Nova DEP será importante para produção de animais mochos, pois ajuda a identificar um touro que vai mochar uma grande parte ou toda a produção, e até os cruzamentos.
Na última quarta-feira, dia 5, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) apresentou os resultados preliminares de uma nova ferramenta para o mercado de genética, a DEP para o caráter Mocho. Os dados foram apresentados em reunião virtual, que contou com a participação de criadores e gerentes de fazendas associadas.
A pesquisa avaliou mais de 6 mil dados fenotípicos de animais mocho dos criatórios Nelore Mocho CV e Marca OB cadastrados na base de dados da ANCP, nas variedades mocho, mocho heterozigoto, calo ou batoque e padrão. Além disso, foram avaliados mais de 21 mil genótipos de animais mochos e aproximadamente 50 mil animais no pedigree.
De acordo com o diretor de Pesquisa e Inovação da ANCP, Fernando Baldi, os resultados foram muito expressivos, uma vez que a DEP alcançou previsibilidade do fenótipo com acurácia acima de 90%. “Os números são fantásticos e superaram nossas expectativas”, comemora.
O pesquisador explica que existem no mercado vários marcadores genéticos para ausência ou presença de chifres nas raças taurinas, mas que no caso dos zebuínos, algumas empresas até começaram a desenvolver esses marcadores, mas devido a sua aplicabilidade em nível comercial muito restringida, os trabalhos não avançaram.
“As poucas informações que existem sobre as raças zebuínas dão conta que os genes que influenciam a característica mocho são diferentes dos taurinos e que quando são incluídas as variantes batoque e calo (que não é mocho e nem chifre), os mecanismos de herança se tornam ainda mais complicados para se desenvolver um painel de marcadores, considerando essas variações fenotípicas”, ressalta.
Para Baldi, a criação da nova ferramenta atende a essa antiga demanda dos criadores. “Os trabalhos existentes e as pesquisas da ANCP comprovam que são vários os genes que afetam a presença de mochos. Por isso, decidimos criar essa DEP, que prevê qual o percentual que um animal, touro ou matriz, poderá produzir de filhos mochos, com utilidade para termos comparativos”, esclarece.
Entre os benefícios do caráter Mocho estão a preferência pessoal, o bem-estar animal, a segurança para os colaboradores, a qualidade do couro e da carne, com a diminuição dos cortes e hematomas e os programas de bonificação. Vale lembrar que, no caso dos animais da raça Angus, os programas dos frigoríficos só aceitam F1 mochos.
Para Ricardo Viacava, CEO da marca CV Nelore Mocho, a nova DEP é importante para produção de animais mochos, pois ajuda a identificar um touro que vai mochar uma grande parte ou toda a produção, e até os cruzamentos.
“A ferramenta facilita muito a tomada de decisão na hora de um acasalamento dirigido, por exemplo. Acho que vai ser uma revolução, pois irá valorizar ainda mais os animais mochos que possuem DEPs altas para essa característica”, comenta.
O criador lembra que, antigamente, para saber se o animal era realmente mochador homozigoto, era preciso ter um monte de filhos dele para poder avaliar. “Agora, já é possível ter a informação com bastante acurácia, com índice de acerto muito grande”, esclarece.
“Participamos do desenvolvimento dessa DEP junto com a ANCP desde o início. Neste ano, fizemos a análise com dados em mãos no curral e comprovamos um índice de acerto altíssimo, passando dos 90%, em animais que ainda não tinham avaliação fenotípica, apenas informação através da genômica”, destaca Ricardo.
Raysildo Lôbo, presidente da ANCP, ressalta que o lançamento da nova DEP é um momento de grande júbilo e também a solução para uma demanda antiga de muitos criadores. “Quando o programa de melhoramento genético da raça Nelore ainda estava nascendo, na Universidade de São Paulo (USP), o selecionador Carlos Viacava já falava da necessidade de se criar uma DEP para Mocho”, relembra.
Para o Professor Raysildo, a nova ferramenta se constitui um fato muito importante e significativo para a raça Nelore. A partir de agora, o Nelore Mocho poderá acelerar ainda mais seu ganho genético, sendo possível a utilização de uma maior quantidade de touros na seleção. “Com certeza, esse dia foi um divisor de águas”, destaca.
“Agradecemos nossa equipe técnica e a todos os criadores de mocho que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento da nova ferramenta, além de todos os que participaram da reunião de lançamento”, finaliza.
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