Segundo estudos, metade das emissões de gases de efeito estufa no país são provenientes do metano dos arrotos e gases do gado; ideia partiu do partido dos trabalhadores do país
A Nova Zelândia propôs nesta semana tributar os gases de efeito estufa produzidos naturalmente pelo gado ao arrotar, soltar pum e fazer xixi. A medida é parte de um plano para combater as mudanças climáticas e, segundo o governo, seria a primeira taxa agrícola do tipo no mundo.
A proposta foi criticada por opositores, agricultores e pecuaristas do país. Membros do partido conservador contrário ao partido trabalhista da primeira-ministra Jacinda Ardern alegam que o plano terá o efeito contrário: acabará com a agricultura na região, que será substituída por outros países menos eficientes na produção de alimentos e, portanto, mais poluidores.
A indústria agrícola é vital para a economia da Nova Zelândia. Os produtos lácteos, incluindo os produtos enviados para a China, são os maiores exportadores do país. Mas o fato também faz com que cerca da metade das emissões de gases de efeito estufa no país sejam provenientes do gado, em especial por conta do metano dos arrotos e gases do gado e óxido nitroso da urina.
O debate faz parte de uma avaliação global mais ampla sobre o impacto da agricultura no meio ambiente e as medidas que alguns dizem serem necessárias para a mitigação.
“Não há dúvida de que precisamos reduzir a quantidade de metano que estamos colocando na atmosfera e um sistema eficaz de precificação de emissões para a agricultura desempenhará um papel fundamental em como conseguiremos isso”, afirmou James Shaw, ministro de Mudanças Climáticas. A ideia é que a taxação comece a partir de 2025. Todavia, o projeto inclui subsídios financeiros aos produtores e estímulo para que sejam plantadas mais árvores nessas propriedades rurais para servirem como compensação pelo carbono emitido.
Na Holanda, agricultores despejaram fardos de feno nas estradas e dirigiram tratores ao longo de rodovias movimentadas para protestar contra as propostas do governo de reduzir as emissões de poluentes prejudiciais. Na Nova Zelândia, o governo prometeu reduzir as emissões de gases de efeito estufa e tornar o país neutro em carbono até 2050. Parte desse plano inclui a promessa de reduzir as emissões de metano de animais de fazenda em 10% até 2030 e em até 47% até 2050.
Denúncia da Federação dos produtores
O presidente do grupo de pecuaristas Federação Nacional dos Produtores, Andrew Hoggard, denunciou que esse programa “destruiria as pequenas cidades da Nova Zelândia”. Segundo Andrew, o plano do governo é um absurdo e reduzirá a criação de ovelhas e carne bovina na Nova Zelândia em 20% e a pecuária leiteira em 5%.
O plano reformulado do governo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas fazendas joga fora os dois anos e meio de trabalho que a indústria fez para encontrar uma solução, supostamente todo esse tempo em uma ‘parceria’ com o governo para alcançar uma solução viável que não reduzir a produção de alimentos.
“A Federação Nacional dos Produtores está profundamente impressionada com a apresentação da proposta e está preocupada com o futuro de nossos agricultores e pecuaristas” – se indigna Andrew e complementa – “Nós não nos preparamos para isso. É angustiante pensar que agora temos essa proposta do governo que arranca o coração do trabalho que fizemos. Das famílias que cultivam essa terra.”
“O plano do governo significa que as pequenas cidades, como Wairoa, Pahiatua, Taumaranui – praticamente toda a Costa Leste e o centro da Ilha Norte e uma boa parte do topo do Sul – serão cercadas por pinheiros mais rápido do que pensamos. Assim os comércios vão dizer adeus ao pequeno negócio da cidade apoiado pela agricultura ao seu redor.
Com informações da Associated Press
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