Nota Técnica nº 3 destaca relação solo-máquina-planta

A Nota aponta a necessidade de se construir um novo perfil de solo, reconstruir a física e a biologia das áreas produtivas a partir de uma avaliação apropriada e do entendimento dos processos.

“Um olhar sobre a relação solo-máquina-planta na recuperação dos solos afetados pela enchente” é o tema da Nota Técnica nº 3 da série solos, elaborada pelo Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em conjunto com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e a Emater-RS/Ascar. O texto faz uma reflexão sobre o fazer agropecuário no Rio Grande do Sul, após as enchentes de maio.

A Nota aponta a necessidade de se construir um novo perfil de solo, reconstruir a física e a biologia das áreas produtivas a partir de uma avaliação apropriada e do entendimento dos processos. Para isso, é necessário coletar amostras do solo que vão indicar qual o melhor caminho, realizar o enquadramento do solo quanto à classe de textura e condição de fertilidade e só então escolher a prática mecânica a ser aplicada, se necessário. “A partir desta caracterização é possível fazer um enquadramento e saber qual o grau de degradação física associado à degradação ou não da estrutura química destes ambientes e que intervenções mecânicas podem ser feitas na etapa seguinte”, aponta o professor Michael Mazurana, do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele, junto com os professores Getúlio Figueiredo e Lucas Gírio, finalizaram esta Nota.

Segundo o professor, a partir daí, em uma próxima etapa, é possível definir quais as intervenções que podem ser feitas, se através de uma mistura daquelas camadas de solo, buscando reconstruir esta condição de produtividade associada, ao mesmo tempo, com a introdução imediata de plantas de cobertura de solo. “Estas plantas de cobertura vão permitir que as raízes possam estabilizar aquela estrutura ainda frágil para dar condições, em uma etapa seguinte, que deve durar de seis meses a um ano, de estarem recebendo algum sistema de cultivo ou de produção agropecuária capaz de suportar as atividades agropecuária”, afirma Mazurana. E pensar, lembra o professor, que é necessário disciplinar aquela água da chuva que vem em excesso, que sobra, que não infiltra no solo, para que ela não acelere o processo erosivo durante este período de recomposição dessas áreas de produção.

Mas Mazurana alerta que não existe um modelo, uma forma específica, uma receita de bolo, aplicável de forma massiva em todas as propriedades rurais atingidas. “A gente precisa fazer uma leitura geral da paisagem para ver o que precisa ser feito”, alerta.

O chefe da Divisão de Centros de Pesquisa, Diagnóstico e Serviços do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/Seapi), Altamir Bertollo, destaca que as áreas afetadas pelas enchentes devem ser tratadas caso a caso. “Há situações de remoção da camada arável do solo e outras situações com deposição de sedimentos. Neste contexto, operações mecânicas são necessárias para adequar o ambiente para a implementação e condução de sistemas produtivos. Além disso, plantas de cobertura do solo é fator essencial neste processo de recuperação e manutenção da estrutura do solo”, afirma.

Texto: Maria Alice Lussani/Seapi

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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