, diz o pesquisador. Em Franca, também no interior paulista, a produtividade foi 40% superior, atingindo 57 sacas, por hectare, contra 40 sacas do Catuaí Vermelho IAC 99. “Nessas mesmas condições, o Catuaí SH3 não apresentou nenhum sintoma do ataque de ferrugem e os Catuais foram severamente atacados”, relata o pesquisador.
A cultivar IAC 125 RN produziu 66 sacas, por hectare, em Patrocínio, Minas Gerais, e 60 sacas, por hectare, em Patos de Minas, outro município mineiro, onde o Catuaí Vermelho IAC 144 produziu 40 sacas, por hectare. Nos dois locais foi usada irrigação. “Em Mococa, a produtividade do IAC 125 RN teve um ganho de 60% na produtividade, com 59 sacas por hectare, enquanto o Catuaí Vermelho ficou em 36 sacas”, diz. Mistro.
A cultivar IAC Obatã 4739 superou o Catuaí Amarelo 62 em 40% — foram 83 sacas contra 59, por hectare, na cidade paulista de Gália. “Em Ribeirão Corrente, a produtividade foi 12% superior ao Catuaí Amarelo 62, foram 45 sacas, por hectare, versus 40 sacas; já em Franca superou em 35%, a variação foi de 50 sacas, por hectare, para 36 sacas”, diz o pesquisador. Na cidade mineira de Patrocínio, em condição irrigada, foi registrado o maior ganho na produtividade, batendo os 70% na variação de 55 sacas, por hectare, para 32.
A apresentação desses novos materiais foi feita em dias de campo e em visitas de produtores nessas fazendas onde estão plantadas as cultivares. Segundo o pesquisador, há previsão de expansão das áreas de cultivo. “Elas estão sendo muito bem aceitas, porém o manejo agronômico, incluindo adubação, espaçamento, poda e outros, deve ser diferenciado em relação às cultivares mais tradicionais, tais como Catuai e Mundo Novo”, afirma. As sementes estarão disponíveis em 2018.
A IAC Catuaí SH3 possui menor exigência hídrica. Com esse perfil, pode ser cultivada em regiões mais quentes ou onde tem havido veranicos mais frequentes nos últimos anos.
Devido à resistência à ferrugem, essas três cultivares podem ser adotadas por produtores de orgânicos, em Franca. Esse nicho de mercado proporciona o aumento na renda dos agricultores. “O valor da saca do café em plantio convencional é de R$ 440,00, enquanto que no sistema orgânico chega até R$ 1.500,00 a saca”.
Segundo o pesquisador, as cultivares possuem excelente vigor, o que acarreta boa produtividade. Elas têm também boa ramificação. Quanto à maturação, ela é tardia para o Obatã, média a tardia para o IAC Catuaí SH3 e precoce para o IAC 125 RN. “A maturação mais longa tende a beneficiar a qualidade da bebida”, explica Mistro.
As três cultivares têm porte baixo, característica valorizada por pequenos produtores e também por aqueles que têm lavouras mecanizadas. “Atualmente, há uma preferência dos produtores agrícolas por cultivares de porte baixo por facilitar a colheita”, diz.
As pesquisas do Instituto na área de café têm o intuito de desenvolver cultivares resistentes às pragas, ferrugens e nematoides, aliadas à excelência na qualidade física e química de grãos e bebidas. “Essas são novas opções geradas pela pesquisa paulista, que abrem possibilidades de agregação de valor à produção agrícola, como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, diz o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim.
Por Carla Gomes e Mônica Galdino – Assessoria de Imprensa – IAC
*Contribuição das fotos do Luiz Carlos Fazuoli