Mapa reclama de campanhas contra o agro nacional e quer agregar valor à produção para ampliar mercado fora do Brasil
Em busca da ambiciosa meta de alcançar 10% do mercado agrícola mundial até 2022, o governo brasileiro lançou uma novidade que pretende dar mais credibilidade aos produtos nacional no exterior. É a marca Brazil Agro – Good for Nature, do Ministério da Agricultura, que será impressa nas embalagens de alimentos produzidos no Brasil destinados à exportação junto com um código de leitura digital por meio de smartphones. Em qualquer lugar do mundo, o consumidor poderá acessar informações de como é produção aqui no país associada a valores como origem, qualidade, sustentabilidade e padrão internacional.
Essa marca foi lançada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante o Global Agribusiness Fórum 2018, no fim de julho. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, o secretário de Relações Internacionais da pasta, Odilson Ribeiro, explica como vai funcionar a novidade.
“Muitas vezes, o consumidor compra e não sabe de onde vem, como é produzido. Recentemente, na China, tivemos uma reunião com um grupo que tem 900 milhões de consumidores e eles pediram algo semelhante a essa marca. Ficaram muito interessados em utilizar esse tipo de informação para o consumidor chinês. Acho que vamos agregar muito valor qualidade e especificidade aos produtos brasileiros. Para que o que o consumidor internacional conheça mais do sistema de produção e a forma sustentável que o Brasil produz seus produtos”, afirmou.
O secretário destacou que a marca deve dar uma nova visibilidade ao agro brasileiro. A receptividade foi boa. Dez entidades, que representam 40% das exportações, já firmaram compromisso com o ministério para ter a marca. “ O primeiro e mais importante critério para ter a marca é que o produtor precisa estar associado a uma entidade representativa do agro, como Ibravin, para vinhos, Abiec e Abrafrigo para carnes, ABPA para carne de aves. O parceiro do Mapa é a entidade. Os produtos certificados pelo Mapa atendem aos critérios sanitários e de produção e, a princípio, atendem os critérios de sustentabilidade e sociais previstos na legislação e que podem ter essa marca”, concluiu.
Meta e oportunidades
As exportações do agro brasileiro crescem ano a ano, mas o Ministério da Agricultura quer mais. A meta é que até 2022 o Brasil detenha 10% do mercado agrícola internacional, que representaria US$ 40 bilhões a mais nas vendas externas por ano. Atualmente, o país é responsável por 6,9% dessas transações.
Para ampliar essas vendas, além de personalizar e agregar valor à produção nacional, como a marca Brazil Agro, é preciso focar em dois continentes: Ásia e Europa. O primeiro deles com objetivo de ampliar relações bilaterais e o segundo como grande trunfo num acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“A China ainda é o principal mercado que o Brasil precisa focar, um consumidor cada vez mais exigente. Depois, é o sudeste asiático, Tailândia, Vietnã, tem muito potencial ali. A classe média mundial vai crescer lá. Muito interesse por carne bovina, farinhas para ração animal e frutas. Já a Europa vai ser importante para culturas como café, cachaça e frutas”, observou.
Além de tudo isso, porém, o Brasil precisa vencer campanhas que tentam difamar a imagem da agropecuária nacional. “Existe uma campanha muito organizada contra o agro brasileiro porque tomamos espaço de outros mercados e com isso vão surgindo barreiras. Muitas ONGs, que às vezes recebem até recursos oficiais, estão falando mal de produtos brasileiros de forma irresponsável. Precisamos nos organizar para rebater essas inverdades que falam sobre a agricultura brasileira, muitas vezes são notícias falsas. Estamos organizando todo um sistema para atuar e valorizar os produtos brasileiros”.
A mensagem do secretário aos agricultores e pecuaristas, para que o Brasil amplie a participação no mercado e a atividade seja mais rentável, é clara: o produtor precisa agregar valor ao produto.
“Precisa mostrar a origem do produto, vincular produto com a origem. Mostrar que tem algo especial, o consumidor quer atributos especiais, por isso essa onde de gastronomia no mundo todo”.
Fonte: Canal Rural