Pesquisadores desenvolveram uma raça capaz de produzir até três arrobas a mais, cruzamento de animais da raça Belgian Blue e Nelore permitiram a criação do Nelore Myo.
Após mais de uma década de estudos, pesquisadores desenvolveram uma raça capaz de produzir até 3 arrobas a mais, comparada as demais raças, e isso se deve ao melhor rendimento de carcaça (RC), chegando à 60%. O estudo foi desenvolvido em conjunto por pesquisadores da FMVA/UNESP Araçatuba, médico veterinário Rodrigo Alonso, UFRJ, professor Amílcar Tanuri, e Departamento de Reprodução Animal da USP. Nelore Myo ganha destaque na pecuária de corte brasileira!
“Na pecuária de corte brasileira, o Nelore predomina. O nosso objetivo foi realizar cruzamentos guiados por testes de DNA entre as raças Nelore e Belgian Blue para criar uma linhagem com todas as vantagens da raça Nelore como rusticidade, adaptabilidade e fertilidade. Porém, que tivesse a variante no gene da miostatina, que faz o gado ser mais musculoso, com melhor desempenho em ganho de peso e rendimento de carcaça maior que o nelore tradicional”, explica o médico veterinário, doutor em reprodução animal, Rodrigo Alonso, à frente do projeto desde 2004.
Amílcar Tanuri, professor da UFRJ relata que através desse cruzamento de animais da raça Belgian Blue e Nelore (ilustração abaixo), eles conseguiram chegar a um animal com maior rendimento de carcaça, e com maior maciez na carne.
O professor também relata que este pode ser um meio mais sustentável de produzir carne, já que se consegue colocar mais carne por animal em uma menor área, ou seja, a produção aumentaria sem precisar aumentar áreas de pastagem.
A complementariedade entre as raças é que faz o produto final ser interessante para o Brasil, já que traz a musculosidade do Belgian Blue, raça que tem como característica a mutação no gene da miostatina, fazendo com que não ocorra a inibição do crescimento muscular, e o já o conhecido Nelore, o qual traz a adaptabilidade, rusticidade e habilidade materna, o que suporta produzir carne em climas tropicais como o Brasil.
Quando esse gene está alterado, ele permite que o tecido continue crescendo. Por isso, o número de células no músculo aumenta e, consequentemente, se alcança melhores RC. “Passamos de 53% a 55% para 60%, em termos de aproveitamento. No primeiro abate técnico, houve um ganho de três arrobas. Pela cotação atual do boi gordo, isso dá um ganho extra de R$ 365 por animal. O Nelore Myo parece mais pesado, mas ele tem mais massa magra, muscular. Por isso, tem mais carne com o mesmo peso”, afirma Alonso, coordenador científico do projeto.
O que podemos esperar é uma crescente procura por animais fruto desse cruzamento, pois a proposta em que os pesquisadores sustentam está fundamentada em pesquisas com formato científico com aplicação prática viável.
O que temos ainda que nos atentar é com relação ao acabamento de carcaça, já que animais da raça Belgian Blue são tardios e precisam de um pouco mais de tempo para começarem a depositar gordura, além de apresentar alta incidência de partos distócicos.
Entretanto o médico veterinário Rodrigo Alonso relata que já foi feito um abate técnico de 4 machos heterozigotos, inteiros, cria e recria em pasto, com 104 dias de confinamento, abatidos com 25-29 meses de idade, com peso vivo de 19,3@ e com 58,9% de rendimento de carcaça e nenhum animal foi penalizado por falta de acabamento.
Já o lote no vídeo abaixo, recentemente publicado pela Nelore Myo, os animais tiveram o seguinte protocolo: recria a pasto com suplementação de 1% do PV. E 57 dias de TIP, com 2% do PV.
Já matou alguma boiada com média acima de 59% de Rendimento de Carcaça?
E o parto, tem problemas?
Sobre a preocupação com a incidência de partos com distocia, Alonso tranquiliza ao mencionar que os pesquisadores estão avaliando a fertilidade, facilidade de parto e peso ao nascimento dos bezerros Nelore Myo à mais de 4 gerações. Os animais heterozigotos, que vão ser produzidos à campo, nascem com média de 37kg, 5kg acima do Nelore padrão, e até o momento não houve relatos de problemas no momento do parto.
- Fundos agrícolas já podem ser indicados à calculadora da Receita
- Reforma tributária isenta cesta básica de impostos
- População empregada no agronegócio cresce 2% no 3º tri de 2024
- Produtor rural vai emitir nota por meio digital a partir deste ano
- Fazenda mais cara à venda é avaliada em R$ 15 bilhões; veja a lista
Alonso ainda complementa que os pesquisadores já estão com um rebanho de cerca de 500 animais Myo Nelore de diferentes idades e graus de pureza de Nelore, todos com mutação, sendo que 50 bezerros da 5º geração são 100% Nelore com mutação, e ainda contam com 20 mil doses de sêmen disponíveis para produtores interessados no projeto Nelore Myo.
Desta forma, logo teremos a confirmação prática comercial se esta nova raça será economicamente viável para os produtores.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.