País pode se tornar o primeiro a taxar produtores com base nas emissões de gases do efeito estufa realizadas pelos animais.
A Nova Zelândia foi um dos países signatários no compromisso de reduzir a emissão de metano em 30% até 2030 na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26). Para atingir a meta, o país estuda taxar a emissão de gases dos bovinos e das ovelhas a partir de 2025, pois, devido ao sistema digestivo desses animais, que funciona por meio da fermentação entérica, eles são emissores naturais de metano, um dos gases do efeito estufa (GEE).
Se o projeto for aprovado e virar lei, a Nova Zelândia se tornará o primeiro país a aplicar as taxas aos produtores pela emissão de metano dos animais. O motivo dessa discussão pode ser entendido quando a geografia do país é analisada: com uma população pequena, aproximadamente 5 milhões de habitantes, a Nova Zelândia tem um rebanho mais numeroso do que a população.
Assim, estima-se que sejam 10 milhões de cabeças de gado e 25 milhões de ovelhas, desse modo, os animais são responsáveis por mais de 50% das emissões de GEE no país.
A proposta
A proposta de cobrança está sendo desenvolvida por uma força-tarefa formada por representantes do setor e membros do governo, e a ideia é que haja uma taxação por fazenda baseada na quantidade de toneladas de gases emitidos. O dinheiro que for pago será investido em pesquisas e desenvolvimentos de técnicas para diminuir as emissões dos gases.
Além disso, a proposta prevê incentivos e descontos para os produtores que reduzirem as emissões, seja por meio de dieta específica, que reduziria a emissão do metano, seja pelo plantio e sequestro de carbono das propriedades.
Emissões de gases do efeito estufa no Brasil
No Brasil, a agropecuária é a segunda maior fonte de poluição, ficando atrás apenas das queimadas e dos desmatamentos. Segundo o relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), que analisa a poluição no Brasil desde 1970, as atividades de mudança no uso da terra, os desmatamentos e a agropecuária respondem por 72% das emissões de carbono no País. Os dados são do relatório de 2019, quando 593 milhões de toneladas foram emitidas.
O segmento pecuário responde diretamente por 28% das emissões de gases estufa, em 2019 foram 366 milhões de toneladas de emissões de fermentação entérica. Em comparação, o setor de energia e o de transporte no Brasil foram responsáveis por apenas 19% das emissões de poluentes no mesmo período. Nas grandes cidades, como São Paulo, a emissão de poluentes por veículos é responsável por mais de 70% da poluição local.
Como reduzir as emissões de gases na agropecuária?
Existem maneiras de mitigar a taxa de emissão de poluentes na agropecuária brasileira. Um dos principais problemas, que acaba manchando a imagem do Brasil perante a comunidade internacional, é a retirada da cobertura vegetal original por meio das queimadas e do desmatamento.
Segundo o Observatório do Clima, essas atividades respondem por 44% das emissões poluentes brasileiras, enquanto a média internacional é de apenas 6,5%. A resposta para a diferença gritante está na Amazônia, que representa 67% das florestas tropicais do mundo.
Se feita de maneira correta e responsável, a agropecuária poderia reduzir as emissões de carbono por meio de técnicas como a integração lavoura-pecuária-floresta, em que as plantas reaproveitam o carbono emitido.
Além disso, os restos de plantas não exportadas podem ser reintegrados ao solo para aumentar o índice de carbono em vez de serem queimados e lançarem o carbono na atmosfera.
Outras técnicas como a fixação biológica de nitrogênio, o sistema de plantio direto, o tratamento de dejetos animais e a recuperação de solos de pastagens degradadas, podem tornar a agropecuária carbono neutro.
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O investimento em pesquisas e no desenvolvimento de ferramentas para a melhor nutrição e aproveitamento animal também podem reduzir as emissões e ajudar a equilibrar a balança.
Fonte: Capital Reset, Beef Point, PecSite, Summit Mobilidade Estadão, Summit Agro Estadão.