Nova técnica de IATF pode reduzir pegada de carbono em até 49%

IATF pode reduzir pegada de carbono em até 49%, impacto comparável à retirada de 853 mil veículos das ruas e à preservação de 192 mil hectares de vegetação nativa do Cerrado brasileiro, aponta estudo da USP

A aplicação dos protocolos de sincronização para Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), desenvolvidos pela GlobalGen vet science, representa uma redução na pegada de carbono estimada em 21,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, impacto comparável à retirada de 853 mil veículos das ruas e à preservação de 192 mil hectares de vegetação nativa do Cerrado brasileiro.

Os dados integram um estudo inédito que quantificou, nas condições de manejo típicas do Brasil, a pegada de carbono gerada na produção de carne e leite, comparando sistemas adeptos de IATF àqueles que ainda seguem modelos convencionais, baseados em monta natural.

A conclusão evidencia ser perfeitamente possível expandir a oferta de proteína animal sem a necessidade de abertura de novas áreas, com a simples adoção da biotecnologia reprodutiva, uma premissa global para garantir segurança alimentar com o menor impacto ambiental possível.

“O objetivo do estudo é demonstrar que a biotecnologia da IATF, além de economicamente importante, reduz potencialmente a pegada de carbono da pecuária, portanto, é uma prática sustentável. Considerando que temos cerca de 80 milhões de fêmeas bovinas em fase reprodutiva e apenas 20 milhões delas são submetidas à IATF, há um espaço gigantesco para ganhos econômicos e ambientais na atividade”, comenta Rodrigo Faleiros, diretor superintendente da UCBVET Saúde Animal.

A indústria centenária de medicamentos veterinários é controladora da GlobalGen vet science, em sociedade com a holding americana ReproGen, dos pesquisadores Richard Pursley e Milo Wiltbank, criadores do protocolo que permitiu a adoção da inseminação artificial por tempo fixo em escala mundial.

As emissões de GEE em ambos os cenários (com e sem IATF) foram convertidas em CO₂ equivalente e calculadas através de uma metodologia universal para avaliar a pegada de carbono associada a um determinado produto ou serviço. Entram nessa conta as etapas de manejo, uso de recursos naturais, energia, insumos, gerenciamento de resíduos, além das emissões diretas e indiretas.

“É preciso ressaltar que a pecuária responde por apenas 5% das emissões globais de GEE, com a grande maioria decorrente da queima de combustíveis fósseis. Mesmo representando uma fração modesta, contamos com uma série de tecnologias, como a própria IATF, que aumenta a produtividade de carne e leite por hectare de terra ocupada, sem a necessidade de novas áreas e com menor pegada de carbono associada”, afirma o Dr. Pietro Baruselli, professor titular da FMVZ/USP e coordenador do estudo.

Resultados impressionam

No segmento leiteiro, aproximadamente 20% dos 11,4 milhões de protocolos de IATF comercializados pela GlobaGen foram direcionados à atividade até outubro de 2024, totalizando quase 2,3 milhões de protocolos que foram utilizados para inseminar 595 mil vacas em lactação. 

A implementação desta tecnologia nos rebanhos promoveu incremento de 1,2 bilhão de litros de leite, quando comparada com o sistema tradicional de reprodução que utiliza a monta natural. A produtividade aumentou 36%, com redução projetada de 37% na pegada por litro de leite produzido.

Na pecuária de corte, quase 9,2 milhões de sincronizações para IATF resultaram no aumento de 1,5 bilhão de toneladas de carne, desempenho 27% superior à dos sistemas convencionais que utilizam a monta natural, representando uma mitigação potencial de 49% de carbono por quilo de carne produzido.

Embora a IATF não seja uma solução única para a mitigação das emissões de GEE do setor, sua implementação, especialmente quando associada a outras práticas sustentáveis, pode desempenhar um papel significativo na redução da pegada de carbono. Além dos benefícios ambientais, a técnica oferece vantagens econômicas e produtivas, tornando-se uma ferramenta valiosa para a pecuária moderna e sustentável.

O estudo tem coautoria de Laís Abreu, doutoranda em Reprodução Animal pela USP, e Vanessa Romário de Paula, analista de P&D da Embrapa Gado de Leite. Segundo a pesquisadora da Embrapa, “quantificar as emissões dos sistemas de produção pecuários é o que transforma uma iniciativa ou uma tecnologia em uma ação real em prol da redução das emissões”.

Os detalhes serão apresentados pela GlobalGen e pela equipe de pesquisadores durante um encontro técnico no dia 28 de abril, pela manhã, durante a 90ª ExpoZebu, em Uberaba (MG).

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