Sucesso de público, Dia do Algodão da Abapa congregou a cadeia da fibra; evento foi realizado na Fazenda Panorama, do Grupo SLC Agrícola, no município de Correntina
A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) realizou, no dia 15 de julho, o Dia do Algodão. Em torno de 1,3 mil pessoas participaram do evento – que é considerado o maior da cotonicultura do Nordeste e Matopiba –, dentre cotonicultores, fornecedores, especialistas e autoridades, como o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, o presidente da Apex/Brasil, Jorge Viana, o presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Paulo Câmara, o prefeito do município de Correntina, Nilson Rodrigues (Maguila), o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, o presidente da Associação Mato- grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Eraí Maggi, além de diversos deputados e vereadores.
A primeira edição do Dia do Algodão da Abapa aconteceu em 2019, e, a partir daí, o evento precisou ser suspenso, por conta das restrições sanitárias impostas pela pandemia. Nesta segunda edição, o Dia do Algodão contou com 20 expositores, além de quatro estações temáticas e um auditório com palestras especiais para público convidado.
Realizado na Fazenda Panorama, do Grupo SLC Agrícola, no município de Correntina (BA), o Dia do Algodão expandiu as discussões, trazendo assuntos como mercado, sustentabilidade, qualidade, rastreabilidade, agricultura no futuro e moda. O Dia do Algodão abordou, ainda, o importante aumento da produção para a safra do próximo ano e serviu de pano de fundo para com a assinatura do termo de compromisso para a renovação do convênio com a Apex/Brasil, para investimentos no Programa Cotton Brazil. Resultado da parceria entre a Abrapa, a Apex/Brasil e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), o Cotton Brazil é uma iniciativa de promoção do algodão brasileiro no mercado externo.
“Gostaria de agradecer a todos os que se envolveram para o sucesso deste grande evento, e pela presença maciça do público, em especial, dos produtores. O que vemos na cotonicultura baiana, que encanta a todos que aqui chegam, é resultado da união, sobretudo, entre as instituições. São muitos parceiros, mas ressalto, dentre eles, a Aiba, a Fundação Bahia, a Abrapa, as universidades, os sindicatos, o Sistema S, a iniciativa privada e os indispensáveis fundos, que financiam as ações estruturantes de desenvolvimento, o Fundeagro, o Prodeagro e o IBA. Todos aqui representados, no Dia do Algodão”, disse o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, enaltecendo ainda a cortesia da SLC, por franquear a fazenda Panorama para a realização do dia de campo.
De acordo com Bergamaschi, o formato do evento congrega toda a cadeia produtiva do algodão e celebra tudo o que esta cultura proporcionou de inovação, tecnologia e organização, potencializando e servindo de exemplo para as outras cadeias. “O Dia do Algodão é uma excelente oportunidade de pensarmos a nossa atividade, corrigir os eventuais equívocos e aprimorar o que está certo”, afirmou. “Espero que o evento deixe em cada um uma marca: laços fortes, resultados de fibra”, concluiu Luiz Carlos Bergamaschi.
Em seu discurso, o governador Jerônimo Rodrigues disse: “Quero saudar todos os diretores, time e associados da Abapa, agradecendo a responsabilidade, a competência e a coragem de vocês em consolidar uma marca forte para o algodão do Brasil, e, em especial, do Estado da Bahia. Nos orgulha muito chegar em uma área para a qual, no passado, ninguém olhava e era discriminada. E falo me dirigindo a todos aqueles que vieram fazer uma ocupação produtiva no estado da Bahia, a partir do Oeste. A história do Oeste tem uma linha estreita com cada um de vocês, que vieram de outros estados, do Sul do Brasil, e aqui foram acolhidos”, disse. Ele completou propondo a criação de uma data alusiva à fibra, no calendário oficial do estado. “Estamos celebrando o evento Dia do Algodão e eu acredito que vale muito a pena a criação de ‘Dia do Algodão’ (no calendário), para demarcar essa história”, concluiu.
O prefeito de Correntina, município sede do Dia do Algodão, Nilson Rodrigues, afirmou: “Venho trazer meu agradecimento e reconhecimento pelo grande papel que homens e mulheres do Oeste da Bahia desenvolvem aqui em nosso município. Podemos ver que a tecnologia é avançada, é a melhor do Brasil ou até mesmo do mundo. Mas isso, essa pujança, não cai do céu. Precisa ter determinação e coragem, vontade de vencer e de fazer as coisas acontecerem, como vocês fizeram.”
A empresa anfitriã, a SLC Agrícola, foi representada no evento por seu diretor de operações, Leonardo Celini, que, na ocasião, destacou o papel do agro brasileiro, a participação da companhia agrícola neste, e a importância do Dia do Algodão. “É uma grande oportunidade um dia como o de hoje, para a gente enriquecer, cada vez mais, o nosso agronegócio brasileiro. Somos uma empresa brasileira que representa uma grande produção agrícola de grãos e fibras no mundo e leva para frente o Brasil da melhor forma possível, cada vez mais, acreditando no nosso país e na agricultura, porque ela fomenta esse negócio.”, pontuou.
