De olho na sustentabilidade, a Nestlé Brasil busca descarbonizar sua produção e se tornar net zero até 2050, com metas intermediárias de redução de 20% até 2025 e de 50% para 2030.
Há um esforço focado na cadeia do leite focado neste ponto, que já acontece há cerca de 15 anos, mas agora ganha reforços com um projeto piloto em fazendas, em parceria com consultoria estratégica de sustentabilidade e mudança do clima WayCarbon e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Com o programa Boas Práticas nas Fazendas, iniciado há 15 anos, auxiliamos 1.500 produtores parceiros sobre como ter um leite de alta qualidade e segurança alimentar. Agora, evoluímos para um modelo de pecuária de baixo carbono que está sendo testado nas primeiras fazendas em busca do NetZero até 2025, para depois ser ampliado para todos os parceiros”, diz Bárbara Sollero, gerente de qualidade da Nestlé.
Foi após considerar que em 2018, cerca de 30% das emissões de CO2 pela empresa no Brasil aconteceram por meio da cadeia de produção da matéria-prima do leite, que o projeto teve início. A partir disto, foi realizado o Estudo de Pegada de Carbono, uma adaptação da NBR ISO 14.044 focado na avaliação de impacto climático em um ciclo de vida.
Para a Nestlé, a análise da WayCarbon foi feita com base da Coll Farm Tool que considera o cálculo do Berço ao Portão da Fazenda, compreendendo as emissões referentes ao pré-ciclo, envolvendo insumos, eletricidade e combustível necessários, até a produção leiteira.
Foram coletados dados sobre as realidades de 20 fazendas do grupo de diferentes arquétipos e sistema de produção – do sistema 100% à pasto ao modelo de confinamento – localizadas nas bacias leiteiras do Brasil durante o ano de 2020, distribuídas nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás.
“O setor é visto como muito emissor e problemático, mas grande parte da solução está nele. O detalhamento dos arquétipos e o teste nas fazendas permite errar e aprender rápido ao analisar 10 práticas e processos de forma a beneficiar toda a cadeia brasileira”, diz Henrique Pereira, diretor da WayCarbon.
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Os executivos lembram ainda, que a cadeia envolve desde a produção do alimento para o animal até o manejo de dejetos. “Foi verificado também que o arquétipo compost barn, de boa gestão da nutrição e dos dejetos sólidos, com produção intensiva e alta produtividade de leite, possui a menor pegada de carbono dentre os arquétipos analisados”, afirma Henrique.
Além disso, para intensificar agora o trabalho com as oito fazendas, o mapeamento da Nestlé com a WayCarbon e Embrapa começou em fevereiro de 2021. “Começamos com a tropicalização da Coll Farm Tool considerando as realidades brasileiras. Depois desenhamos uma jornada com 20 fazendas, e entendemos que oito seria uma quantidade adequada para ter proximidade nesta fase”, diz Barbara.
Atualmente, há um contrato para que a Nestlé forneça suporte e as fazendas cumpram o proposto, existindo também um sistema de premiação financeiro que vai do ouro ao bronze conforme os resultados e envolvimento dos produtores.
Dentre as recomendações, estão ações que impactam diretamente em pontos relevantes para as fazendas, como a separação de dejetos sólidos, os sistemas de digestão anaeróbica e captura de metano, a otimização da utilização de esterco, a compostagem dos dejetos e substituição de fertilizantes, o planejamento de fertilização de cultivo e pastagem, a utilização de inibidores de nitrificação, a introdução de substitutos e suplementos na dieta do animal, o plantio direto e cultura de cobertura, o sistema silvipastoril, a implantação de cercas vivas e a restauração de matas ripárias.
“Acreditamos no potencial de transformação da cadeia, entendemos o valor que o produtor tem dado para inovação – também considerando adaptações e mudanças climáticas. Por isto, temos divulgado práticas em nosso canal no Youtube, hoje com 1.400 inscritos, número próximo do que temos de fazendas parceira, que totalizam 1.500. A Nestlé Brasil compra 1,2 bilhões de litros de leite por ano e entende a força de projetos de valor compartilhado”, afirma Bárbara.
Fonte: Exame