O filé de peito de frango e o peito com osso subiram em torno de 30% nesse período, enquanto cortes como asa, coxa e sobrecoxa subiram, em média, 13%
Na esteira dos aumentos desencadeados pela guerra entre Ucrânia e Rússia, a carne de frango é mais um produto a ter o preço impactado. Com as exportações em alta devido à baixa na oferta da ave proveniente dos dois países em guerra, o preço do frango congelado negociado no atacado nacional subiu 10% só nos primeiros 15 dias de março, em relação ao acumulado de fevereiro, passando de R$ 5,99 para R$ 6,59. O estudo é do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Departamento de Economia), ligado à Universidade de São Paulo (USP).
Mas, no mercado final da ave, do açougue para o consumidor, o aumento chega em patamares ainda mais elevados. Responsável pela compra de carnes de um supermercado do bairro Prado, na região Oeste de Belo Horizonte, Ubirajara Alves relata que o filé de peito de frango e o peito com osso subiram em torno de 30% nesse período, enquanto cortes como asa, coxa e sobrecoxa subiram, em média, 13%. “Não tem condição de repassar tudo para o cliente. A gente vai repassando aos poucos para não espantar”, diz.
Ele conta que, por ser um comércio de bairro, teme que o repasse dos aumentos afugente o cliente, muitos deles já fidelizados. “Quando um lugar pega fama de caro, é muito difícil tirar essa imagem”, diz.
Ainda assim, clientes do local já perceberam o peso no bolso. Até o mês passado, a enfermeira Helaine Barbosa afirma que comprava o quilo do filé de peito de frango por R$ 17,90. Nesta terça-feira (15), ela encontrou o corte, no mesmo supermercado, por R$ 21,40, alta de 19,5%. Mesmo com o aumento, Helaine diz que mantém o consumo do filé de frango pelo menos três vezes por semana. “Não tem como substituir porque o aumento é geral”, conta.
De acordo com Juliana Ferraz, analista do mercado de frango do Cepea, mais uma vez, a queda de oferta de insumos causada pela guerra entre Ucrânia e Rússia está por trás do encarecimento da carne da ave. “Até então o mercado estava praticamente estável, mas nessa última semana notamos constância de alta”, afirma a analista.
Segundo ela, o principal fator para isso é aumento do custo de produção, pois o preço do da saca de milho ultrapassou a barreira de US$ 100, e o valor da tonelada de soja também está crescente. Esses insumos, diz, são os principais componentes ligados à ração para criação de galinhas. “O produtor precisa fazer o repasse para indústria da carne, caso contrário, fica inviável. Ele vai trabalhar no negativo”, relata.
Juliana destaca que a crescente demanda pela exportação da ave também tem contribuído para os aumentos. “A Ucrânia é uma grande exportadora de frango, mas, em meio aos entraves logísticos causados pela guerra, grandes players mundiais começam a demandar outros parceiros, como o Brasil”, diz.
Fonte: Hoje em Dia