Para a vice-presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, o objetivo do Dia do Algodão foi explorar temas pouco discutidos na cotonicultura brasileira. “Nas estações temáticas, tratamos de assuntos como a sustentabilidade e seu impacto no mercado internacional, a qualidade de pluma, de como ela é importante e está sendo vista no mercado. Abordamos também a tecnologia e como ela vem sendo utilizada, e apresentamos um pouco do trabalho que a Abapa tem realizado no Oeste da Bahia”, disse.
Além das quatro estações temáticas, foi montado um auditório para a realização de três palestras especiais para o público convidado, que trataram de assuntos de interesse para a cultura da fibra. O ex-deputado federal Christino Áureo, do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), foi relator do projeto que criou o Fundo de Investimentos nas Cadeias Agroindustriais (Fiagro).
Ele abriu a programação do auditório do Dia do Algodão, explicando, em sua palestra, como os agricultores podem se beneficiar desta ferramenta e ter acesso a ela.
“Pela primeira vez, podemos ter o produtor rural e suas associações como protagonistas. Ao invés do crédito vir de fora para dentro, é possível criar Fiagros a partir de uma região, com suas características próprias, podendo ter um do Oeste da Bahia, por exemplo”, disse.
Já o tema moda responsável foi abordado por Fabíola Silvério, gerente de Conformidade de Fornecedores e Gestão do Instituto Lojas Renner S/A, que ressaltou a meta de a empresa de ter o algodão 100% certificado. De acordo com Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa, que também proferiu palestra sobre o tema, a Renner é uma das empresas parceiras da entidade no programa Sou ABR.
“Estruturamos uma plataforma em blockchain (tecnologia de dados) e convidamos parceiros para darem transparência à sua cadeia de fornecedores. Hoje, temos cinco marcas que estão conosco no Sou ABR, rastreando as fazendas produtoras da fibra até chegar à peça final. Começamos com a Reserva e a Renner e temos coleções lançadas pela Almagrino e C&A. São 43 fazendas e 122 mil peças, que a gente comemora e celebra”, explicou Silmara, no painel O algodão e a moda responsável, no qual apresentou o case do SouABR.
Desafio ainda maior: futura produção 3,4 milhão de toneladas de pluma
O mercado de algodão foi abordado por três convidados especiais: Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit); André Pessoa, presidente da empresa Agroconsult; e Miguel Faus, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).
“Vamos ter um ano muito bom em qualidade, rendimento, produtividade e um crescimento espetacular das exportações, talvez com novo recorde, acima de 2,4 milhões de toneladas. É ótimo e temos que comemorar. Mas é pouco, porque o ano que vem o desafio é ainda maior”, ressaltou Pessoa.
Segundo as projeções do especialista, a expectativa é plantar mais de 1,8 milhão de hectares de algodão e produzir acima de 3,4 milhão de toneladas de pluma. “Vamos precisar exportar mais de 3 milhões de toneladas de pluma para o mercado internacional”.
O presidente da Anea afirmou que cerca de 60% da safra deste ano já está comercializada. “O desafio agora será vender 1 milhão adicional que se apresenta nos próximos meses”, disse Faus.
Para o presidente da Abit, maior cliente da cotonicultura brasileira, a projeção também é de crescimento. “A nossa meta é sair das 700 mil toneladas e ir para 1 milhão de toneladas para reduzir o esforço exportador que vai ter que ser feito para vender seu excedente, agregando valor aqui dentro, porque isso é fundamental: mais imposto, mais emprego, mais trabalho e essa indústria se conecta integralmente com a economia criativa, que emprega milhares e milhares de pessoas em todos os lugares do país”.
O vice-presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), ex-presidente da Abrapa e da Abapa, Júlio Busato, que assistiu ao painel, destacou o potencial brasileiro. “Nós temos agilidade e criatividade. Com certeza, seremos os maiores exportadores mundiais de algodão e, num futuro mais distante, os maiores produtores do mundo. O algodão gera quatro vezes mais riqueza que a soja e emprega cinco vezes mais pessoas com emprego de qualidade”, ponderou Busato.
Cotton Brazil
O Dia do Algodão marcou também a assinatura do termo de compromisso para a renovação de convênio entre a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Apex/Brasil. O montante será investido nas iniciativas do programa Cotton Brazil, para a promoção internacional da imagem e algodão do Brasil.
“Nessa nova etapa, além da manutenção de todas as ações executadas até agora, traremos importantes inovações para o escopo do projeto, com foco na sustentabilidade, desenvolvimento regional, equidade de gênero, capacitação de pequenos produtores e iniciaremos um novo e ousado plano de comunicação, que inclui a aproximação com as grandes marcas globais, apresentando os pilares de qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade do algodão brasileiro. Para mantermos nossa meta de sermos o maior exportador de algodão até 2030”, afirmou Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.
O governador Jerônimo Rodrigues, que assinou o termo como testemunha, ressaltou que o desafio é colocar o Brasil em uma posição de destaque no mercado internacional de algodão. “Vocês estão orgulhando o Oeste, orgulhando o setor, a Bahia e o Brasil. Temos uma grande agenda de articulação de fortalecimento desse setor”, disse.
Para o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, o trabalho que está sendo desenvolvido pela Abrapa e Abapa está sendo muito satisfatório. “O que vocês estão fazendo funciona, com e sem governo. Funciona com o trabalho dos produtores. Mas funciona muito melhor quando o governo se escala para ajudar, para estar do lado de vocês. Estou junto com vocês, contem com a Apex para os novos desafios”. Concluiu.
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